Embrapa abre mercado internacional para fruteiras
O alimento que é paixão nacional, consumido diariamente pelos brasileiros, chega para ampliar oportunidades na cadeia produtiva do arroz agulhinha.
As quatro variedades desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, expostas na Agrishow 2010 destacam-se por terem alta produtividade e exigirem menor utilização de defensivos agrícolas, além do elevando rendimento de grãos inteiros na indústria — o que valoriza o produto na comercialização. Os materiais ainda facilitam a colheita, devido à arquitetura moderna. Somado, esse pacote tecnológico deve engordar os rendimentos dos rizicultores. A expectativa é que essas opções geradas pelo IAC, Instituto da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, estimulem o cultivo da gramínea em São Paulo – Estado que é o maior consumidor desse integrante da dupla mais presente na mesa nacional – o bom e velho arroz com feijão. O cultivo em lavouras paulistas beneficiaria, sobretudo, a logística do agronegócio do arroz, com a possível redução de custos da etapa industrial e, em tese, o preço para o consumidor final. Duas das variedades são novidades, e estão em fase de registro, a IAC 2005 e a IAC 1829. As outras duas expostas na Feira — IAC 201 e IAC 202 — já são conhecidas e cultivadas pelos produtores em todo o Brasil e até mesmo em outros países, como a Bolívia. A Feira acontece de 26 a 30 de abril, em Ribeirão Preto.
Em experimentos no Estado de São Paulo, as variedades IAC 1829 e IAC 2005 apresentaram produtividade de 6.686 e 6.408 kg, por hectare, respectivamente, em condições irrigadas. “Mesmo entre as variedades com irrigação, a produtividade da IAC 1829 e 2005 são superiores, já que a média é de 6 mil quilos por hectare”, diz Regitano. A explicação para essa característica tão benéfica para o produtor é a capacidade que essas plantas têm de responder à adubação nitrogenada, feita na fase de crescimento das plantas, estimulando a produtividade. ”A IAC 202 foi bem, com produção crescente até a aplicação de 100 kg de nitrogênio por hectare”, diz José Guilherme de Freitas, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
A IAC 1829 têm bom nível de resistência à brusone e a IAC 2005 tem resistência moderada à principal doença da rizicultura. Segundo Regitano, esse nível de resistência pode diminuir, já que o fungo consegue, com o passar do tempo, encontrar linhagens mais suscetíveis. “Daí a necessidade de se investir no melhoramento genético das variedades, possibilitando que o produtor tenha opções para alternar as variedades de arroz de sua propriedade”, afirma.
De porte intermediário a baixo e folhas eretas, a IAC 1829 e IAC 2005 têm a colheita feita de maneira mais fácil, já que permite que os cachos de arroz não acamem, melhorando muito a capacidade das máquinas. “Essa arquitetura permite também que a semeadura seja feita em linhas mais próximas, possibilitando que mais sementes sejam plantadas no mesmo espaço e que o solo fique menos exposto ao sol, baixando a incidência de plantas daninhas”, avalia. Essa característica é relevante para o resultado final da lavoura porque plantas invasoras competem em água e nutrientes com a cultura. Além disso, com menor infestação, reduz-se, consequentemente, a necessidade de uso de defensivos agrícolas.
As vantagens não param por ai. A IAC 2005 é uma opção para os agricultores que tiveram que atrasar o plantio do arroz, devido à falta de chuvas, por exemplo. Isso porque o ciclo da variedade é curto – 110 a 120 dias. “Isso faz com que a fase de enchimento de grãos ocorra antes da chegada das baixas temperaturas do inverno”, explica Regitano.
São Paulo é o Estado onde mais se consome arroz. Porém, muito do que se consome aqui, vem de outras regiões, como Rio Grande do Sul. “A alternativa para que essa situação comece a mudar, é incentivar o cultivo de arroz em terras altas, já que é a característica da maioria das terras paulistas disponíveis”, ressalta o pesquisador. Ele acredita que pela dimensão do mercado consumidor, com uma boa capacidade industrial instalada e oferecendo sempre ótimas variedades, o arroz se torna uma cultura com boas perspectivas para os produtores. “O melhorista tem que estar atento ao que o produtor precisa. As variedades IAC são ótimas opções para os agricultores paulistas que queiram investir no arroz, já que o seu lucro é quase certo”, afirma Regitano.
