Esalq: 45 anos de pós-graduação

23.12.2009 | 21:59 (UTC -3)

Consagração histórica, exaltação à intelectualidade e inspirados discursos marcaram, de forma singular, a comemoração dos 45 anos de Pós-graduação da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ).

A comemoração aconteceu no dia 14 de dezembro, na Sala da Congregação da instituição. Reunidos para o acontecimento encontravam-se o diretor da Escola, Antonio Roque Dechen, o presidente da Comissão de Pós-graduação, Celso Omoto, o coordenador do Campus, Wilson Roberto Soares Mattos, o vice-diretor do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), Antonio Vargas de Oliveira Figueira, a assistente acadêmica Márcia Maria Silveira, a chefe do Serviço de Pós-graduação, (SVPG), Ivete Aparecida Steffe, os coordenadores e ex-presidentes da Comissão de Pós-Graduação (CPG), os ex-assistentes acadêmicos e ex-chefes do SVPG, os secretários dos programas de PG e demais convidados.

Abrindo a cerimônia, o diretor da ESALQ destacou o ambiente em que viveu o idealizador da instituição, Luiz Vicente de Souza Queiroz, final do século XIX, quando foram fundadas a Escola Politécnica (1893); a Escola de Engenharia Mackenzie (1896); a Escola Livre de Farmácia (1898), todas em São Paulo; a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (1898), no Rio de Janeiro; a Escola de Engenharia (1896), em Porto Alegre; no início do século XX, em 1901, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”; e vários institutos de pesquisa, entre eles o Instituto Agronômico (IAC), em Campinas, fundado pelo Imperador D. Pedro II em 1887; o Instituto Paraense (1894), posteriormente chamado Museu Emílio Goeldi, em Belém; e o Instituto de Maguinhos (1900), no Rio de Janeiro.

Dessa maneira, o diretor estabeleceu um paralelo lembrando da visão que teve, na época, Luiz de Queiroz, em criar uma escola agrícola ou um instituto para educação profissional àqueles interessados em atuar no setor. Passeando pelas ações de Luiz de Queiroz, Dechen concluiu seu discurso lembrando que inspirada no mesmo pioneirismo de seu idealizador, a ESALQ não só é pioneira na Pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP), como é hoje, pioneira na implantação do Programa Internacional em Biologia Celular e Molecular Vegetal, envolvendo três instituições: a USP e as universidades norte-americanas The State University of New Jersey (Rutgers) e The Ohio State University.

Focado nos programas e consequente especialização de profissionais, o presidente da Comissão de Pós-graduação, Celso Omoto, abriu seu discurso dizendo que “com certeza, a excelência da pós-graduação da ESALQ é fruto da implantação de programas com bases sólidas e objetivos bem definidos desde o início, para formação de recursos humanos de alto nível nas diferentes áreas das Ciências Agrárias, Biológicas e Humanas. As metas atuais para atingirmos a excelência da pós-graduação já estavam traçadas há 45 anos...” e assim, continuou falando sobre regulamento, administração, internacionalização e desempenho acadêmico dos programas.

Aberta a palavra aos participantes, a ordem agora é de zelar, ainda mais, pela qualidade, em termos de formação do pós-graduando, do trabalho de pesquisa desenvolvido, da publicação decorrente das teses, prezando o compromisso da ESALQ com a sociedade brasileira. Para se ter uma idéia, a ESALQ soma 6824 titulações, das quais 304 são deste ano – 188 mestrados e 116 doutorados. A projeção para 2014, ou seja, quando a Pós-graduação completar seu jubileu de ouro, é de que cheguem a 8200 Apenas neste segundo semestre tivemos 45 deles originários de 13 países: Angola (1), Argentina (2), Colômbia (12), El Salvador (1), Egito (2), Equador (2), Japão (1), Moçambique (1), Panamá (2), Paraguai (2), Peru (12), Portugal (1), Venezuela (6).

