Importação de fertilizantes cresce 10,9% em 2024
Boletim da Conab mostra que alta nos preços de commodities e tensão no Oriente Médio foram fatores para elevação
A Análise do Especialista Grão Direto desta semana, divulgada hoje, indica o avanço do plantio da safra de soja 2024/25 no Brasil e a valorização das cotações da soja brasileira no mercado. Além disso, aponta para a competitividade no mercado global do milho e para a volatilidade nas cotações para os grãos a partir dos resultados das eleições norte-americanas, que devem ser decididas a partir da semana que vem. Confira:
Como o mercado se comportou?
Plantio brasileiro
A presença regular das chuvas em grande maioria das regiões brasileiras, o que impulsionou de forma significativa o plantio da safra 2024/25. De acordo com a Conab, o plantio já alcançou cerca de 18% da área total projetada, mas ainda está atrasada em relação ao ano passado.
Demanda aquecida
De acordo com o USDA, os EUA venderam cerca de 2,1 milhões de toneladas da safra 2024/25. O principal destino foi a China, que comprou cerca de 1,3 milhões de toneladas, seguida pelo México com 208 mil toneladas.
Em Chicago, o contrato de soja para janeiro de 2025 encerrou a U$9.98/bushel (+1,53%). O contrato para março/2025 também seguiu a mesma tendência, com 1,20% de alta, atingindo os U$10,09/bushel. Com isso, consequentemente, as cotações da soja brasileira fecharam a semana com valorização.
O que esperar do mercado?
Plantio brasileiro
A semeadura seguirá avançando no Brasil, especialmente com a chegada de chuvas regulares em várias regiões. No entanto, a porção norte do Centro-Oeste não deve receber chuvas de grande intensidade, enquanto no Centro-Sul, as chuvas continuarão mais intensas e regulares, favorecendo o progresso e o estabelecimento inicial das lavouras.
Eleições norte-americanas
No próximo fim de semana, os americanos irão às urnas para eleger o próximo presidente. Segundo as pesquisas, a disputa entre Democratas e Republicanos promete ser extremamente acirrada, possivelmente a mais disputada da história. Se os Democratas vencerem, partido de Donald Trump, o dólar pode se fortalecer devido à postura protecionista do presidente. Além disso, a guerra comercial com a China pode ressurgir, influenciando as negociações entre os dois países.
Guerra comercial e o Brasil
Uma nova guerra comercial com a China pode impactar os prêmios no mercado brasileiro de soja, mas provavelmente sem a intensidade vista em 2018. Hoje, o Brasil ocupa uma posição dominante no mercado global e é um dos principais fornecedores da China. Por outro lado, as cotações em Chicago podem sofrer forte pressão negativa, pois a bolsa reflete principalmente a realidade dos EUA. Nesse cenário, o produtor brasileiro pode encontrar boas oportunidades diante da volatilidade que deve influenciar as cotações.
Colheita norte-americana
Seguiu avançando de forma satisfatória, alcançando, de acordo com o USDA, 81% da projeção total. Esse número está 14% acima da média dos últimos 5 anos, e 9% acima do ano passado.
A colheita da soja deve continuar avançando de forma significativa nos EUA, podendo superar os 90% e chegar bem próximo da conclusão nas próximas semanas. A maior pressão da colheita nas cotações de Chicago já passou, mas o volume colhido deve continuar suprindo a necessidade de países importadores, principalmente da China. Apesar das incertezas em relação ao mercado após as eleições, o país asiático vem aproveitando esses últimos dias para completar sua demanda.
Análise gráfica
A soja cotada em Chicago se firmou acima dos US$9.80/bushel (contrato janeiro/25), fechando a semana cotada a U$9.97/bushel, com uma alta de 1,50%. Chegou a superar a região dos 10 dólares mas sofreu pressão vendedora ao atingir os US$10.18/bushel. Pontos de atenção para a semana (considerando o contrato Jan/25):
Em caso de baixas, US$9.90, US$9.80 e US$9.75 são regiões que o preço pode ter dificuldade para romper antes de realizar um teste das mínimas (US$9.55).
