Epamig destaca em evento o processamento de azeite extravirgem

25.02.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Assessoria de Imprensa

Em franco crescimento em Minas Gerais, a olivicultura ganha consistência na região dos Contrafortes da Mantiqueira a partir da difusão da tecnologia desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG). Nessa quinta-feira (21) a Empresa realizou mais um dia de campo relacionado à olivicultura, desta vez, o foco foi o processamento de azeite extravirgem. O evento, realizado na Fazenda Experimental em Maria da Fé, Sul de Minas, foi aberto pelo secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Elmiro Nascimento, pelo secretário-adjunto da Seapa/presidente da EPAMIG, Paulo Afonso Romano, pelo prefeito de Maria da Fé, Adilson dos Santos, e pesquisadores da EPAMIG.

O secretário da Elmiro Nascimento destacou, na abertura, o fato de a EPAMIG ser considerada uma das melhores empresas de pesquisa do Brasil e sua importância nesse novo capítulo da economia de Minas Gerais. “Nós temos um potencial muito grande aqui em Maria da Fé. Aqui está o melhor azeite do Brasil e um dos melhores do mundo. O Brasil importa praticamente todo o azeite que consome, portanto, o potencial de mercado é imenso. Temos que concentrar esforços - o Governo de Minas e os governos municipais - para incrementarmos o desenvolvimento econômico desta região”, disse o secretário, que depois visitou os olivais e acompanhou extração de azeite.

- A importância da aprovação da indicação geográfica e da denominação do azeite dos Contrafortes da Mantiqueira (que engloba MG, SP e RJ), pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, também foi destacado pelo chefe da Divisão de Propriedade Intelectual da EPAMIG, Marcelo Alves. Segundo ele, a indicação geográfica é uma forma importante para se agregar valor ao produto azeitona/azeite. “O que se busca com a indicação geográfica é a qualidade, a uniformidade e a produção coletiva do produto; a preservação dos elementos históricos; as culturas tradicionais, sociais e econômicas”, explicou. Para garantir a genuinidade e a qualidade do azeite extravirgem produzido nos Contrafortes da Mantiqueira, a EPAMIG e a Associação dos Olivicultores dos Contrafortes da Mantiqueira (Assoolive) deram início ao processo de registro de indicação geográfica e denominação de origem desse produto. Em dezembro do ano passado fiscais federais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) de Brasília e dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro participaram de visita técnica à Fazenda Experimental da EPAMIG. A mesma equipe esteve presente no dia de campo realizado nessa quinta-feira. Segundo Marcelo Alves, caso obtido, este será o primeiro registro de origem de azeite de oliva no Brasil e na América Latina.

- A pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologias dos Agronegócios (Apta), São Paulo, Édna Bertoncini apresentou aos participantes noções da análise sensorial de azeite de oliva. Esclareceu que quanto mais amargo e picante o azeite, melhor a qualidade do produto. Mas, ressaltou a importância de se harmonizar os pratos. “Um azeite amargo e picante é para ser servido com pratos mais fortes, como salame, queijo, p.ex. Para alimentos mais delicados, como peixes, o ideal é o azeite doce”, explicou. Todos puderam degustar um bom azeite e visualizar e sentir os principais defeitos do produto, como os azeites que têm ranço, odor de azeitona em conserva, mofo, fungo, lodo, borra, vermes, etc.

- No meio dos olivais, a pesquisadora Carolina Zambon, mestranda em Botânica Aplicada/Universidade Federal de Lavras, falou sobre banco de germoplasma e resultados de alguns cultivares. Os participantes ouviram que o principal objetivo do banco de germoplasma não é a produção de azeitona em si, mas a coleção de diversas espécies de oliveira de várias partes do mundo. Outro objetivo é estudar e avaliar as diferentes variedades em uma mesma condição ambiental. “Os resultados desses estudos são importantes para se eleger variedades aptas à produção numa determinada região e inclusão em trabalhos com melhoramento genético”, disse. A escolha de uma variedade é fator determinante para assegurar uma boa produção e qualidade do produto final a ser comercializado. A pesquisadora selecionou dez variedades para falar sobre elas, três delas, ideais para a produção de azeite: Arbequina, espanhola que se adaptou muito bem na região dos Contrafortes da Mantiqueira; Koroneiki, da Grécia, e MGS Maria da Fé (ASC 315). E apresentou outras sete variedades, com baixa porcentagem de óleo, ideais para mesa. Segundo Carolina, um olival começa a produzir com quatro anos, mas terá uma boa produção com seis ou sete anos.

