Estratégias para controle do capim-annoni são apresentadas em Manhã de Campo

“Estudos comprovam que área com mais de 35% de infestação da invasora começa a trazer restrições para os animais, que não conseguem mais selecionar a alimentação”

09.12.2015 | 21:59 (UTC -3)
Fernando Goss

O controle do capim-annoni foi tema de uma Manhã de Campo realizada pela Embrapa Pecuária Sul nesta quarta-feira (9/12), em Bagé (RS). Com o título, Capim-annoni – Práticas, Custos e Benefícios do Controle, em quatro estações foram apresentados resultados de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa visando a recuperação de áreas degradas pela planta invasora. Mais de 160 pessoas, a maior parte formada por produtores rurais, participaram da atividade.

Em uma das estações foram apresentados os resultados que estão sendo obtidos com o Método Integrado de Recuperação de Pastagens (Mirapasto), desenvolvido pelo pesquisador da Embrapa Pecuária Sul Naylor Perez. De acordo com o pesquisador, o método tem como objetivo principal recuperar áreas- de campo nativo que hoje estão infestadas pelo capim-annoni. “Estudos comprovam que área com mais de 35% de infestação da invasora começa a trazer restrições para os animais, que não conseguem mais selecionar a alimentação”, ressaltou. Perez apresentou resultados econômicos relacionados a uma área experimental recuperada com a utilização do Mirapasto, com aumento considerável de ganho de peso dos animais. “Mesmo com os custos, a recuperação destas áreas representa um aumento da rentabilidade na propriedade”.

O Mirapasto foi desenvolvido a partir de resultados de várias pesquisas para o controle de plantas invasoras. Segundo Naylor Perez, o método está baseado em quatro práticas de manejo, que quando utilizadas de forma conjunta e continuada conseguem diminuir consideravelmente os níveis de infestação dos campos. Na Manhã de Campo, o pesquisador apresentou essas práticas: correção e manutenção da fertilidade do solo, controle químico seletivos das plantas indesejadas, sobressemeadura de espécies forrageiras de inverno e de verão, e o ajuste de carga animal de acordo com a oferta de pastagem.

Em outra estação da Manhã de Campo foram apresentados resultados econômicos de uma área infestada por capim-annoni que sofreu intervenção na correção da fertilidade e com introdução de forrageiras de inverno. Coordenada pelo analista Marcelo Pilon, na estação foi demonstrado que apenas com estas práticas, os ganhos financeiros para a área não se mostraram satisfatórios. Além disso, segundo Pilon, o objetivo do experimento era também tentar diminuir a infestação com a introdução de espécies de inverno, como azevém, cornichão e trevo-branco. “Na área não foi utilizado controle químico e apenas o aumento da fertilidade e a sobressemeadura de outras espécies não foram suficientes para uma diminuição considerável do annoni”, relatou Pilon. Uma das metas desta estação foi proporcionar um comparativo de desempenho de áreas que tiveram o capim-annoni controlado, como na estação anterior, e outros onde a infestação permaneceu, mostrando as vantagens no combate à planta invasora.

O pesquisador Gustavo Trentin apresentou em outra estação experimentos relacionados a estresses hídricos na planta do capim-annoni. Na pesquisa a planta foi submetida a situação de alagamento e estiagem com o objetivo de avaliar a germinação e o estabelecimento da espécie. Segundo Trentin, a resistência a período secos já era conhecida, principalmente por o capim-annoni ser oriundo de uma região com pouca chuva na África, mas a planta se mostrou também adaptada a áreas úmidas “Percebeu-se que o annoni tem uma boa germinação e estabelecimento também em áreas encharcadas”. Na mesma estação, a pesquisadora Márcia Silveira relatou os resultados de um experimento sobre a translocação de herbicida na planta. Segundo ela, o objetivo era saber porque os princípios químicos são eficientes em algumas plantas e em outras não. A pesquisa mostrou que a partir de uma planta mãe, surgem outros perfilhos que são independentes. Por isso, algumas vezes, ao aplicar o herbicida na planta mãe, eles não são levados às outras, que se mantém vivas. “O objetivo desses estudos é conhecer melhor a espécie e com isso definir estratégias mais eficazes de controle”, disse Márcia.

Na última estação foram demonstrados equipamentos desenvolvidos para a aplicação seletiva de herbicida em plantas indesejadas. A máquina Campo Limpo, desenvolvida pela Embrapa, e a enxada química têm o objetivo de aplicar produtos químicos somente nas plantas indesejadas, deixando as espécies nativas vivas para que possam repovoar o campo. Segundo a pesquisadora Fabiane Lamego, o controle químico é uma ferramenta importante para combater o capim-annoni, porém não é a única. O funcionamento dos equipamentos foi apresentado pelos funcionários da Embrapa, Rodison Sisti e Harry Ebert.

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