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O levantamento anual da incidência de greening (huanglongbing/HLB) feito pelo Fundecitrus indica que 20,87% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste de Minas Gerais possuem sintomas da doença, considerada a mais destrutiva da citricultura mundial, o que corresponde a cerca de 41 milhões de árvores. O índice é 9,7% maior do que o de 2019, estimado em 19,02%.
O gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, mostra preocupação em relação à tendência de crescimento da doença, mas destaca a presença de regiões onde a incidência segue baixa e locais onde a doença diminuiu ou se estabilizou.
“Por um lado, os dados acendem um sinal de alerta para a necessidade da redução da incidência de greening no parque citrícola. Assim, a recomendação é que os citricultores intensifiquem o manejo interno, com rigor no controle do inseto vetor e na eliminação de plantas doentes, e também o manejo externo, que consiste na substituição de plantas de citros sem controle e de murtas ao redor das fazendas comerciais, em locais como pomares abandonados, quintais e calçadas, por outras espécies de frutíferas e ornamentais, que não são atrativas ao psilídeo”, enfatiza. “Por outro lado, existem boas notícias: além das regiões limítrofes do cinturão citrícola seguirem com baixa incidência, o manejo externo, quando associado ao manejo interno rigoroso, é efetivo e influenciou a redução e estabilização da doença em áreas consideradas críticas, como Matão, região onde a doença surgiu no país, e Duartina”, avalia.
Desde 2018, o Fundecitrus tem investido no suporte aos citricultores para o aprimoramento do manejo integrado das propriedades e adoção das ações de manejo externo, viabilizando a criação de grupos de trabalho conjunto, com transferência de conhecimento e novas tecnologias para um controle mais eficiente e sustentável.
O greening foi identificado no Brasil em 2004 e, desde então, avanços na pesquisa têm conseguido manter a competitividade do cinturão citrícola de SP e MG, a maior região produtora de laranja para suco do mundo. Apesar do aumento da incidência média de greening pelo terceiro ano consecutivo, o índice permanece bem abaixo dos mais de 90% estimados na Flórida (EUA). O estado norte-americano, que já foi um dos principais produtores de laranja, colheu, este ano, sua segunda menor safra desde a chegada da doença, em 2005.
As regiões com maiores incidências continuam sendo Brotas (60,46%), Limeira (53,18%), Porto Ferreira (33,67%) e Duartina (30,81%). Em uma faixa intermediária estão as regiões de Avaré (16,77%), Altinópolis (15,73%) e Matão (14,47%). Bebedouro (8,92%), São José do Rio Preto (3,5%), Votuporanga (0,08%), Triângulo Mineiro (0,08%) e Itapetininga (1,63%) são as regiões com menor incidência.
Em Matão, Duartina, São José do Rio Preto, Votuporanga, Triângulo Mineiro e Itapetininga a doença diminuiu ou se estabilizou, isto é, a incidência permaneceu dentro do verificado nos últimos cinco anos. Em Brotas, Limeira, Porto Ferreira, Avaré, Altinópolis e Bebedouro houve aumento da incidência.
Os extremos do cinturão citrícola (Triângulo Mineiro, Votuporanga e Itapetininga) possuem, historicamente, as menores incidências de greening, e o clima tem influência decisiva nesse cenário: tanto as altas temperaturas e o déficit hídrico observados nos setores Norte e Noroeste quanto as temperaturas mais baixas do Sudoeste são menos favoráveis ao desenvolvimento do psilídeo e da bactéria que causa a doença. Nas regiões mais centrais, o clima é mais favorável a ambos praticamente durante o ano todo.
Apesar de apresentarem condições climáticas favoráveis para o desenvolvimento do greening, a incidência da doença diminuiu pelo terceiro ano consecutivo em Matão (-16,3% em relação a 2019) e se estabilizou em Duartina (-5%), embora ainda seja considerada alta. Essas regiões apresentaram as mais elevadas taxas de participação nas ações de manejo externo feitas em parceria com o Fundecitrus, 77,4% e 51,9% da área comercial de citros, respectivamente. São José do Rio Preto, que mantém baixa incidência, tem 43% da área comercial de citros da região participando das ações externas.
Pomares mais velhos e propriedades menores possuem maiores incidências
Considerando a idade dos pomares, a maior incidência de greening foi observada naqueles com mais de 10 anos (28,59%), seguida pelos pomares de 6 a 10 anos (20,35%), de 3 a 5 anos (11,36%) e de 0 a 2 anos (1,69%), o que indica que há um bom rigor no manejo da doença nos pomares jovens, com controle do psilídeo e eliminação de plantas doente, e menor rigor na eliminação de plantas doentes nos pomares adultos.
“A manutenção de plantas adultas doentes nos pomares dificulta a diminuição da doença nos próximos anos e, possivelmente, resultará em um aumento na severidade dos sintomas, com agravamento da taxa de queda prematura de frutas, redução da produção e da qualidade do fruto e em maiores riscos na implantação de novos pomares”, adverte o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.
Quanto menor a propriedade, maior é a incidência de plantas com sintomas de greening. Nas propriedades com até 10 mil plantas (até 21 hectares), a incidência é de 44,07%, e nas fazendas entre 10,1 mil a 100 mil plantas (21,1 a 210 ha), a incidência é de 30,83%.
Isso ocorre pelo chamado “efeito de borda”: as propriedades menores possuem a maior parte de suas árvores localizadas nos talhões de borda, ou seja, nos primeiros 100 metros a partir das divisas, local onde a maioria dos psilídeos vindos de fora se instala e, consequentemente, que possui maior incidência (23,42%) do que os talhões do interior dos pomares (12,81%).
No entanto, as incidências nas propriedades maiores aumentaram em relação a 2019 e estão em 18,93% nas fazendas de 100,1 mil a 200 mil plantas (210,1 a 420 hectares) (+17,1%); e 12,89% nas propriedades com mais de 200 mil plantas (superior a 420 ha) (+26%).
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