Arroz paulista na Bolívia
As outras duas variedades IAC que também podem ser vistas pelo público da Agrishow — a IAC 201 e IAC 202 — já são conhecidas pelos agricultores há mais de dez anos. Mesmo não sendo novidade, os materiais têm características extremamente atrativas para a indústria: produtividade elevada, boa quantidade de grãos inteiros, translúcidos e pontiagudos. Essas qualidades levaram as variedades IAC a ultrapassar barreiras e chegar à Bolívia, onde são cultivadas em parceria com o IAC, desde 2005.
O potencial produtivo das variedades com irrigação chega a 6.356 kg por hectare, com a IAC 202, e a 4.963, com a IAC 201. A qualidade industrial — relacionada ao rendimento de grãos inteiros no beneficiamento — alcança um rendimento de 62% e 58%, respectivamente, nessas variedades. “Ressalta-se que a qualidade industrial reflete na comercialização do produto e no ganho do rizicultor, já que o preço da saca pode sofrer um deságio em função da qualidade do arroz”, destaca o pesquisador do IAC. Ele explica que os grãos inteiros garantem o bom aspecto visual do produto, indispensável para a ampla aceitação no mercado. “Para que os grãos tenham essa boa produtividade industrial é preciso que sejam translúcidos, um sinal de que a planta não sofreu estresse hídrico, ou seja, não faltou água durante sua produção”, diz Regitano.
As quatro variedades IAC expostas na Agrishow foram desenvolvidas para plantio em terras altas. Esse perfil beneficia regiões como o Estado de São Paulo. Isso porque, apesar de apresentar menor potencial de produção que o arroz inundado, o cultivo em terras altas pode ser feito na maioria das regiões paulistas, diferentemente do outro modo de plantio, que precisa ser cultivado em áreas de várzea, localizadas principalmente no Vale do Paraíba e Vale do Ribeiro. “Essas regiões já estão ocupadas e as áreas que ainda restam em outros locais estão sob proteção ambiental”, lembra Amadeu Regitano.
Outra novidade em grãos
Híbrido de milho pipoca tem produtividade superior e maior capacidade de estouro
O IAC levará também expor ao público do Agrishow dois novos híbridos de milho pipoca, o IAC HT 05 e o IAC HT 06. Esses dois materiais apresentaram produtividade média 22% superior ao do mais recente híbrido, o IAC 125. Nos ensaios de 2008/09, o híbrido IAC HT 05 apresentou produtividade média de 4.914 kg/ha e capacidade de expansão da pipoca de 45,3 ml/g — o IAC 125 apresenta 43,9 ml/g. A cada dez gramas esse híbrido tem 70 grãos. O IAC 125 tem 66. Esse resultado é exatamente o que norteia as pesquisas agrícolas em melhoramento genético: o objetivo é que os novos materiais sejam sempre superiores aos já desenvolvidos.
O IAC HT 05 tem altura média da planta de 2,24 m e ciclo até 65 dias. “Em comparação ao IAC 125, além de mais produtivo, o IAC HT 05 tem porte um pouco mais alto, é mais tardio, com grãos menores e com a capacidade de expansão um pouco maior”, resume Eduardo Sawazaki, pesquisador do IAC. Segundo ele, o novo híbrido apresenta maior tolerância às doenças foliares que o IAC 125 e produtividade de sementes que pode chegar a 3 ton/ha. Esse híbrido está sendo desenvolvido em parceria com a empresa de sementes FTR, do grupo Videiras. De acordo com Sawazaki, a empresa produziu um campo piloto em 2009/10 e está avaliando esse material no plantio de safrinha no Mato Grosso.
Híbrido de milho pipoca experimental IAC HT 06
Outro novo híbrido é o IAC HT 06 – este tem maior capacidade de expansão da pipoca: 46,8 ml/g. Nos ensaios de 2008/09, apresentou produtividade média de 4.669 kg/ha – 15% superior ao IAC 125 e maior qualidade da pipoca, tendo o mesmo tamanho de grãos. Em cada 10 gramas rende 66 grãos de cor laranja forte, tem altura média da planta de 2,17m e ciclo até florescimento de 65 dias. Apresenta a mesma produtividade de sementes que o IAC HT 05. Segundo Sawazaki, esse híbrido está sendo desenvolvido em parceria com a empresa Produtora Comercial Nascente, que está avaliando esse material em plantio de safrinha no Estado do Paraná.
