Em implantação, canola apresenta bom desenvolvimento no RS
As primeiras lavouras semeadas apresentam bom estande de plantas, sendo possível observar as linhas bem definidas de semeadura
Reduzir a dependência da importação de trigo através do incentivo à produção nacional foi tema da reunião promovida pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) no dia 04/06. O evento online, que reuniu representantes da cadeia, debateu o cenário do trigo no País, com destaque para as possibilidades de aumento da produção do cereal em área de Cerrado.
“A pandemia da Covid-19 deixou evidente algumas vulnerabilidades da nossa economia e, no campo dos alimentos, podemos dizer que o trigo é a mais latente delas, tendo em vista que ainda somos muito dependentes da importação do trigo. A situação vivida por nós deixa clara a dificuldade do fornecimento do grão para atender as necessidades do mercado nacional, bem como a de compra por conta do custo alto da matéria-prima”, destacou o presidente-executivo da Abitrigo, Rubens Barbosa.
Sílvio Farnese, diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), ressaltou que o ministério acompanha atentamente as questões relacionadas ao trigo no País, principalmente no campo dos incentivos direcionados ao produtor, visando o aumento da produção interna e também nos quesitos que auxiliem o abastecimento do mercado, como a ampliação da cota de importação de trigo por ano, bem como as datas das janelas de compra do grão. Farnese avaliou o cenário para o trigo nesta safra: “Estamos otimistas com a produção de trigo deste ano, inclusive com a previsão de clima favorável. Da mesma forma, o produtor está motivado com os resultados do preço da soja, o que deve incentivar o cultivo do trigo”. Ele lembra, ainda, que no passado o governo precisava intervir mais no mercado, mas, hoje, o trigo nacional já alcança maior liquidez atendendo os requisitos da indústria na maioria dos casos.
Conforme a analista de mercado da Conab, Flávia Soares, a estimativa para este ano é que a produção nacional fique acima de 5,4 milhões de toneladas, com crescimento de 2,4% na área total e de 3% na produtividade. Estimativas iniciais nos principais estados produtores de trigo projetam uma área total próxima a 2 milhões hectares (ha), distribuídos no Centro-Oeste (MS, GO e DF) com 55 mil ha; Sudeste (SP e MG) com 164,3 mil ha; e Sul (PR, SC e RS) com 1,8 mil ha.
De acordo com o chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, a triticultura já conta com tecnologias capazes de assegurar o pleno abastecimento de trigo no Brasil sem depender das importações. Segundo ele, com dois ambientes bem distintos, o trigo pode ser produzido tanto na Região Sul, quanto no Cerrado. “É quase impossível que todos os diferentes ambientes sofram com frustração climática na mesma safra”, avalia Vieira. Ele lembra, porém, que a segurança no abastecimento depende do aumento da área de trigo tropical, que concorre com cultivos mais rentáveis no Centro-Oeste, como o feijão e o sorgo que estão com a cotação em alta. “Somente considerando a área de trigo de sequeiro, nós temos mais de 2 milhões de hectares aptos para o cultivo no Cerrado. Nossa meta é chegar a um milhão de hectares na região até 2025”, avalia Vieira, destacando que a meta é fruto de um projeto que está sendo construído em conjunto com diversos setores da cadeia produtiva e do Governo Federal.
Na Região Sul, a Embrapa Trigo investe em estratégias na difusão de tecnologias capazes de reduzir os custos de produção sem prejudicar o rendimento e a qualidade do cereal. “São avaliadas as diferentes regiões produtoras para indicar as melhores estratégias de manejo no sistema produtivo, buscando a rentabilidade final do produtor”, explica Osvaldo Vieira e resume: “Precisamos explorar as potencialidades de cada ambiente da melhor forma possível. O manejo correto passa pelo básico bem feito, mais do que pelo investimento em insumos”. As operações de semeadura estão em andamento com boa umidade do solo e temperaturas amenas na maioria das regiões frias (RS, SC e sul do PR), com implantação das lavouras praticamente finalizado no centro e norte do PR. No PR deverá ocorrer 6% de aumento na área com trigo (informações OCEPAR) e no RS o aumento poderá chegar a 20% na área (FecoagroRS).
Para o representante da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (ATRIEMG) Eduardo Abrahim, apesar do atraso no plantio de trigo na região, o clima tem sido muito favorável em MG e GO, com bom volume de chuvas e noites frias. No Nordeste, a Bahia tem crescido a produção de trigo irrigado e deve chegar a 30 mil toneladas neste ano.
Em São Paulo, 14 municípios respondem pelo cultivo do trigo, com expectativa de atingir 84 mil hectares. A falta de umidade na época ideal de plantio atrasou as operações e pode comprometer os rendimentos em algumas regiões, mas a previsão é chegar a 270 mil toneladas, segundo avaliação de Jose Reinaldo Oliveira, que atua nas operações de mercados da Castrolanda. “A produção de trigo em São Paulo está crescendo, principalmente em sequeiro, o que exige uma revisão urgente no zoneamento agrícola para garantir segurança ao produtor”, conclui Oliveira.
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