Especialista em arroz na Embrapa identifica Chorinho, grão com o dobro de ferro

16.05.2011 | 20:59 (UTC -3)

Péricles de Carvalho Ferreira Neves é um dos pesquisadores envolvidos com a identificação da variedade Chorinho, arroz que apresenta o dobro de ferro (4 miligramas por quilograma), em relação ao grão polido convencional. Ou seja, um produto alternativo para combater a falta do nutriente na alimentação humana, cuja deficiência pode levar à anemia.

 

Especialista em arroz na Embrapa Arroz e Feijão, sediada no município de Santo Antônio de Goiás, em Goiás, Péricles participa do trabalho de biofortificação não apenas por força de sua formação. Ele é um daqueles goianos que vivenciaram o período de transição da população do meio rural para o urbano, intensificado a partir da década de 1960, bem como a mudança sócio-produtiva, em meados de 1970, com a modernização da agricultura do cerrado.

 

“Eu convivi na infância com a agricultura tradicional de roça de toco”, lembra o pesquisador. Nesse sistema, que remonta os cultivos indígenas e os tempos do Brasil Colonial, as lavouras eram plantadas em áreas desmatadas após a queimada da rebrota da vegetação nativa. Embora seja esta uma forma de exploração da terra insustentável na atualidade, a afinidade com o meio rural desde aquela época o ajudou a despertar à vocação agronômica.

 

Hoje, Péricles desenvolve pesquisas em melhoramento genético do arroz, atuação que lhe rendeu o convite para compor o grupo de trabalho de biofortificação, reunindo Embrapa e os programas Agrosalud e Harvest Plus. Ele conta ainda que a possibilidade de melhorar a qualidade nutricional do cereal o instiga, especialmente, pelo caráter do projeto de beneficiar os pequenos produtores rurais nos rincões do país.

 

A Chorinho, por exemplo, já passou por uma série de ações experimentais em conjunto com agricultores do Maranhão, iniciativa conduzida em parceria com o pesquisador José Almeida, da Embrapa Meio Norte, em Teresina. Nos testes realizados, houve boa avaliação da variedade no campo e, principalmente, em relação aos grãos, por se tratar de “arroz agulhinha”, produto mais valorizado pelo mercado.

 

Atualmente, a Embrapa Meio Norte vem realizando ações de melhoramento participativo com agricultores do Maranhão para a escolha de famílias de plantas de arroz, a fim de indicar novas cultivares com maiores teores de ferro e também de zinco e que apresentem características modernas do ponto de vista agronômico.

 

IV REUNIÃO - E está confirmada para o período de 10 a 15 de julho deste ano, no centro de convenções do Rio Poty Hotel, em Teresina, a IV Reunião de Biofortificação no Brasil. São esperados pelo menos 200 participantes entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que são membros da rede de biofortificação no Brasil, América Latina e Estados Unidos; ligados à cadeia de produção do arroz, abóbora, feijão, feijão-caupi, mandioca, milho, batata-doce e trigo. Devem participar também professores, estudantes, extensionistas, técnicos de agroindústrias e empresários. O comitê técnico-científico do evento prevê, no mínimo, a apresentação de 100 trabalhos na forma de pôsteres. Os trabalhos serão publicados na forma de resumos expandidos nos Anais da reunião. Eles serão disponibilizados em CD-ROM e no site do Projeto BioFORT, no endereço www.biofort.com.br.

 

Rodrigo Peixoto

Embrapa Arroz e Feijão

rpbarros@cnpaf.embrapa.br

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025