Agronegócio paulista exporta US$ 1,7 bilhão em janeiro
Uma maquete com manejo sustentável da produção de cana-de-açúcar, que mostra as pesquisas da Embrapa para o setor, foi apresentada na Feicana, feira referência em bioenergia, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, em Araçatuba, SP.
A feira é a mais completa vitrine do setor de bioenergia para a região Centro-Sul, onde empresários, colaboradores e políticos se reúnem, não somente para conhecer as novidades tecnológicas que surgem no mercado, mas para também discutir os novos rumos e demandas do setor.
Participaram a Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), a Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE), a Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza, CE), a Embrapa Monitoramento por Satélite (Campinas, SP) e a Embrapa Transferência de Tecnologia (Campinas, SP).
Na maquete, a vinhaça (resíduo da destilação da cana-de-açúcar) armazenada nas unidades produtoras é utilizada para irrigar a plantação de dendê, palmeira com alta produção de óleo vegetal, que tem grande necessidade de água, explica o pesquisador da Embrapa Pedro Abel Vieira.
"A palha da cana pode servir como matéria-prima para geração de energia elétrica, cobertura do solo ou para produção de etanol de segunda geração - produzido a partir da palha e não da cana. Para fechar o modelo sustentável, o monitoramento da emissão de gases e o monitoramento da safra por meio de satélites", diz Vieira.
Atualmente, o setor não sabe como utilizar a vinhaça sem poluir o ambiente. A ideia do dendê é usar áreas marginais de produção da cana, onde não é possível planta-la - mecanizadamente, para ter uma outra cultura e agregar valor a propriedade, descartando corretamente um resíduo, sendo que o dendê é uma das culturas com maior ganho na produção do biodiesel.
A utilização da palha da cana surgiu a partir da expansão da colheira mecanizada. Hoje não se sabe quanto de palha deve ser deixado no solo, a logística que deve ser utilizada e a viabilidade econômica.
Gases
Conforme o pesquisador, a emissão de gases pelas usinas também merece atenção. Considerando todo o processo do etanol - da produção à queima pelos veículos, há uma redução de 80% na emissão de gases causadores do efeito estufa quando comparado às emissões da gasolina. Esse número é sobre todo o processo. O desafio agora é detalhar as emissões de cada área da usina.
Por fim, os satélites serão utilizados como ferramenta para monitorar todas as áreas de produção dentro das usinas. O equipamento já foi desenvolvido. A pesquisa agora está na validação prática, ou seja, na instalação dos equipamentos em uma usina.
Além da maquete, foram expostos um banner sobre a palhada da cana e o vídeo do zoneamento agroecológico da cana.
O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar – ZAE
A proposta do zoneamento, coordenado pelo Chefe Geral da Embrapa Meio Ambiente Celso Manzatto, é fornecer subsídios técnicos para formulação de políticas públicas visando à expansão e produção sustentável de cana-de-açúcar no território brasileiro. O pesquisador explica que no trabalho foram utilizadas técnicas de processamento digital para avaliação do potencial das terras destinadas à produção da cultura de cana-de-açúcar em regime de sequeiro, sem irrigação plena. Para isso, considerou-se como base várias características dos solos, expressas espacialmente em levantamentos de solos e em estudos sobre risco climático, relacionados aos requerimentos da cultura, como precipitação, temperatura, ocorrência de geadas e veranicos. Os principais indicadores considerados na elaboração do Zoneamento Agroecológico foram a vulnerabilidade das terras, o risco climático, o potencial de produção agrícola sustentável e a legislação ambiental vigente.
De acordo com Manzatto, as terras com declividade superior a 12% foram excluídas, observando-se a premissa da colheita mecânica e sem queima para as áreas de expansão, as áreas com cobertura vegetal nativa, os biomas Amazônia e Pantanal, as áreas de proteção ambiental, terras indígenas, remanescentes florestais, dunas, mangues, escarpas e afloramentos de rocha, reflorestamentos, áreas urbanas e de mineração. Outra área excluída nos Estados da Região Centro-Sul, foram as cultivadas com cana-de-açúcar no ano safra 2007/2008, com base no mapeamento realizado pelo Projeto CanaSat – INPE.
“As áreas indicadas para a expansão compreendem aquelas atualmente em produção agrícola intensiva, produção agrícola semi-intensiva, lavouras especiais -perenes e anuais- e pastagens. Estas foram classificadas em três classes de potencial: alto, médio e baixo, discriminadas ainda por tipo de uso atual predominante (Ag – Agropecuária, Ac – Agricultura e Ap – Pastagem) com base no mapeamento dos remanescentes florestais em 2002, realizado pelo Probio-MMA”.
Os estudos foram realizados para os Estados da Federação não contemplados totalmente pelo bioma Amazônia. Foram empregadas as melhores informações temáticas e cartográficas disponíveis no país com escala de abstração de 1:250.000, quando possível. Os resultados estão apresentados em mapas de vários formatos e em tabelas com estimativas de áreas aptas à produção de cana-de-açúcar por município e tipo de uso da terra. O pesquisador informa que as estimativas demonstram que o país dispõe de cerca de 64,7 milhões de hectares de áreas aptas à expansão do cultivo com cana-de-açúcar, sendo que destes, 19,3 milhões de hectares foram considerados com alto potencial produtivo; 41,2 milhões de hectares como médio e; 4,3 milhões como de baixo potencial para o cultivo. As áreas aptas à expansão cultivadas com pastagens, em 2002, representam cerca de 37,2 milhões de hectares. “As estimativas demonstram que o país não necessita incorporar áreas novas e com cobertura nativa ao processo produtivo, podendo expandir ainda a área de cultivo com cana-de-açúcar sem afetar diretamente as terras utilizadas para a produção de alimentos”, diz Manzatto.
Cristina Tordin
Embrapa Meio Ambiente
(19) 3311-2608
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