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O Projeto de Pesquisa em Rede sobre Biodiesel da Embrapa já avaliou oleaginosas com potencial de geração de biocombustíveis, como dendê, mamona, soja e canola. Agora é a vez do girassol.
Em 24 e 25 de novembro, a equipe do projeto promove curso e dia de campo sobre avaliação de impactos ambientais da produção de girassol na obtenção de biocombustíveis no Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS e em propriedade rural em Três Pontas/MG, respectivamente. São parceiros a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG) e a usina Biosep Biodiesel e Agronegócio.
O cultivo do girassol vem aumentando no Brasil, impulsionado principalmente pelo interesse da região Centro-Oeste e Sudeste em culturas de sucessão à safra de verão, denominada “safrinha”.
A política brasileira de incentivo à produção de biodiesel, dentre as oleaginosas disponíveis, tem tido distintos resultados de acordo com as particularidades regionais e, principalmente, pela matéria prima utilizada no processo, explica o pesquisador Cláudio Buschinelli, da Embrapa Meio Ambiente e um dos responsáveis pelo projeto.
“A opção pelo girassol está associada à ampla vantagem técnica que inclui, além do grande potencial de uso para biodiesel pelo elevado teor de óleo (38 a 47%) e facilidade de extração, outras características como: torta de excelente qualidade, possibilidade de adaptação a diferentes condições climáticas, fácil manejo e bom rendimento econômico, em termos de investimento e retorno”, diz o pesquisador.
Entretanto, questões relacionadas à importância do girassol como alimento de nobre valor nutricional, do uso extensivo de terras para a produção de energia e da sustentabilidade dessa expansão, têm sido levantadas como possíveis entraves para o setor agroenergético no médio e longo prazos.
A atenção à cultura do girassol teve início na Embrapa Meio Ambiente há aproximadamente três anos, e já permite inferência sobre o comportamento da cultura dentro do Estado de São Paulo. Na XVIII Reunião Nacional de Pesquisa de Girassol, realizada em Pelotas-RS recentemente, a pesquisadora Nilza Patrícia Ramos, da Embrapa Meio Ambiente, apresentou os resultados do último monitoramento paulista das safras 2007/08 e 2008/09.
“Esse estudo aponta para redução na área plantada”, diz Patrícia. Segundo o Levantamento de Unidades de Produção Agropecuária do Estado de São Paulo – Lupa, o girassol foi cultivado em aproximadamente 1055ha na safra 2007/08, distribuído em diferentes municípios paulistas, com destaque para as micro-regiões de Casa Branca e Reginópolis.
Em 2008/09 a área ficou em aproximadamente 1100ha, com médias de produtividade próximas a 1300kg/ha e cultivo no período de safrinha - semeadura entre fevereiro-março, após milho e soja. “O cultivo como segunda cultura ou de safrinha apresenta vantagens sob o ponto de vista de melhor uso e aproveitamento da terra, redução no consumo de insumos e geração complementar de receita”, explica a pesquisadora.
“No estado, a produção de grãos tem sido destinada basicamente ao mercado de óleo alimentício, com pequena parte para forragem e alimentação de pássaros, sem expressão como matéria-prima para a geração de biodiesel”.
Notou-se que a soja é a matéria-prima mais empregada nas usinas paulistas, seguida pelo sebo bovino. Os principais problemas enfrentados pelos produtores para a cultura do girassol são a falta de produtos para controle fitossanitário registrados, dificuldades de semeadura, em função da necessidade de melhor classificação de sementes, ataque de pássaros em áreas pequenas e dificuldades de comercialização da produção.
Já como necessidades de pesquisa foram identificadas oportunidades relacionadas ao controle de pássaros, zoneamento de risco climático para doenças, cultivo em sistemas integrados e consórcios, potencial para cultivo em áreas de reforma de cana-de-açúcar a partir do desenvolvimento tecnológico voltado para ciclo precoce, tolerância à alternaria e atenção a herbicidas com longos períodos residuais (usados em cana-de-açúcar).
O curso irá abordar a realidade e as perspectivas do cultivo de girassol no Brasil e a prática de avaliação socioambiental dessa cadeia produtiva para geração de biodiesel.
O dia de campo irá demonstrar procedimentos de avaliação e gestão ambiental de estabelecimentos rurais no sentido de oferecer aos produtores um mecanismo integrado das relações entre a atividade produtiva e a qualidade do ambiente. Para tanto, será aplicado o Sistema APOIA-NovoRural; uma ferramenta de análise de estabelecimentos rurais, que orienta as ações produtivas seguindo critérios de sustentabilidade.
Haverá visita técnica ao campo de cultivo, ao estabelecimento e início da avaliação, com análise de indicadores, entrevista ao produtor e preenchimento das planilhas eletrônicas do Sistema APOIA-NovoRural, além de debate sobre o desempenho ambiental do estabelecimento e proposição de práticas de manejo e tecnologias.
Cristina Tordin
Embrapa Meio Ambiente
/ 19.3311.2608
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