Novas batatas IAC são adequadas para produção industrial de chips e uso culinário
Os visitantes da Agrishow poderão ver e obter informações sobre as variedades de batata IAC. Dentre as expostas estão dois novos materiais que ainda serão lançados — a IAC Ibituaçu e o Clone IAC 2.5. De polpa creme, a IAC Ibituaçu tem excelente qualidade culinária para processamento industrial e produção de rodelas fritas, as conhecidas Chips. Na cozinha do brasileiro ela serve bem para fazer salada, purê e as tradicionais fritas. Para os agricultores, os atrativos estão no alto potencial produtivo, mesmo em ambientes de alta umidade e temperaturas amenas. Tem alta resistência à requeima, à pinta preta e ao vírus do enrolamento da folha, além de tolerância às principais viroses regulamentadas. A IAC Ibituaçu tem bom potencial para plantio tanto no sistema de produção convencional, como no orgânico.
Outro novo material que estará na Agrishow antes mesmo do lançamento pelo Instituto Agronômico é o Clone IAC 2.5, que tem potencial produtivo muito alto e alta resistência à requeima e pinta preta. É também tolerante às principais viroses regulamentadas. De polpa creme, tem aptidão culinária para fazer purê, saladas e fritas.
IAC expõe produtos já adotados por produtores brasileiros
Durante a Agrishow 2010 o público poderá ver e conhecer tecnologias IAC já adotadas por produtores brasileiros de diversos segmentos do agronegócio. Nesta edição da Feira, além das novidades em arroz, o IAC traz parte de seus resultados científicos na área de bioenergia em cana-de-açúcar, pinhão-manso, mamona, milho, mandioca para mesa e indústria, batata, seringueira e crotalária júncea. Há também variedades de frutas como castanha portuguesa, goiaba, uva, acerola e o novo abacaxi – o IAC Fantástico. Na área de mecanização, o IAC expõe ensaios de máquinas e implementos, mostrando o trabalho com pulverizadores, treinamento de trabalhadores rurais e o programa de qualidade de vestimentas de proteção para risco químico.
Novo milho híbrido IAC – mais produtivo e menor custo
Um outro destaque do Instituto Agronômico exposto na Agrishow 2010 é o milho híbrido IAC 8390 — competitivo aos melhores materiais disponíveis no mercado, com a grande vantagem de ser muito produtivo e com custo inferior de sementes. Segundo o pesquisador responsável, Eduardo Sawazaki, esse milho irá beneficiar tanto a produção de silagem como a de grãos. Para a alimentação animal, o IAC 8390 tem um destaque especial — alta qualidade de silagem e elevada produtividade de massa. O tipo de grão semiduro de cor laranja tem boa aceitação pela indústria alimentícia e de ração animal. “Por ter maior digestibilidade, o animal apresenta melhor conversão em produção de leite e carne”, explica o pesquisador do IAC. Esse resultado IAC deverá contribuir bastante com a pecuária brasileira. “No mercado de silagem, esse material é quase imbatível”, avalia.
A expectativa, de acordo com Sawazaki, é que esse híbrido alcance Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais para a produção de grãos na safrinha, plantado em sucessão à soja. O IAC 8390, de grãos duros e em cor alaranjado intenso, se somará às tecnologias paulistas que rompem fronteiras e levam melhoria no desempenho agrícola para outros estados. O IAC 8390 tem como características, grãos semiduros de cor laranja forte, porte alto, sendo em relação ao IAC 8333, mais tardio no florescimento e na maturação dos grãos, mais produtivo e com maior tolerância às principais doenças foliares do milho, e tem planta com melhor arquitetura, com folhas mais eretas. Nos ensaios regionais de 2008/09, o IAC 8390 teve a media geral no Estado de 7.517 kg/ha, sendo 6,2 % superior ao IAC 8333 na produção de grãos. Na safrinha, esse híbrido tem uma melhor adaptação, sendo 12,7 % superior ao IAC 8333. “Aliando baixo custo da semente e alta produtividade de matéria seca digestível, é um dos melhores híbridos indicados para silagem no mercado nacional”, avalia o pesquisador.
