Especial Agrishow: Plano de treinamentos em aplicação de defensivos com segurança é fruto de parceria entre IAC e ANDEF

Uma parceria com o objetivo de desenvolver treinamentos direcionados à prática de aplicação de defensivos no Brasil será firmada entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, po

26.04.2016 | 20:59 (UTC -3)
Carla Gomes

A assinatura do documento será feita na Agrishow, que será realizada de 25 a 29 de abril de 2016, em Ribeirão Preto, interior paulista. O acordo prevê o desenvolvimento de um plano de treinamentos na área de tecnologia e segurança na aplicação de defensivos. O início das atividades está previsto para julho deste ano.

A ação em tecnologia e segurança na aplicação de defensivos será pioneira no teste de métodos e logísticas. O IAC é o responsável pela criação e execução do projeto, que se inicia com a participação da ANDEF, mas está aberto ao ingresso de outros parceiros, que poderão ser empresas e associações.

Segundo o pesquisador do IAC e executor do projeto, Hamilton Humberto Ramos, para o futuro, deve ser planejado um sistema eficaz de transferência de tecnologia para estruturar a habilitação de aplicadores no Brasil, com propostas como a do IAC, organizadas em diferentes estados. “O processo que precisamos seguir é semelhante ao do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV), que começou como um projeto de reciclagem dentro da ANDEF e uma usina piloto, em Guariba, atualmente é um instituto com vida própria que organiza toda a estrutura de recolhimento de embalagens no Brasil e esse sistema é modelo para o mundo", afirma o pesquisador.

Neste trabalho do IAC, serão realizados cursos teórico-práticos de nível avançado, com duração de 15 dias, sobre os temas ligados à tecnologia de aplicação e segurança no trabalho com defensivos. Haverá também visitas técnicas a empresas ligadas à fabricação e teste de equipamentos de proteção individual (EPI), estações experimentais de desenvolvimento de defensivos e empresas especializadas em ensaios de toxicologia. Para a fase inicial, são planejados estudos sobre seleção, uso e manutenção de EPI, tecnologia de aplicação para pequenas propriedades e as relações de trabalho previstas na NR 31, que disciplina sobre segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura.

“Adicionalmente, o IAC trabalhará para a constituição de conteúdos programáticos, materiais padronizados de treinamento e avaliação de agentes multiplicadores, bem como na elaboração de esquemas padronizados de estruturação física e financeira de outras ações de treinamento a serem desenvolvidas no Brasil", afirma Ramos.

O público-alvo é composto por professores de universidades e colégios técnicos, extensionistas e instrutores das diversas instituições envolvidas na transferência de tecnologia. “O público são pessoas que ajam como agentes multiplicadores. Para isso, dependendo do curso, precisam ter pelo menos nível técnico, mas para outros poderá ser exigido nível universitário", afirma Ramos.

O IAC responde pela equipe técnica que conduzirá os trabalhos e, quando necessário, serão convidados profissionais externos para compor o quadro de profissionais que atuarão nos cursos. “Os consultores “ad hoc" serão identificados e atuarão por curso, como forma de complementar o conhecimento já existente no IAC. Por exemplo, em um curso na área de segurança, conceitos de toxicologia são importantes e não temos isso no Instituto", esclarece.

O IAC possui estrutura adequada para o treinamento, com laboratórios estruturados para as atividades relacionadas à tecnologia de aplicação e segurança, espaço para aulas práticas de campo, além da proximidade de áreas para visitas técnicas, estação experimental de empresas, fábrica de produtos e de EPI e empresas de teste.

Segundo Ramos, a aplicação de defensivo é uma área que desperta grande interesse da sociedade, principalmente em função da sua relação direta com alguns aspectos da sustentabilidade da agricultura, como a contaminação do ambiente, alimentos e trabalhadores, além dos custos sociais envolvidos nesse processo. “Quando esse assunto é abordado, quase sempre enfatizam o lado negativo de sua utilização e o agricultor aparece como o grande vilão da história, o que não é em absoluto a verdade", explica.

De acordo com o pesquisador, o IAC tem trabalhado para mostrar que grande parte do problema vem do desconhecimento do trabalhador rural em relação ao tripé que compõe uma aplicação adequadamente realizada, composto por boa máquina, bem regulada e operada por trabalhador capacitado. Este conceito é amplamente trabalhado no Programa Aplique Bem, desenvolvido pelo IAC desde 2006, que já treinou 50.500 profissionais, em 22 Estados do Brasil e 812 municípios, até março de 2016.

Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a melhoria da qualidade das aplicações de produtos fitossanitários passa, necessariamente, por uma melhor capacitação dos técnicos, produtores e trabalhadores envolvidos. “É assim que a ciência agropecuária paulista alcança positivamente a saúde da população, como orienta o governador Geraldo Alckmin", afirma.

No Brasil, a capacidade total de treinamento de agricultores é de, aproximadamente, cem mil trabalhadores, considerando todas as instituições e projetos que têm a função de treinar, dentre elas o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o IAC, por meio do Aplique Bem, e outros. Porém, estima-se que o universo a ser treinado é de dois milhões de aplicadores de defensivos. Segundo Ramos, o tamanho do problema pode ser mensurado da seguinte forma: O Brasil tem 10% da população brasileira trabalhando na agricultura, isto é, cerca de 20 milhões de agricultores. Destes, 10% são aplicadores de defensivos. “O Brasil precisa urgentemente começar a discutir um sistema eficaz de transferência de tecnologia ágil e eficiente", avalia.

Para Ramos, apesar do relevante trabalho que vem sendo realizado por diversas entidades e empresas envolvidas no processo de transferência de tecnologia, observa-se uma falta de atualização técnica e metodológica de ensino por parte de professores, extensionistas e instrutores que atuam na transferência de tecnologias de aplicação de defensivos e segurança do trabalhador em manipulação direta e indireta de defensivos. “Estes treinamentos vivenciais podem ser considerados essenciais para melhoria da responsabilidade na aplicação de defensivos no Brasil, gerando benefícios incalculáveis à agricultura brasileira e à saúde ocupacional e ambiental nas regiões agrícolas", avalia.

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