Considerando um cenário de alta, o rompimento da região dos US$10.10 pode possibilitar testes da região dos US$10.30 e ativar um sentimento de alta a longo prazo. Já os preços da soja brasileira, vão depender de um direcionamento mais concreto do dólar e dos prêmios. O câmbio fechou a semana anterior demonstrando indecisão, onde variou positiva e negativamente no decorrer da semana e acabou encerrando o pregão de sexta-feira próximo ao valor de abertura do início da semana.
Como o mercado se comportou na última semana?
Exportações norte-americanas
As exportações de milho aumentaram 62%, em relação à semana anterior, superando 3,6 milhões de toneladas. O México tem sido o principal destino do cereal, com 1,7 milhões de toneladas.
Plantio milho verão
De acordo com a Conab, o plantio alcançou 32,3% da área projetada para a safra 2024/25. O número está em linha com o mesmo período do ano passado, que estava com 33%. O Paraná encontra-se perto da conclusão, com 90% da área projetada.
Exportações brasileiras
De acordo com a Secex, o volume exportado em outubro alcançou 3,9 milhões de toneladas. Esse número representa 46% do mesmo período do ano passado. Isso acontece, principalmente, por ter origens mais competitivas no mercado.
O milho encerrou a semana cotado a U$4,16 o bushel (+2,97%) em Chicago, para o contrato com vencimento em dezembro de 2024. No Brasil, na B3, o milho seguiu a mesma tendência, com alta expressiva de 4,77%, fechando a R$72,55 por saca no contrato de novembro de 2024. No mercado físico, os movimentos foram mistos, com altas e baixas distribuídas pelo país, com predominância de altas.
O que esperar do mercado?
Demanda norte-americana
Nas últimas semanas, o milho dos EUA tem registrado alta demanda, com preços mais competitivos que os de outros países, especialmente o Brasil. O menor volume exportado pelo Brasil, comparado ao ano passado, reforça essa competitividade. O México tem se destacado como o principal comprador de milho norte-americano, representando cerca de 42% das vendas de milho para 2024/25. Além disso, o Japão também é um importante importador, e já alcançou seu maior volume em quatro anos.
Demanda interna do Brasil
As exportações brasileiras estão lentas, especialmente em comparação ao ano passado. No entanto, o consumo interno tem se mostrado bastante forte e em crescimento nas últimas semanas. Esse cenário tem dado suporte e até impulsionado os preços do cereal, que estão sendo negociados acima da paridade de exportação. A alta no valor da arroba do boi, junto com a crescente demanda de milho para a produção de etanol, são os principais fatores por trás dessa valorização.
Safra da Argentina
De acordo com a Bolsa de Cereales, o milho argentino já cobriu cerca de 24% da área projetada. Esse ritmo é superior ao do ano passado e está em linha com a média dos últimos cinco anos. A ameaça da cigarrinha, uma praga que causou muitos prejuízos no ano passado, está no radar dos produtores, que buscam mitigar riscos realizando um plantio mais antecipado. Um atraso no plantio pode levar os agricultores a reduzirem a área dedicada ao milho, o que afetaria negativamente a oferta mundial do cereal.
Análise Gráfica
Milho cotado em Chicago se mantém acima dos US$4.10/bushel (contrato Z - Dezembro), trazendo expectativas de alta. Regiões que podem impactar o andamento dos preços:
Considerando um cenário de alta: US$4.24, US$ 4.28 e US$4.34 são regiões em que o grão pode sentir dificuldades de rompimento para manter um movimento de alta.
Cenário de baixa: caso o milho cotado em Chicago venha perder a região dos US$4.10, a região dos US$4.03, US$3.97 e US$3.90 são regiões que podem segurar a queda inicial do grão.
Diante do cenário apontado, a semana poderá ser de correções nas cotações da BM&F, principalmente pela possível correção do dólar. O cenário não deve refletir diretamente no mercado físico, que ainda possui pressão compradora em algumas regiões.
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura