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A Fertiláqua tem realizado diariamente transmissões online para debater principais pontos da agricultura e auxiliar os produtores com dicas e orientações que, até então, eram dadas no campo.
Um dos temas abordados foi a produção de manga o ano todo na região do Vale do São Francisco, em Petrolina-PE e Juazeiro-BA, com o consultor e especialista em manga há 30 anos, Eduardo Ferraz.
Ele foi um dos responsáveis por iniciar os estudos na região, nos anos 90, quando se atingia no máximo a produção de 15 toneladas por hectare. O trabalho teve como ponto de partida o monitoramento de níveis nutricionais no desenvolvimento da planta.
“Anteriormente o nível de informação era baixo e alguns consultores usavam essas referências como base para trabalhos. Para nós, observando o campo, muitos índices deixavam a desejar e precisávamos construir e criar referenciais diferentes para melhorar o nível de desenvolvimento. E foi aí que vimos que o potencial produtivo da cultura poderia ser maior”, explica.
Com o banco de dados inicial, criaram curvas de absorção nas folhas e frutos e fizeram ajustes e modificações no fornecimento de elementos minerais e sua distribuição nas fases fenológicas da cultura. O objetivo foi entender a quantidade necessária de nutrientes minerais demandados por cada fase.
O segundo trabalho de mapeamento para chegar a níveis altos de produtividade foi em relação ao controle hormonal da planta para descobrir a resposta em questões prioritárias como o florescimento. Até então, se sabia que a planta respondia melhor na época de frio, entre maio e julho. E como o desafio era produzir o ano todo, era necessário entender o equilíbrio hormonal e saber como manejá-lo.
Outro ponto de destaque no estudo foi sobre a arquitetura da copa. Com a taça aberta, modelo utilizado na época, havia sombreamento das laterais da planta, menos fotossíntese, perda de vigor vegetativo e, posteriormente, começava a morrer. Quando foi invertido o sentido da poda para uma arquitetura trapezoidal, com faces mais expostas a luz, observou-se o aumento na reserva de carboidrato, isto é, energia. A diferença do nível de carboidrato total foi de 5 a 12% (taça aberta) para ate 23% (trapezoidal). “Percebi que não era só a parte mineral que influenciava o potencial produtivo, mas também como a planta produzia e acumulava os carboidratos para produção dos frutos”, esclarece.
Durante o desenvolvimento da planta, o carboidrato é utilizado de diversas maneiras, como no combate ao estresse. Ele é produzido por fotossíntese, armazenado nas folhas, brotos e raízes como amido, e quando a planta necessita, é transformado em sacarose e usado como fonte de energia. “Estresses fazem a planta perder muita reserva. O que fizemos foi atenuar estes estresses e aí notamos que acumulou carboidrato para o outro ciclo, sendo possível manter níveis bons de brotação, floração e frutificação”.
Segundo o consultor, enxergar o que planta está mostrando é a chave do sucesso. “Poder entender e se antecipar a problemas impacta no aumento da produtividade. E para chegar a resultados excelentes, tem que analisar esse conjunto de fatores e manejá-los de forma sincronizada, pois cada componente de produção tem sua importância”, afirma.
A cultura da manga, considerada bianual na literatura, vem sendo produzida há anos durante o ano todo em regiões como o Vale do São Francisco. “Quebramos esse paradigma e mostramos que é possível ter uma produção fora da época apenas tradicional, basta utilizar soluções e manejo correto. Hoje, trabalhamos com 50 a 58 toneladas por hectare e enxergamos na região o potencial de chegar em até 80 toneladas por hectare. Continuamos trabalhando para atingir esse patamar”, conclui.
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