Estudo mostra que cobertura plástica está contaminando campos

Essa acumulação é associada a impactos negativos na umidade do solo, na atividade microbiana e na disponibilidade de nutrientes

22.10.2024 | 15:52 (UTC -3)
Revista Cultivar
Foto de solo agrícola com detritos macroplásticos incorporados e liberação de microplásticos após extração superficial do solo
Foto de solo agrícola com detritos macroplásticos incorporados e liberação de microplásticos após extração superficial do solo

Estudo realizado na Costa Central da Califórnia analisou os impactos da acumulação de plásticos no solo em fazendas que utilizam práticas consideradas de “melhor gestão” na aplicação e remoção de filmes plásticos. Os resultados mostraram que todos os campos pesquisados apresentavam contaminação por plástico. E que essa acumulação estava associada a impactos negativos na umidade do solo, na atividade microbiana e na disponibilidade de nutrientes.

Os filmes plásticos, usados amplamente para controle de ervas daninhas e modulação de temperatura e umidade do solo, são um componente essencial para a produção agrícola eficiente.

No entanto, esses plásticos fragmentam-se em partículas menores, que podem permanecer no solo por décadas. Afetando suas propriedades e, eventualmente, os ecossistemas aquáticos através do escoamento. A pesquisa indicou que, mesmo em concentrações relativamente baixas, a presença de macroplásticos estava correlacionada à redução da umidade do solo, da atividade microbiana e da disponibilidade de fosfato.

Na Costa Central da Califórnia, onde a prática da cobertura plástica é extensiva, foram analisados campos de morangos que utilizam o mulching plástico há vários anos. Todos os campos apresentaram contaminação em suas camadas superficiais.

Os cientistas observaram que a acumulação de macroplásticos, fragmentos maiores que cinco milímetros, correlacionava-se com menor umidade do solo e redução na atividade de microrganismos, cruciais para a decomposição de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. Esses efeitos ocorreram mesmo em níveis de contaminação bem abaixo daqueles geralmente associados à degradação significativa do solo.

A pesquisa também mostrou que, em campos com altos níveis de macroplásticos, houve queda na disponibilidade de fosfato, nutriente fundamental para o crescimento das plantas. Além disso, verificou-se uma correlação entre o número de macroplásticos e o acúmulo de microplásticos no solo. Essas partículas menores, geradas pela degradação dos macroplásticos, podem permanecer no solo e se incorporar à estrutura do solo, alterando sua densidade e porosidade, o que afeta a retenção de água.

Os impactos negativos da acumulação de plástico foram considerados sutis, mas significativos. Mesmo em baixas concentrações, a presença de macroplásticos pode comprometer a saúde do solo e, consequentemente, a produtividade agrícola.

O estudo sugere que as práticas de manejo devem ser revisadas para reduzir o acúmulo de resíduos plásticos nos campos. A remoção completa dos plásticos é difícil e custosa, devido à aderência de partículas de solo aos filmes, o que faz com que grande parte dos plásticos permaneça no campo após o uso.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1093/pnasnexus/pgae433

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