- Outro tema apresentado aos participantes foi a produção de cosméticos à base de azeite. As proprietárias da farmácia de manipulação Farma Oliva, de Maria da Fé, Andréa machado e Vânia Gonçalves, apresentaram um relato histórico sobre estudo e uso do óleo de oliva desde os anos VII e III A.C. No estande delas os visitantes tiveram acesso a sabonetes, esfoliantes, cremes para corpo e cabelos, aromatizador de ambientes, óleo trifásico, todos fabricados com o azeite produzido na Fazenda Experimental da EPAMIG.

- Dentro de um ônibus, onde a EPAMIG montou um pequeno laboratório, que viaja por Minas Gerais demonstrando pesquisas e publicações desenvolvidas pela da Empresa - projeto “Ciência Móvel EPAMIG”-, o pesquisador Êmerson Gonçalves, falou sobre o processamento de azeitonas de mesa e mostrou como se faz uma conserva artesanal. E comentou: “A azeitona tem gosto amargo. Em outros países esse gosto é o mais buscado. Já os latinos não gostam desse amargo em demasia. Nós usamos sal e água para retirar o amargor”, ressaltou. Ele chamou a atenção para a colheita da azeitona: “A colheita tem que ser bem delicada, pois os machucados vão influenciar muito na conserva. No processo artesanal a diferença é esta: A azeitona não é tão uniforme. Mas, há alguns artifícios para isso não ficar tão aparente, como: a retirada do caroço, a preparação com temperos; também podemos fatiar a azeitona”, disse.

- A extração de azeite de oliva foi um dos destaques do dia de campo. O pesquisador da EPAMIG Luiz Fernando de Oliveira explicou os passos da extração. Ressaltou a necessidade de se processar a azeitona em até 48 horas após a colheita – o ideal é até 24 horas após -, visando minimizar deterioração, para não diminuir a qualidade do azeite. Explicou o processo da extração: recepção, limpeza, armazenamento dos frutos, preparação da pasta, armazenamento e conservação do azeite, enchimento das garrafas. Luiz Fernando chamou a atenção dos participantes para o cuidado no transporte das azeitonas: “Para se ter um azeite de ótima qualidade é muito importante o cuidado no transporte da azeitona. Na caixa os frutos têm que ter, no máximo, 20cm de lâmina. Tem produtor que faz errado, amontoa 25 a 27 kg de azeitonas numa caixa só. Claro que isso vai influenciar na qualidade do azeite”, destaca o pesquisador.

Da produção de azeitona dos Contrafortes da Mantiqueira, 98% são processados na EPAMIG, em Maria da Fé. “A estimativa para 2013 é do processamento de cerca de 10 mil litros de azeite extravirgem, resultantes de uma produção regional de 80 mil toneladas de azeitonas”, calcula Luiz Fernando. Os produtores interessados em processar o azeite na EPAMIG devem agendar dia e horário na Fazenda Experimental em Maria da Fé: (35) 3662.1227.

A EPAMIG pesquisa há mais de 30 anos a cultura da oliveira na região da Serra da Mantiqueira. Em 2008 realizou em Maria da Fé a primeira extração de azeite de oliva no Brasil, feita em máquina artesanal. Em 2009 a EPAMIG adquiriu um extrator de azeite, importado da Itália, e o Núcleo Tecnológico Azeitona e Azeite passou a processar o óleo, em parceira com a Assoolive. O produto obtido alcançou índices de acidez entre 0,2 e 0,7% e foi classificado como extravirgem, com a qualidade similar aos melhores azeites do mundo.

No Brasil existem duas associações de produtores trabalhando para a instalação da cultura, uma em Minas Gerais e outra no Rio Grande do Sul. Segundo o presidente da Assoolive, Nilton Caetano, em Minas Gerais já estão plantados com oliveiras 1000 hectares com 500 mil plantas em 50 municípios. A Argos, com produtores dos estados RS e PR tem 105 hectares plantados com 42.500 plantas em 12 municípios. “Os números relativos à oliveira/azeitona/azeite, em Minas Gerais, têm subido rapidamente”, disse.

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