Especialista analisou mercado de etanol e açúcar na Tecnoshow

16.04.2010 | 20:59 (UTC -3)

O atual cenário do setor sucroenergético do Brasil e do mundo foi apresentado quinta-feira (15/04) pelo presidente da Datagro Consultoria, Plinio Nastari, em palestra no auditório II no Centro Tecnológico COMIGO, CTC.

Ao analisar a safra 2009/2010 de cana-de-açúcar, Plinio afirmou que as chuvas atípicas comprometeram a produção e o resultado foi de 40 milhões de toneladas de cana não colhidas. Apesar disso, segundo o consultor, os preços dessa safra foram muito bons devido aos problemas de seca da China, Austrália e Tailândia, a baixa produção da Índia em relação ao consumo interno de açúcar, a crescente demanda, entre outros. "Apesar da crise, a demanda mundial continuou em expansão, em 2009/2010 cresceu mais de 1,3%", disse Plínio.

Segundo dados da Datagro, considerada uma das maiores consultorias de etanol e açúcar no Brasil, a União Européia teve a melhor safra de cana nos últimos quatro anos, mas o consumo mundial de açúcar cresce 12,5 % ao ano, e há uma necessidade de recomposição de estoque no mundo todo. "O desenvolvimento econômico, a taxa de urbanização, o crescimento populacional e até o consumo de adoçantes são fatores que influenciaram a demanda por açúcar, que é o alimento mais barato do mundo", explicou Plínio ao reiterar o aumento do consumo em relação à produção da cana.

Etanol

Ao analisar o mercado do etanol, Plínio lembrou que as vendas de carros flex, que hoje correspondem a 40% da frota total, foram essenciais para aumento na demanda. Segundo dados apresentados, no período 2009/2010 foram produzidas 25,8 bilhões de litros de etanol de cana. O consultor lembrou também que o etanol de cana reduz a emissão de gases poluentes de 61 a 90%, já o etanol de milho reduz de 21 a 38%.

Projeções

De acordo com análises da Datagro, os mercados de etanol e açúcar continuam em expansão no mundo. Em 2010/2011, a safra de cana deve ser grande pelas previsões de clima mais propício, rendimento industrial melhor que no ano passado e os preços do mercado interno mais sustentados que nos últimos três anos. Segundo Plínio, a tendência é a concentração do investimento em tecnologia e medidas que garantam acesso a mercados, "a crise está sendo superada" afirmou o consultor. Após a palestra, o presidente do Grupo COSAN, Pedro Mizutani, apresentou aos convidados um histórico dessa empresa que se destaca na produção de etanol.

TECNOSHOW: máquinas em ação

Durante a manhã de quinta-feira (15), o destaque na TECNOSHOW COMIGO 2010 foi a dinâmica de máquinas agrícolas das marcas que expõem na feira. Durante duas horas, produtores, técnicos do setor e estudantes acompanharam demonstrações de utilização para conhecer na prática o desempenho de equipamentos que realizam trabalhos relativos à silagem, plantio, adubação, além de máquinas para o trabalho com madeira dentro das propriedades.

Grande parte da dinâmica ficou por conta da perfomance de maquinário destinado à colheita de forragem, preparo, mistura e distribuição de silagem. As demonstrações foram iniciadas com a demonstração da misturadora autocarregável Total MIx, da Casale, que mistura componentes para ração e é capaz de mistrar fardos inteiros de feno e supeorta caroço de algodão. O equipamento também carrega, dosa e distribui a silagem já pronta nos coxos. Já a enciladeira Coliflex da Menta atua na preparação de silagem, indicada para a colheita de cana, também utilizada para milho, capim tipo aveia, bombaça e sorgo, com altura de até 90cm. Uma das vantagens é que ela prermite maior rebrota após a colheita, quando utilizada no canavial. A Ipacol apresentou o vagão forrageiro Tratomix 4.0, que desencila, tem capacidade para 4 metros cúbicos de silagem. Outra vantagem do mproduto é que ele permite a mistura de caroço de algodão e grãos de milho de forma homogênea.

Ainda entre as colhedoras, foi realizada demonstração de uso da marca JF, com o modelo 192ZD, que possui novo sistema de transmissão, com 2 tamanhos de picadores, que permtem corte com tamanhos que variam entre 2 e 22mm. A marca Menta demonstrou o modelo remium Flex LC1, colhedora de forragem, com transmissão via cardam, ideal para can-de-açúcar, que permite a troca de platafora e também colhe milho e sorgo. Para desintegrar totalmente o produto colhido, inclusive caules e sabugos, a Jumil colocou em ação na TECNSHOW COMIGO 2010 a JM 60, que possui 12 facas picadoras, no mesmo volante. Na sequência, Pinheiro participou da dinâmica de máquinas com a colhedeira de forragens Max Gold, indicado para opreparo de silo. Outra colhedora de forragens apresentada foi a Suprema, da Menta No setor de desensiladeira foi apresnetado o modelo Robusto 1500, da MDS, que carrega a silagem do solo e faz a distribuição para os animais.