Milho híbrido IAC 8333
O IAC 8333 é um híbrido obtido do cruzamento de duas variedades sintéticas muito uniformes e divergentes, tendo como características, grãos semi dentados, porte médio, ciclo precoce no florescimento e na maturação, com boa adaptação e tolerância as principais doenças foliares do milho, baixo custo das sementes em relação aos híbridos existentes no comércio. È um híbrido superior às variedades e competitivo aos híbridos duplos, sendo uma boa opção aos pequenos e médios produtores, que se utilizam de sementes desses tipos de cultivares. Com a redução do preço da semente, a expectativa é viabilizar economia ao produtor, para que possa realizar outros investimentos e aumentar sua renda. Esses resultados poderão contribuir também para a fixação do agricultor no campo.
O IAC 8333 é cultivar moderno e bem adaptado para a mecanização, em razão do porte baixo, característica que dá maior resistência à planta, e apreciada no mercado, podendo ser usada para produtores de média a alta tecnologia.
Esse híbrido tem melhor adaptação na região Centro do Estado, onde a produtividade nos ensaios regionais de 2008/09 foi igual a do IAC 8390, sendo na média do Estado 6,2% menos produtivo É também um excelente material para produção de silagem, aliando baixo custo da semente e alta produção de matéria orgânica digestível.
Híbrido de milho pipoca IAC – 125 - o híbrido nacional de pipoca mais plantado no Brasil
O IAC 125 é um híbrido topcross, obtido do cruzamento de um híbrido simples com uma variedade sintética americana, tendo como características principais, grãos tipo pérola, cor laranja forte, porte médio e ciclo superprecoce no florescimento e maturação dos grãos, alta capacidade de expansão da pipoca e alta rendimento na produção de sementes, viabilizando sua produção comercial em parceria com empresas privadas.
O IAC 125 é atualmente o híbrido nacional de pipoca mais plantado no Brasil, apresentou nos ensaios de 2008/09, produtividade de 4.026 kg/ha, capacidade de expansão de 43,9 ml/g, com grãos de tamanho médio (66 grãos em 10 gramas).
Adaptado às principais regiões produtoras de milho pipoca da região Centro do Brasil, o IAC 125 tem boa adaptação e resistência às principais doenças foliares do milho, alta sanidade dos grãos, com excelente aceitação no mercado nacional.
O IAC está produzindo em 2009/10 semente em cooperação com as empresas FTR e Nascente, que instalaram cerca de 85 ha de campos para produção de semente desse híbrido, cuja média de produção de sementes tem variado de 2 a 3 toneladas/há.
Amendoins com maior teor de óleo
Variedades de amendoim IAC expostas na Agrishow 2010
Amendoins com maior durabilidade e melhor qualidade nutricional. Somadas a essas características desejadas pela indústria e pontos de venda e também pelo consumidor, está o ótimo desempenho agronômico no campo. Esse é o perfil das mais recentes variedades de amendoim desenvolvidas pelo IAC que estarão expostas na Agrishow, em Ribeirão Preto, de 26 a 30 de abril de 2010.
O maior destaque das variedades IAC 503 e IAC 505 está no alto teor de ácido oléico — entre 70% a 80% — enquanto os materiais tradicionais têm 40% a 50%. Esse ácido garante maior durabilidade ao produto, sem perda de suas qualidades. Os ácidos graxos que compõem o óleo sofrem um processo de oxidação, gerando gradativa deterioração do produto, como aquele característico sabor de ranço. A maior proporção de ácido oléico confere maior resistência a essa oxidação, fazendo com que o produto dure mais tempo. Esse atributo é fundamental para o mercado brasileiro, pois apesar de o amendoim ser uma oleaginosa, o produto é mais utilizado pela indústria de confeitaria, com rígidos critérios de qualidade para atender ao exigente mercado de doces e confeitos. “Com essas novas variedades, os derivados do amendoim, como doces e óleos, terão prolongada a sua vida de prateleira”, afirma Ignácio Godoy, pesquisador do IAC.
