Especialista vê futuro na diferenciação para atender grandes redes de fast food

22.03.2011 | 20:59 (UTC -3)

As oportunidades para novos mercados de café para o Brasil foram o tema da palestra do consultor da P&A Carlos Brando na manhã do segundo dia do 12º Simpósio Nacional do Agronegócio Café (Agrocafé), evento que abre o calendário brasileiro da cafeicultura, que teve início ontem (21), e acontece até amanhã (23), no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador. A necessidade de uma “identidade Brasil”, consolidada através de um plano estratégico de marketing de longo prazo, e medidas estruturantes do setor para a concessão de ferramentas de entradas em novos mercados, como descontos especiais e cortesias, foram apontadas pelo consultor como caminhos a seguir. Dentre as novidades destacadas, a presença cada vez mais forte das redes mundiais de lanchonetes e fast food no mercado de cafés diferenciados.

 

“As coisas não mudaram muito na produção ou na exportação. As oportunidades são antigas, mas temos de vê-las sob uma nova ótica. O que há de novo é o mercado de cafés diferenciados. A Starbucks, que torra hoje quatro milhões de sacas ao ano, a MC Donalds, com 40 mil lojas, é um cliente que não existia. Há também o Dunkin’ Donuts, que torra dois milhões de toneladas e poucos sabem que não é uma rede de donuts. O principal produto deles sempre foi café”, explica o consultor.

 

Para adaptar-se a esta realidade, o produtor tem de considerar que, ao contrário de uma marca de supermercado, que tem um contato maior com o exportador, essas redes de lanchonetes têm relacionamento mais estreito com o cliente, por isso ele quer certeza, na compra, de sustentabilidade econômica, social, ambiental. “Ou elas estão fazendo os seus próprios programas de certificação, ou terceirizam, para conferir mais credibilidade”, afirma.

 

Calos Brando acredita que a tendência é que as grandes redes assumam a maior parte do mercado de lojas de café. “Haverá quem compare ao fim das mercearias nos Estados Unidos, provocado pela entrada do Wallmart, mas por outro lado, o americano gosta de se sentir em casa em suas viagens. Encontrar as mesmas marcas onde quer que ele vá”.

 

Quanto a um investimento em promoção do produto brasileiro ou na origem Brasil, Brando acredita que será preciso resolver primeiro problemas estruturais. Tomando o exemplo da Colômbia, que começou investindo cerca de US30 milhões em marketing e hoje investe em torno de U$55 milhões, o especialista afirma que a diferença está no controle sobre o produto.

 

“A Colômbia tinha o controle do café para fazer ofertas especiais, para dar café de graça, como ‘degustação’, e nós não temos, pela maneira como estamos organizados. O Funcafé é um fundo público, que tem de ser gerido de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por exemplo: eu sei que o grande mercado hoje é a China, mas eu não posso dar café para a China se antes não fizer uma concorrência pública e provar que aquela foi a condição melhor. Não importa as prioridades estratégicas. Grande parte do marketing que a gente acha que na Colômbia foi o Joao Valdez, é apenas a ponta do iceberg. O grosso foram negócios especiais, no bom sentido, com torradores”, conclui, alertando para a falta de consenso entre os segmentos do agronegócio. “Só se unem para ir a Brasília quando as coisas estão ruins, e, nesse caso, vão para pedir dinheiro. Não com objetivos estratégicos de pensar o futuro”, define.

 

O 12º Agrocafé é uma realização da Assocafé, juntamente com a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e do Centro do Comércio de Café da Bahia, tendo como patrocinadores o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria da Agricultura (Seagri) e da Secretaria da Indústria, Comércio e Mineração (SICM), Ministério da Agricultura (MAPA), Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Sebrae e Petrobras.

 

Catarina Guedes

Imprensa Agrocafé

(71) 3379-1777

catarinaguedes@agripress.com.br

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