Passando pelos ex-presidentes presentes no evento, Aristeu Mendes Peixoto, professor aposentado, que comandou a PG nos períodos de 1972-1973 e 1976-1977, declarou: “Assumi a CPG em 1970, em uma época complicada porque foi o ano em que a USP instalou sua PG e a ESALQ já havia começado em 1964. Então de início foi difícil que aceitassem em São Paulo as normas que já seguíamos em Piracicaba, que de certa forma eram mais liberais do que aquelas que estavam implantando. A Câmara de PG, em São Paulo, queria eliminar alunos que haviam feito apenas alguns créditos do Programa, se desligado para depois voltar a completá-los, diferente do que a Câmara de São Paulo permitia. Então tivemos que convencê-los a considerar créditos e defesas já realizadas. Outro ponto a ser destacado foi o convênio com a Universidade de Ohio, que trouxe para cá ótimos professores e permitiu que enviássemos pesquisadores e docentes para se especializarem por lá”.

Para Humberto de Campos, professor aposentado que geriu a CPG entre 1984-1985, “foi um período interessante a minha gestão, pois tivemos a implantação de novos cursos de doutorado e, ainda, o fortalecimento do mestrado. Eu aprendi muito durante minha permanência na CPG, confirmando que a Escola sempre manteve o caráter de vanguarda, desde a época em que lecionei nas primeiras turmas da pós, em 1964”.

O encontro de conhecimentos oriundos de várias partes do país foi destacado na fala de Décio Barbin, professor do departamento de Ciências Exatas (LCE), presidente da CPG nos períodos de 1988-1989 e de 1990 a 1992 . “A minha gestão foi em uma época de transição, da reforma do estatuto da Universidade, quando se criaram os conselhos centrais, dentre eles o de PG. Quando fui presidente, o pró-reitor era o professor Oswaldo Ubriaco Lopes. Sempre trabalhei próximo a ele e as ações na sua gestão sempre foram muito dinâmicas. Gostaria de destacar também a importância que o aluno da PG sempre teve na ESALQ, trazendo novas idéias de todos os cantos do Brasil e da América do Sul. A importância dessas novas idéias foi fundamental para o engrandecimento da pós-graduação na Escola, porque por aqui também passaram grandes profissionais formados em outras instituições”.

José Roberto Postali Parra, docente do departamento de Entomologia e Acarologia (LEA) e presidente da CPG, em 1993 e 1994, enfatizou as vantagens da informatização do sistema. “Na minha gestão ocorreu a defesa da tese número 3000, da aluna Margarida Fumiko Ito, orientada pelo professor Armando Bergamin Filho. Esse número foi muito significativo na época, embora hoje, a ESALQ esteja perto das 7000 titulações. Foi uma cerimônia muito prestigiada que inclusive contou com as presenças do reitor da USP, Flavio Fava de Moraes, e do diretor da Escola, João Lucio de Azevedo. Naquele período começamos a sentir os movimentos de termos que passar de um sistema artesanal de trabalho para um sistema computacional, pois a Capes começou a exigir teses informatizadas, além disso, mais publicações em revistas de impacto, o que exigia mais dos programas e de seus professores. Dessa forma, conseguimos melhorar o desempenho dos programas”.

A importância do regimento da PG na USP foi lembrada por Maria Lucia Carneiro Vieira, do departamento de Genética (LGN), que presidiu a CPG entre 1999 e 2001. “Quando fui presidente da CPG, a USP estava criando seu primeiro regimento da PG, então tivemos um período de adaptação, mas ao mesmo tempo um momento bastante profícuo, já que nos permitiu elaborar normas específicas para a Escola, em concordância com o regimento da USP. Em paralelo, ocorreu a implantação da matrícula on-line e, além disso, participei da elaboração do livro comemorativo dos 40 anos da PG na ESALQ, que é um registro da história dos cursos oferecidos. Trata-se de uma PG de muita qualidade, reconhecida no Brasil todo, que formou boa parte dos técnicos da Embrapa, dos institutos agronômicos, professores universitários e cientistas”.