De acordo com o pesquisador, esse ácido graxo tem grande relevância para a cadeia produtiva como um todo. “Essa característica representa um salto de qualidade para a indústria e tende a tornar o amendoim mais atraente, sobretudo no mercado externo”, diz Godoy. As sementes desse material já estão sendo multiplicadas por produtores em parceria com o IAC e deverão chegar ao mercado consumidor em 2011.
Granulometria é outro destaque
Os novos materiais são superiores também na quantidade de grãos de maior tamanho, obtidos após o descascamento e a retirada das impurezas. O IAC 503 apresenta cerca de 30% a mais de grãos grandes que o Runner IAC 886. A granulometria da IAC 505 também é superior aos materiais já conhecidos. Grãos de maior tamanho são mais valorizados no mercado de confeitaria.
Desempenho agronômico
IAC 503 e IAC 505 são classificadas como do grupo “runner”, com hábito de crescimento rasteiro e ciclo ao redor de 130 dias. Em relação às doenças foliares, ambas classificam-se como moderadamente suscetíveis à mancha preta e ferrugem, principais doenças do amendoim, cujo controle representa cerca de 30% do custo de produção. A variedade Runner IAC 886, o de maior expressão comercial atualmente, é considerada suscetível a essas doenças.
Segundo Ignácio Godoy, os primeiros testes de campo que vêm sendo realizados desde 2005/2006, mostram que as duas variedades possuem alto potencial produtivo quando comparadas às variedades Runner IAC 886 e IAC Caiapó, já conhecidas. Em anos em que as doenças foliares são facilmente controladas, os novos materiais chegam a produzir 6.000 Kg/ha, ou seja, no mesmo patamar da variedade Runner IAC 886, considerada de alto desempenho. Em anos em que o controle das doenças é menos eficiente devido ao clima, IAC 503 e IAC 505 se sobressaem às tradicionais variedades, o que representa uma maior segurança para o produtor.
São Paulo produz 70% do amendoim nacional
As tecnologias IAC dominam os campos paulistas de amendoim, que respondem por 70% da produção nacional da oleaginosa, com cerca de 100 mil hectares. O IAC é referência em pesquisas com amendoim, principalmente na área de melhoramento genético e desenvolvimento de variedades. Cerca de 70% da área plantada com amendoim no Brasil utiliza materiais IAC.
Para identificar as necessidades do setor produtivo e orientar as pesquisas nesse sentido, o programa de melhoramento do IAC vem trabalhando em parceria com um grupo de onze empresas da cadeia de amendoim, desde 2003. “Desde então, seis novas variedades de amendoim foram registradas e têm sementes sendo multiplicadas pelos parceiros do projeto e pelo próprio IAC”, diz Godoy.
IAC pesquisa pinhão-manso para produção de biodiesel
Energia limpa, renovável, que polui menos o meio ambiente e que gera emprego e renda no campo. Essas são algumas das vantagens do biocombustível, fonte de energia que visa diminuir ou até mesmo substituir o uso de derivados do petróleo. Muito se tem pesquisado para encontrar plantas que reúnam todas as características necessárias para esse mercado em ascensão. O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que tem se dedicado a desenvolver tecnologias voltadas para a agroenergia, pesquisa agora a cultura de pinhão-manso, a promissora planta que pode render 1,3 mil a 3,2 mil quilos de óleo por hectare.
Por ser pouco conhecido, o pinhão-manso é um grande desafio para os pesquisadores, já que é uma planta tóxica, que não tem ainda uma variedade melhorada, apresenta frutos com maturidade desuniforme, falta um método adequado para a colheita e até mesmo a sua quantidade de óleo é uma estimativa, pois não existem plantações de porte comercial com idade de produção plena. Segundo a pesquisadora do IAC, Lília Sichmann Heiffig-del Aguila, a pesquisa do IAC segue duas vertentes: uma voltada à obtenção de um cultivar e à geração de tecnologia e ao manejo desta cultura. E a outra, direcionada ao desenvolvimento de variedade de menor porte, atóxica e com frutos de maturação uniforme, através do melhoramento genético. “O produtor brasileiro já está plantando (o pinhão-manso) sem sequer saber como, o que pode acarretar frustrações”, pondera Sichmann.
