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O desenvolvimento de novos inseticidas tornou-se um processo cada vez mais longo e complexo. Análise recente de mais de 135 compostos revela que a média de tempo para descobrir a molécula inicial de um futuro produto comercial chegou a cinco anos. O dado preocupa num cenário onde a resistência de pragas, as exigências regulatórias e os impactos das mudanças climáticas pressionam por soluções rápidas, eficazes e sustentáveis para a proteção das lavouras.
Segundo o pesquisador Thomas C. Sparks, autor do estudo, o processo de descoberta de inseticidas passou por profundas transformações desde meados do século XX. Sua análise mostra que, embora a média geral de descoberta permaneça ao redor de quatro anos, compostos desenvolvidos após 2010 já ultrapassam cinco anos de investigação até a primeira síntese da molécula com potencial comercial.
O estudo chama atenção para o termo "descoberta" como uma simplificação. Na prática, a criação de um novo inseticida é um processo construtivo. Exige dezenas, às vezes milhares de variações moleculares até a identificação de uma opção com perfil agronômico, toxicológico e ambiental aceitável. Essa complexidade cresceu com o aumento das exigências legais, que demandam dados mais robustos de segurança.
Entre 1939 e 1960, o tempo médio de descoberta já alcançava 4,3 anos. Depois caiu levemente, mas voltou a subir nas décadas recentes. A explicação está no maior desafio químico para encontrar novas estruturas eficazes contra pragas resistentes, sem repetir os mecanismos de ação já presentes no mercado.
A resistência é outro fator de pressão. Segundo dados citados no estudo, mais de 630 espécies de insetos e ácaros já apresentaram resistência a algum tipo de inseticida. Esse acúmulo limita o uso das opções atuais e reforça a necessidade de novas moléculas, com mecanismos inéditos.
Apesar do tempo elevado, 70% dos inseticidas estudados foram descobertos entre dois e cinco anos. Cerca de 19% exigiram entre seis e oito anos. Apenas 7% surgiram em um ano ou menos. O dado reforça o caráter imprevisível do processo.
Sparks destaca quatro abordagens principais de descoberta: inspiração em concorrentes (CI), geração seguinte (NG), hipótese bioativa (BH) e produtos naturais (NP).
As duas primeiras respondem por 75% dos compostos, mas BH e NP são as mais produtivas em termos de novas classes de inseticidas. Cada abordagem apresenta tempos semelhantes, entre 3,7 e 4,2 anos, com exceção das NP, que podem demandar mais tempo devido à complexidade estrutural.
Outro dado relevante é a mudança no perfil geográfico da inovação. Até 2004, Europa, Japão e EUA contribuíam igualmente com novas moléculas. Desde então, o Japão passou a liderar, possivelmente devido ao maior número de empresas locais ainda dedicadas à pesquisa e ao desenvolvimento (P&D). Nos últimos anos, China, Coreia do Sul e Índia também começaram a gerar novas moléculas.
O número de empresas também mudou. Em 1960, havia mais de 50 companhias dedicadas à descoberta de defensivos nos EUA e Europa. Hoje restam cinco multinacionais com capacidade plena de P&D. A maior parte do mercado pertence a fabricantes de genéricos.
A alta dos custos também contribui. O tempo para levar uma molécula do laboratório até o mercado ultrapassa 12 anos. O custo supera US$ 375 milhões, considerando inflação até 2025. A maior parte dessa despesa concentra-se em testes regulatórios e ambientais.
Mesmo quando um produto chega ao mercado, não há garantia de retorno expressivo. Em 2018, entre 79 compostos comerciais analisados, a mediana de vendas anuais foi de US$ 55 milhões. Apenas alguns alcançaram cifras bilionárias.
Apesar das dificuldades, novos caminhos começam a surgir. Biopesticidas e moléculas baseadas em RNAi ou peptídeos estão sendo desenvolvidas por empresas menores, com menor custo e prazos de regulação mais curtos. Grandes multinacionais têm incorporado essas startups em busca de diversificação.
Ferramentas baseadas em inteligência artificial também ganham espaço. Podem acelerar a identificação de compostos ativos e ajudar a navegar por espaços de patentes já ocupados. O setor ainda enfrenta incertezas, mas aposta na tecnologia para reduzir o tempo entre a ideia e o campo.
Mais informações em doi.org/10.1016/j.pestbp.2025.106521
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