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Apesar de o governo brasileiro estar fechando os últimos acordos para o início da importação do trigo russo, o tipo do produto não satisfaz as necessidades internas brasileiras. Paulo Magno Rabelo, analista do mercado de trigo da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), disse à Agência Brasil que "o trigo produzido pela Rússia é o soft, com menos proteínas, usado na fabricação de bolachas e biscoitos, e que não tem as características próprias para o pão francês".
O país precisará importar mais de dois milhões de toneladas de trigo nesse ano, além do que será produzido internamente e das importações vindas da Argentina. Isso ocorrerá porque a Argentina, principal fornecedor do mercado nacional, terá uma queda brusca na produção, caindo de 16 milhões de toneladas de trigo na última safra para menos de nove milhões de toneladas na atual safra.
Um grupo de trabalho do Ministério da Agricultura está em Moscou para fechar acordos de comércio bilateral, em que os principais itens da pauta são a importação de trigo russo e a ampliação das exportações de carne suína. Uma das idéias levantadas pelo governo seria atrelar uma coisa à outra.
Rabelo explica, no entanto, que o trigo importado dos argentinos é do tipo hard, com mais proteínas, ideal para a fabricação do pão francês. Outros países que poderiam fornecer esse mesmo trigo seriam Canadá e Estados Unidos, como chegou a acontecer no ano passado, embora em menor escala.
O trigo russo, de acordo com o analista da Conab, é do mesmo tipo do produzido no sul do país. "Esse tipo de trigo o Rio Grande do Sul já produz 2 milhões de toneladas por ano, o que já é suficiente", afirmou.
Além disso, o analista também considera prejudicial uma possível redução da Tarifa Externa Comum (TEC), hoje de 10%, para a importação de trigo de países fora do Mercosul. "A balança comercial brasileira passa por um momento delicado. O Brasil gastou [em 2008] US$ 2,1 bilhões na importação de trigo. O que precisamos é produzir trigo aqui, e não incentivar importação", disse Rabelo.
O especialista também contou que há um excedente de trigo no mundo, o que, inclusive, tem feito os preços caírem nos mercados nacional e internacional. Enquanto o consumo mundial foi de 652 milhões de toneladas em 2008, a produção foi de 682,7 milhões de toneladas, o que mostra que o país não deverá ter problemas para encontrar trigo para comprar.
O consumo nacional é de cerca de 10 milhões de toneladas por ano. Vários especialistas do governo e do mercado dizem que o ideal seria o país produzir sete milhões de toneladas. Incentivado pelo aumento do preço do trigo no mercado internacional, o racionamento da quantidade fornecida pela Argentina e o plano lançado pelo governo no ano passado, para incentivar os produtores, a produção brasileira de trigo saltou de quatro milhões de toneladas na safra 2007/08 para seis milhões de toneladas na safra 2008/09.
Danilo Macedo,
Agência Brasil
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