O pinhão-manso pode ser cultivado em qualquer tipo de solo e se adapta tanto em clima seco, quanto em clima úmido, podendo ser produzido do sudeste ao nordeste do País. “É considerada uma planta bastante resistente à seca. Mas, apesar disso, tem seu nível de produtividade bastante afetado pela distribuição irregular de chuvas ou pela ação prolongada de ventos na época do florescimento”, explica Lília.
Outra vantagem da planta é que não compete com a produção de alimentos, já que nos dois primeiros anos, a planta pode conviver entre fileiras de culturas alimentícias de ciclo anual, visando à redução dos custos de implantação do pinhão-manso e servindo como outra fonte de remuneração ao produtor, até que a sua produção se estabilize. Suas flores também atraem abelhas, podendo ser intercalado com a cultura do girassol, apresentando elevado potencial de produção de mel. Todas essas vantagens são de grande importância para o produtor, pois o pinhão-manso é uma planta perene, que inicia sua produção aos seis meses e estende-se até os 40 anos.
Os cuidados no cultivo não diferem das outras culturas, mesmo sendo uma planta rústica. Para atingir seu potencial máximo de produção é necessário que se mantenha o manejo habitual das demais culturas comerciais, como calagem e adubação do solo e controle de plantas daninhas, que concorrem por água, luz e nutrientes, além de abrigar pragas e transmissores de doenças. De acordo com a pesquisadora do IAC, estão sendo identificadas e quantificadas as principais pragas e doenças da cultura visando o controle, principalmente, de saúvas, formigas “rapa-rapa”, ácaro-branco, ácaro vermelho, tripés, cupins, oídios e, principalmente, a cochonilha e os pulgões, que podem destruir as inflorescências.
Ásia concentra produção mundial
Dos 900 mil hectares de áreas plantadas do pinhão-manso, 85% concentram-se na Ásia, segundo o GEXSI (The Global Exchange for Social Investiment). Ainda segundo o estudo, a estimativa é que a cada ano – durante os próximos cinco a sete anos – existam, aproximadamente, de 1,5 a 2 milhões de hectares plantados de pinhão-manso, mostrando assim, grande otimismo por parte dos produtores, mesmo com todas as questões ainda existentes.
Além do pinhão-manso, o IAC também tem pesquisas com mamona, amendoim, soja, girassol e mandioca para a produção de biodiesel. Na Agrishow deste ano, o IAC vai expor informações sobre a cultura do pinhão-manso, a pesquisa do Instituto e os avanços obtidos. O objetivo é informar produtores e investidores para que, no futuro, o pinhão-manso possa contribuir de fato para a matriz energética nacional.
Variedades de cana IAC têm produtividade 17% maior com 120 toneladas/hectare
Nos últimos quatro anos o IAC lançou oito novas variedades de cana-de-açúcar que atendem diferentes condições edafoclimáticas do Centro-Sul do Brasil, região responsável por aproximadamente 85% da cana brasileira. A safra canavieira abrange os períodos de outono, inverno e primavera e essas novas variedades são aptas a atender conjuntamente todos estes períodos. Algumas delas têm um perfil mais rústico atendendo inclusive a região originalmente ocupada pelo cerrado. São elas: IACSP91-1099, IACSP93-3046, IACSP94-2094 e IACSP95-5000. Trata-se de um grupo de variedades de alto potencial biológico e que atende perfeitamente o perfil da canavicultura moderna que exige variedades habilitadas para o plantio e corte mecânico.
De acordo com o pesquisador Marcos Guimarães de Andrade Landell, essas variedades, lançadas em 2007, asseguram o ganho de produtividade de 1,5% ao ano, índice que o segmento vem conquistando há mais de três décadas. Segundo o pesquisador, é possível obter aumentos de 10% a 30%, se os produtores souberem explorar bem o perfil desses materiais, associando-os ao ambiente de produção adequado.
Destaques
Dentre essas variedades, a IAC91-1099 e a IACSP95-5000 são as que mais se destacam pela elevada produtividade e concentração de sacarose. Comparadas aos materiais bastante cultivados comercialmente, a produtividade da IACSP95-5000 foi superior em 17,7% e a da IAC91-1099 em 11%. Esses valores correspondem uma variação na produção de 120 a 90 toneladas/hectare e de 140 a 95 toneladas/hectare, respectivamente.