Presidente da CPG entre 2003 e 2005, Clarice Garcia Borges Demétrio, do departamento de Ciências Exatas (LCE), lembrou da produção do livro comemorativo dos 40 anos da PG na ESALQ. “Tive a oportunidade de registrar em livro, junto com outros colegas, o histórico da pós-graduação quando completamos 40 anos. Foi um marco importante da minha gestão, apoiado pela diretoria representada pelo professor José Roberto Postali Parra. Outro ponto marcante foi que enfrentamos uma greve na USP, o que atrapalhou em algumas reuniões, mas contamos sempre com o apoio do Serviço de Pós Graduação, que garantiu que as entregas e defesas fossem realizadas de forma eficaz”.

Sergio Florentino Pascholatti, do departamento de Fitopatologia e Nematologia (LFN), presidiu a CPG entre 2007 e 2009 e registrou a inauguração do primeiro programa internacional. “Durante a minha gestão destaco o período do estabelecimento do regimento geral da pós-graduação da USP, o início do programa Internacional em Biologia Celular e Molecular Vegetal e, além disso, a publicação das dissertações e teses em ambos os lados da folha, visando economia de papel, o que foi uma medida adotada na USP a partir da iniciativa aqui na ESALQ”.

Programas

A ESALQ oferece 17 programas de pós-graduação. São eles: Biologia Celular e Molecular Vegetal (apenas doutorado em nível internacional); Ciência Animal e Pastagens (mestrado e doutorado); Ciência e Tecnologia de Alimentos (apenas mestrado); Ecologia Aplicada, programa interunidades ESALQ/CENA (mestrado e doutorado); Economia Aplicada (mestrado e doutorado); Entomologia (mestrado e doutorado); Estatística e Experimentação Agronômica (mestrado e doutorado); Física do Ambiente Agrícola (mestrado e doutorado); Fisiologia e Bioquímica de Plantas (mestrado e doutorado); Fitopatologia (mestrado e doutorado); Fitotecnia (mestrado e doutorado); Genética e Melhoramento de Plantas (mestrado e doutorado); Irrigação e Drenagem Mestrado e doutorado); Máquinas Agrícolas (apenas mestrado); Microbiologia Agrícola (mestrado e doutorado); Recursos Florestais (mestrado e doutorado); Solos e Nutrição de Plantas (mestrado e doutorado).

Presidentes da Comissão de Pós-Graduação

Friedrich Gustav Brieger (1964-1965), Eurípedes Malavolta (1968-1969), Ferdinando Galli (1970-1971), Frederico Pimentel Gomes (1966-1967 e 1974-1975), Aristeu Mendes Peixoto (1972-1973 e 1976 e 1977), Ernesto Paterniani (1978-1979), Joaquim José de Camargo Engler (1980-1981 e 1982-1983), Humberto de Campos (1984-1985), Irineu Humberto Packer (1986-1987), Décio Barbin (1998-1989 e 1990-1992), José Roberto Postali Parra (1993-1994), Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros (1995), Natal Antonio Vello (1996-1997), Marcos Vinicius Folegatti (1997-1999), Maria Lúcia Carneiro Vieira (1999-2001), Beatriz Appezzato-da-Glória (2001-2003), Clarice Garcia Borges Demétrio (2003-2005), Álvaro Pires da Silva (2005-2007), Sérgio Florentino Pascholati (2007-2009).

Chefes do Serviço de Pós-graduação

Fausto Arruda Ribeiro (1964-1968), Yvonne Casale Padovani (1968-1976), Dirce Alessi Pelegrino (1976-1991), Luzia Arana Soares (1991-1997), Marisa Rodrigues de Camargo Duarte (1997-1999), Roberta Helena Fiorotto Rodrigues Bacha (1999-2000) e Ivete Aparecida Steffe (2000-atual).

Alicia Nascimento Aguiar e Caio Albuquerque

Esalq

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