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Através de um projeto feito em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical, a empresa cearense Sabor Tropical, fabricante de cajuína, pretende lançar no mercado, em aproximadamente dois anos, corantes naturais extraídos do bagaço do pedúnculo de caju. Com isso, além de oferecer uma alternativa para os corantes artificiais, cada vez menos aceitos pelos consumidores, ela pretende resolver um problema do setor de cajucultura, atualmente: dar um destino para os resíduos da produção de suco e cajuína.
De acordo com Fernando Furlani, diretor da Sabor Tropical, um dos principais benefícios dos corantes é que eles irão permitir um aproveitamento melhor do bagaço do caju. Ele, hoje, é pouco usado - serve apenas para fabricação de doces e de ração animal. “Isso é um problema, porque são geradas toneladas desse material e ele precisa ter um destino”, afirma. Outra vantagem, segundo ele, é que o bagaço do caju permite a fabricação de corantes amarelos de tonalidades difíceis de obter no mercado a partir de fontes naturais.
Um desses tons de amarelo se assemelha ao do suco de laranja, informa Fernando Abreu, engenheiro de alimentos da Embrapa e responsável pela pesquisa que identificou o potencial do bagaço de caju como fonte de corantes naturais. Ele vem estudando o material há cerca de três anos e destaca que uma das vantagens da extração é a grande quantidade de resíduos disponíveis a partir da produção de sucos, cajuína e outros itens da cajucultura.
Os corantes amarelos do caju seriam uma alternativa, por exemplo, para uma substância que ainda hoje é usada na indústria alimentícia e vem sendo motivo de polêmica: o corante artificiai tartrazina. De acordo com um informe técnico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa desde a década de 70 demonstraram casos de reações alérgicas ao corante, como asma, bronquite, rinite, náusea, broncoespasmos, urticária, eczema e dor de cabeça.
O trabalho, atualmente, é o de identificar e separar os corantes presentes no extrato do bagaço de caju. Fernando Furlani explica que 11 deles já foram devidamente catalogados e podem ser usados como corantes – seis da cor amarela. O empresário ressalta que a fase é a mais importante, já que alguns corantes têm mais valor de mercado do que outros. “Se vendêssemos só o extrato, alguma empresa iria fazer essa separação e cobrar preços muito altos pelas substâncias”, diz.
Os corantes extraídos do caju são carotenóides. Essas substâncias são carotenóides são pigmentos de cor vermelha, alaranjada ou amarela, encontrados nas células de todos os vegetais. Entre os benefícios que eles trazem carotenóides estão a prevenção de doenças como o câncer e a ação como agentes antioxidantes e estimulantes do sistema imunológico. O exemplo mais comum desses elementos é o beta-caroteno, presente na cenoura.
De acordo com Fernando Furlani, a cenoura e o urucum estão entre as fontes mais usadas de corantes amarelos do mercado. Ele garante que o bagaço do caju, pela grande quantidade disponível oferece vantagem na extração, comparando-se com eles e outros vegetais. “Um dos corantes, a luteína, por exemplo, é extraída de um cravo”, afirma, ressaltando que a quantidade obtida é pequena.
Para quem se interessar pelo processo de produção de corantes naturais a partir do bagaço de caju, mais informações podem ser obtidas pelo e-mail
Sílvio Mauro,
Agência Funcap
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