Brasil deve colher 238,7 milhões de toneladas de grãos na safra 2016/17
Área plantada é de 60,9 milhões de hectares, com elevação de 4,4% em relação ao ciclo passado
Histórias de vida e de envolvimento profissional sobre a valorização do resgate das sementes crioulas – aquelas mantidas e selecionadas por várias décadas por agricultores tradicionais enriqueceram os relatos de palestrantes do Brasil e América Latina
O equatoriano Javier Carrera, da rede de Guardiões de Sementes do Equador, contou como no país dele os agricultores tradicionais conseguiram resgatar variedades de sementes praticamente desaparecidas ou em perigo de extinção, a partir da prática do que ele chama de sistema participativo de garantia. Além de conseguirem o resgate de muitas variedades, os equatorianos ainda conseguiram harmonia ecológica em algumas regiões porque também alcançaram controlar as pragas. Segundo Javier a rede equatoriana conta com cerca de 100 guardiões de sementes e centenas do que ele chama de “amigos das sementes”. A maioria das pessoas envolvidas neste trabalho é de mulheres, em 60%. Para Carrera o mais importante nesse contexto é que há consciência de que “a vida não pode ser patenteada”.
A pesquisadora Terezinha Dias, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF) fez um relato do trabalho com os povos indígenas no resgate de sementes. Responsável por apoiar tecnicamente e incentivar as feiras de trocas de sementes – atividade que pode ser considerada um método de promoção da conservação in situ/on farm, Terezinha contou que o trabalho envolve agricultores, professores e lideranças dos povos Krahô, Canela, Apijé, Kiapo, Paresi e Xavante.
As sementes crioulas têm uma história, uma cultura, e tudo isso vem dos locais, regiões de onde se originam. Por isso, há sem dúvida uma relação muito forte entre homem e planta. A cultura registrada nestes materiais genéticos está nas receitas culinárias. É assim que o pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Irajá Ferreira define a importância do resgate e da conservação deste tipo de material. Também palestrante do Encontro de guardiões e guardiãs, Ferreira relatou o trabalho desenvolvido no Rio Grande do Sul para o melhoramento participativo de sementes, entre elas do feijão. Segundo ele as sementes devem ser coletadas, caracterizadas e identificadas para que se estabeleçam o que ele apelidou de partituras de biodiversidade.
Também apresentaram relatos neste tema Flávia Londres, representante da Articulação nacional de Agroecologia (ANA) e Gilberto Afonso Schneider, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). O encontro teve a coordenação da pesquisadora Terezinha Dias. Encontro Internacional de guardiões e guardiãs ocorreu dentro da programação do Agroecologia 2017, que se realiza até o dia 15, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães - Eixo Monumental. Hoje, entre as atividades do evento, que reúne um público de mais de 5 mil pessoas de todo o Brasil e países latino-americanos, está a abertura da Feira agroecológica e da Sociobiodiversidade.
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