Ainda relacionada a essas características, a IAC91-1099 garante uma boa produtividade mesmo em cortes avançados, com produção superior em 20% a dos materiais que apresentam esse mesmo perfil. “Os ensaios que validaram essa variedade foram conduzidos até o quarto corte, em diversos ambientes de produção. Nessa condição, para o quarto corte ela apresentou dados médios de 94 toneladas/hectare”, informa o pesquisador do IAC, Mauro Alexandre Xavier. Segundo ele, outro aspecto que também chama a atenção da IAC91-1099 é o seu caráter rústico-estável, o que possibilita seu cultivo em ambientes médios a desfavoráveis.
Em relação ao nível de maturação, os novos frutos do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar do IAC atendem a diferentes demandas, ao atingirem o nível de sacarose ideal para o corte em diferentes períodos. A IAC91-1099 e IACSP95-5000 apresentam boa capacidade de acumular sacarose ao longo da safra, tornando-se uma boa opção para corte entre o inverno e a primavera – o que corresponde ao período entre julho e novembro. Já a IACSP95-3028 e a IACSP93-2060 chamam a atenção pela precocidade de maturação, o que beneficia a colheita durante o período de menor volume de produção. “Para a IACSP95-3028, colhida em início de safra – um momento bastante crítico para o acúmulo de sacarose – o teor percentual desse açúcar pode ser 7,5% superior ao das variedades ainda cultivadas e utilizadas em início de safra”, pontua Xavier. O pesquisador explica ainda que, enquanto IACSP95-3028 atende à necessidade de antecipação da colheita para final de março e início de abril, a IACSP93-2060 destina-se entre a quarta e a sexta quinzenas da safra. Essa característica permite que os produtores planejem melhor e possam adiar ou antecipar o início do corte. A variedade IACSP 95-5094 tem alta produtividade agroindustrial e elevado teor de sacarose. Resistente à escaldadura e ao carvão, é sendo sensível à ferrugem. Apresenta ótimo fechamento entre as entrelinhas e boa brotação de soqueira. Adequada para colheita de junho a setembro. Para a colheita nos meses de maio a agosto, a recomendação é a IACSP 96-3060, que é resistente à ferrugem, escaldadura, ao carvão e ao mosaico. Apresenta alta produtividade agroindustrial e teor de sacarose elevado. A variedade tem um ótimo fechamento entre as entrelinhas.
Redução nos impactos ambientais
Diante das preocupações com a sustentabilidade agroambiental, as variedades têm perfil para atender a esses anseios: dos quatro materiais, a IAC91-1099 e a IACSP95-500 foram desenvolvidas para a colheita mecânica crua, por possuírem porte muito ereto, e a IACSP93-2060 também apresenta boa adaptação a essa condição de colheita – prática que dispensa a queimada da cana-de-açúcar, bastante utilizada na colheita manual. “Essa característica é muito importante frente à realidade da colheita mecanizada”, explica Landell.
De acordo com Xavier, as variedades sem características agronômicas que possibilitem a adoção dos processos mecanizados, provavelmente, serão substituídas em um curto espaço de tempo. “Esse desafio é condição essencial para se liberar uma variedade atualmente, e essa demanda foi levantada pelo próprio setor”, justifica.
De maneira geral, todos os programas têm procurado se adaptar a esse perfil. Entretanto, o Programa Cana IAC, por submeter os ensaios à colheita mecânica crua, desde as primeiras etapas do seu trabalho, impõe uma seleção de material bastante rigorosa, conferindo aos clones selecionados adaptação às necessidades atuais de mecanização de todo o processo de produção agrícola.
Variedades IAC expostas são destinadas a reforçar período de maior volume de produção de cana
Também expostas na Agrishow, as variedades de cana — IACSP93-3046, IACSP94-2094, IACSP94-2101 e IACSP94-4004 — têm perfil de maturação para o meio e fim de safra, atendendo às condições edafoclimáticas do Centro-Sul do Brasil. De acordo com o pesquisador do IAC, Marcos Landell, nessa principal região produtora do Brasil, a safra é dividida em três estações: outono (abril-junho), inverno (julho-setembro) e primavera (outubro-novembro). Nesses períodos, o volume de cana produzido é de 25%, 45% e 30% respectivamente. “Percebe-se a grande importância das safras de inverno e primavera, que reúnem 75% do total de volume de matéria-prima”, destaca Landell. Daí a relevância dessas variedades adequadas à colheita nos meses de maior volume de produção.