Palestra técnica discutiu resistência de percevejos a inseticidas

Os problemas do percevejo na cultura da soja foram discutidos na palestra Resistência de Percevejos a Inseticidas pelo pesquisador da Embrapa Daniel Ricardo Sosa Gómez. Daniel mostrou as causas da resistência, as dificuldades de detectá-la, como evitar e como lidar com essa problemática.

Segundo dados históricos, na década de 90 foram detectadas falhas de controle do Euschistus heros, mais conhecido como percevejo marrom, que estaria se tornando mais resistente aos inseticidas. Daniel Ricardo apontou possíveis causas para essas falhas, como problemas na formulação dos agroquímicos, subdosagens, populações elevadas de percevejos, seleção de indivíduos resistentes, entre outras.

Esse aumento na população do percevejo marrom está relacionada, segundo o pesquisador, à queda do número de predadores naturais do inseto por causa da aplicação de produtos químicos, como determinadas espécies de mosca. Outro fator importante é o aquecimento global, que causa nos insetos ciclos de reprodução mais curtos, aumentando assim o número de indivíduos e consequentemente, do processo de seleção natural.

Resistência

De acordo com Daniel, aplicações freqüentes de inseticidas com modos de ação semelhantes, na mesma safra, podem gerar indivíduos resistentes ao produto, e a reprodução desses indivíduos multiplicam a população que resistem ao agroquímico. O pesquisador listou erros comuns cometidos por produtores que agravam essa situação, como misturar inseticidas com outros agrotóxicos para aproveitar a operação.

De acordo com ele, não é possível detectar a resistências das pragas no campo, devem ser feitos testes em laboratório para que se consiga uma análise estatística apropriada. "O produtor deve coletar uma amostra e enviá-la à Embrapa junto com um registro histórico da área, ou seja, quantos e quais produtos já foram usados naquele local, só assim podemos responder se há possibilidades de resistência", explicou Daniel.

Soluções

O pesquisador orientou os produtores sobre o manejo adequado para diminuir as possibilidades de resistência do percevejo marrom como, por exemplo, alternar produtos com modo de ação diferentes na mesma safra, realizar o diagnóstico nos locais com falhas de controle, utilizar dosagens mínimas efetivas e aplicar produtos químicos quando realmente necessário. "O mau agrônomo é como o mau médico que receita antibiótico quando não há necessidade", afirmou Daniel sobre a importância do monitoramento e do trabalho bem desenvolvido no campo.

Palestra sobre Políticas Governamentais esclarece instrumentos de garantias de preços a produtores rurais

A palestra Política Governamental: Instrumentos de Garantia de Preço foi ministrada pelo assistente de superintendência de operações comerciais da CONAB, João Carlos do Nascimento neste dia 15, às 16 horas no Auditório Principal do Centro Tecnológico COMIGO, CTC. Na ocasião, João Carlos falou sobre os instrumentos governamentais de apoio aos produtores rurais e garantia de abastecimento inseridos na Política de Garantia de Preços Mínimos.

Segundo o assistente de superintendência, o governo dispõe de subsídios de preços como o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa, PEPRO, e o Prêmio de Escoamento de Produto, PEP, que visa o pagamento a terceiros como indústrias e comerciantes. Mas para que esses instrumentos do Governo sejam colocados em prática esse ano e se defina quanto será disponibilizado para quais regiões, o Ministério da Agricultura e o Ministério da Fazenda devem entrar em um acordo para aprovação e publicação da Portaria, o que ainda não tem previsão."A aprovação da Portaria esse ano atrasou mais, e é ela que decidirá os parâmetros dessa comercialização", afirmou João Carlos.

Conab

A palestra abordou também as áreas de atuação da Companhia Nacional de Abastecimento, Conab, como o PAP, Programa de Aquisição da Agricultura Familiar. João Carlos apresentou ainda o sistema eletrônico de comercialização da Conab, que permite atividades da Companhia com terceiros, como a realização de leilões eletrônicos públicos.

Informações adicionais sobre o evento:

Fonte: Oficina de Comunicação – (62) 3225-4899

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