Embrapa Pecuária Sul destaca tecnologias na Expofeira de Bagé/RS

06.10.2011 | 20:59 (UTC -3)
Fabiana Machado Gonçalves

A 99ª Expofeira de Bagé, evento promovido de 7 a 16 de outubro no Parque de Exposições Visconde de Ribeiro Magalhães pela Associação e Sindicato Rural do município, conta mais uma vez com a participação da Embrapa Pecuária Sul (Bagé/RS). Nesta edição, o estande do centro de pesquisa vai contar com a presença de pesquisadores das áreas de forrageiras, solos e sanidade animal. Eles vão falar ao público sobre a importância do manejo da pastagem nativa, o reconhecimento dos campos sul-brasileiros e o ciclo biológico do carrapato bovino.

No estande, monolitos de solo e pastagem de campo nativo vão mostrar como o manejo correto do campo, além de melhorar o potencial produtivo, também pode beneficiar o solo e, consequentemente, todo o sistema de produção pecuária. São duas caixas de metal que revelam os efeitos do manejo adequado – pastagem mais alta e sistema radicular mais ativo e profundo – e do pastejo excessivo, resultante de manejo incorreto, evidenciando pouca massa de folhas na pastagem e raízes menos ativas e mais superficiais.

Outras consequências importantes para o campo nativo corretamente manejado são os serviços ecossistêmicos. O melhor desenvolvimento das raízes permite a exploração do solo em maior profundidade, aumentando o aproveitamento de água e nutrientes disponíveis. A água da chuva consegue maior infiltração, aumentando a disponibilidade para as plantas. A fertilidade natural do solo também é aumentada, com maior ciclagem de nutrientes e aumento no teor de matéria orgânica. O bom manejo reduz a incidência de solo descoberto, diminuindo as perdas de solo, água e nutrientes por erosão hídrica.

Além de tudo isso, ocorre o aumento da biodiversidade e da atividade da meso e microfauna do solo, melhorando as condições dos rizóbios em forrageiras leguminosas, que promovem a fixação de nitrogênio atmosférico, e das micorrizas em espécies gramíneas, que absorvem o fósforo do solo, diminuindo a incidência de pragas de solo.

O manejo adequado do campo nativo também tem como fundamento o reconhecimento das espécies que o compõem e a adoção de estratégias duráveis para o sistema de produção pecuária. Ao entender que é complexa a relação entre manejador, campo e rebanho, a Embrapa Pecuária Sul lança na Expofeira de Bagé o livro “Re”-conhecimento dos Campos Sul-brasileiros, de autoria do pesquisador José Pedro Trindade. A proposta é de um novo olhar sobre os campos sulinos, que permita o reconhecimento do potencial e da importância das pastagens nativas.

São apresentadas 13 espécies de forrageiras leguminosas e gramíneas nativas representativas da grande biodiversidade encontrada no Sul do Brasil. Além de descrever as principais características das plantas, o livro propõe um exercício de observação e reflexão sobre a composição de espécies e fisionomia nas diversas formações campestres em três perspectivas. A primeira, mais panorâmica, a partir do que o manejador pode perceber no campo quando está de pé, olhando para frente; a segunda, uma observação da composição de espécies a partir do momento em que ele direciona o olhar para o chão e observa ao redor dos seus próprios pés; e a terceira, quando o manejador se agacha para verificar os detalhes das plantas. O livro estará disponível no estande para os interessados.

Para ilustrar a diversidade do campo nativo e o potencial das espécies vegetais, serão apresentadas caixas com cortes de campo. Cada uma contém diferentes plantas forrageiras gramíneas e leguminosas encontradas na região do território do Alto Camaquã, abrangido pelos municípios de Bagé, Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini e Santana da Boa Vista (RS).

Outro destaque do estande da Embrapa Pecuária Sul é o ciclo biológico do carrapato bovino, também conhecido pelo nome científico Rhipicephalus (Boophilus) microplus. O ácaro é o agente transmissor dos parasitos que causam a Tristeza Parasitária Bovina (TPB), um dos principais motivos de perdas nos rebanhos do Sul do Brasil. O descontrole populacional do carrapato na criação bovina tem ainda como consequências a perda de peso dos animais, a redução na produção de leite e carne, menor fertilidade, a desvalorização do couro e o aumento dos gastos com medicamentos.

Na região Sul, a fase de maior parasitismo pelo carrapato ocorre nos meses mais quentes do ano, de setembro a maio. Na primavera, observam-se as menores infestações, pois o rigor do inverno elimina parte das fêmeas grávidas, ovos e larvas presentes na pastagem, promovendo uma "limpeza" dos pastos. Esse é, portanto, o melhor período para iniciar a imunização natural de terneiros e renovar a imunidade dos bovinos adultos contra a TPB. No verão, há um aumento da população, propiciado pela multiplicação dos carrapatos durante a primavera. Se não for controlado, o aumento populacional, será progressivo, atingindo um pico máximo no outono. Com a chegada do inverno, a população de carrapatos nas pastagens é mais uma vez controlada, reiniciando-se o processo de multiplicação na primavera seguinte.

Essa dinâmica populacional pode sofrer alterações em casos extremos de infestações do pasto. Em populações de campo muito reduzidas, por exemplo, é provável que não se observe a elevação do parasitismo durante o verão e o outono. Já em campos muito infestados, o parasitismo costuma ser alto já no início da primavera.

O conhecimento do ciclo de vida do parasito é, portanto, uma importante ferramenta que auxilia o produtor a tomar decisões de manejo para o controle da infestação. Ao entender os aspectos da vida do carrapato e a dinâmica populacional da região, é possível adotar medidas de manejo que promovam a redução das perdas econômicas. Nesse sentido, o público interessado poderá observar ao microscópio e em placas de vidro as diferentes fases de vida do carrapato – à exceção das ninfas, apenas vistas na pelagem dos animais –, desde os ovos até as formas adultas.

Os visitantes poderão conversar com os pesquisadores da Embrapa Pecuária Sul no estande preparado para a Expofeira de Bagé.

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