Governo libera importação de inseticida para combate de lagarta que ataca lavouras de soja e algodão

05.04.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Aprosoja

Uma instrução normativa assinada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, publicada na edição desta última quinta-feira (04), no Diário Oficial da União, libera a importação e o uso, em caráter emergencial, de inseticidas que tenham como ingrediente ativo único a substância benzoato de emamectina. A medida visa ampliar as alternativas de controle da lagarta helicoverpa armigera, uma praga exótica que vem provocando prejuízos bilionários em lavouras de algodão e soja.

O problema é maior na Bahia, onde foi decretada emergência fitossanitária, mas, de acordo com os produtores, a praga já chegou ao Tocantins, Piauí, Mato Grosso e até ao Paraná.

De acordo com a instrução normativa, a autorização irá vigorar enquanto perdurar a situação de emergência fitossanitária declarada pelo Ministério da Agricultura no início do mês passado visando adoção de medidas para controlar a incidência da praga nas próximas safras.

A Secretaria de Defesa Agropecuária expedirá as normas complementares necessárias à regulamentação da importação aplicação do benzoato de emamectina, observadas as indicações dos Ministérios do Meio Ambiente e da Saúde, diz a normativa.

"A única medida que o Ministério encontrou para ser tomada baseada em pareceres de pesquisadores, pesquisadores da Embrapa, pesquisadores de universidades foi o uso de um produto que fosse eficiente para quebrar o ciclo dessa praga. Chegou-se a esse produto que foi o que nos foi indicado. Então, por isso, nós tivemos que adotar alguma medida, digamos, drástica, porque a situação é de emergência" falou Cosam Coutinho, diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura.

A aplicação será controlada por fiscais agropecuários dos Estados, sob a supervisão de fiscais federais, e vai exigir a aprovação de planos técnicos. Segundo a Aprosoja, a liberação do novo produto poderia ter vindo antes, mas ajuda, principalmente, se vier acompanhada de melhorias no manejo.

"Não basta ter um produto para combate, nós precisamos também de um manejo integrado de pragas. Isso a Embrapa está fazendo. Demorou um pouco, a gente tinha esperança que esse produto saísse antes para auxiliar ainda no combate de lavouras na Bahia, onde o ataque continua e é intenso. Temos o milho safrinha, que vem por aí, ele vem em boa hora para controle" disse Fabrício Rosa, diretor-executivo da Aprosoja.

Outros cinco produtos, com registro no Brasil, já haviam sido liberados no mês passado para o combate à praga. Para regulamentar o uso do novo defensivo, o Ministério da Agricultura irá publicar uma Instrução Normativa nos próximos dias.

O presidente da Associação Preserve Amazônia, Marcos Mariani, manifestou preocupação quanto a possibilidade de esse tipo de liberação emergencial trazer riscos à saúde da população, aos produtores e também ao meio ambiente. Segundo ele, os defensivos não autorizados no Brasil acabam sendo liberados sem passar por processos de avaliações e regulamentação interna de órgãos importantes como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Ministério da Agricultura alega que este controle será feito de forma paralela à aplicação do defensivo, com o auxílio dos órgão de defesa agropecuária nos Estados.

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