O pesquisador explica que, ao longo do ciclo vegetativo e de maturação, as variedades de cana-de-açúcar são expostas às mais diversas condições ambientais, incluindo clima, solo e água. Esse contexto determina as variações na expressão do potencial produtivo e tecnológico das variedades utilizadas.
Outro reflexo do clima refere-se à maturação (teor de sacarose) da cana que aumenta à medida que se intensifica o período de seca. Se o avanço tecnológico objetiva facilitar o desenvolvimento da cultura, é evidente a necessidade de desenvolvimento de novas variedades com diferentes perfis de maturação, capacidade de brotação e estabelecimento de suas soqueiras, nos períodos de menor quantidade de água, que ocorre de julho a setembro. As pesquisas não só propiciam esses benefícios, mas também acrescentam às novas variedades outras características importantes, como período de utilização industrial mais longo e ampla estabilidade de comportamento em diferentes ambientes de produção. Com esse conjunto de características, as variedades, lançadas em 2005, atendem a uma demanda mais ampla não se limitando apenas às variedades de alta produtividade agrícola.
O sucesso do setor sucroalcooleiro brasileiro, assim como outros segmentos de destaque no cenário nacional, foi consolidado sobre a base tecnológica e científica do Estado de São Paulo. Não por acaso, os campos paulistas são os maiores produtores de cana-de-açúcar do país. “O sucesso da expansão em São Paulo e no Brasil inevitavelmente depende do suporte tecnológico dos institutos de pesquisa do Estado de São Paulo e da capacidade de gestão empresarial do setor”, afirma Landell.
Mandioca IAC para mesa e indústria
As variedades de mandioca desenvolvidas pelo Instituto Agronômico sempre chamam a atenção do público presente na Agrishow. Os agricultores sempre querem conversar com pesquisadores para esclarecer sobre o comportamento da cultura. Neste ano estarão expostos seis materiais para a indústria e cinco para a mesa. No primeiro grupo estão as variedades IAC 12, IAC 13, IAC 14, IAC 15, IAC Caapora e o Clone IAC 118. De polpa branca, a IAC 12 destaca-se pelo alto potencial produtivo, resistência elevada à bacteriose e ainda pode ser cultivada em solos arenosos e de baixa fertilidade. A IAC 13 e IAC 14 têm características semelhantes à IAC 12, diferindo-se por terem a película escura, mas também de polpa branca. Já a IAC 15, IAC Caapora e o Clone IAC 118 formam outro grupo com perfil similar, incluindo a alta produtividade, a adaptação a solos arenoargilosos e de fertilidade baixa a média, além da película clara e polpa branca.
As variedades IAC de mesa expostas na Agrishow são: IAC 576-70, IAC Jaçanã, IAC Mantiqueira, IAC 14 18 e IAC 06 01. Dentre os vários atributos, elas agradam aos agricultores pela produtividade alta e adaptação a solos de baixa fertilidade e conquistam os consumidores por apresentaram polpa amarela após o cozimento e por ficarem macias depois de prontas. Além desses aspectos apreciados por quem procura a raiz, a IAC 576-70 tem alto teor de betacaroteno.
Variedades de batata IAC - bom cozimento e altíssimo teor de betacaroteno
As variedades já conhecidas do público – a IAC Aracy Ruiva e IAC Itararé – também estarão expostas na Feira. O forte da IAC Aracy Ruiva é o processamento para elaboração de fritas francesas, conhecidas como palitos. Mas também pode ser usada em salada, purê e fritas. Com bom potencial produtivo tem baixos custos de produção, com alta resistência à requeima, à pinta preta e ao vírus do enrolamento da folha.
Já a IAC Itararé é ideal para produção no sistema orgânico, com produção bastante econômica, com baixa exigência a fertilizantes e potencial produtivo alto, com alta resistência à requeima, à pinta preta e ao vírus do enrolamento da folha. É destinada ao consumo de mesa, especialmente para a produção de purê.
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