Projeto brasileiro de pivô movido a energia solar transforma agricultura no Sudão
Projeto resultou em uma solução sustentável e eficiente para o cultivo em condições adversas no deserto africano
Os cogumelos são conhecidos e utilizados pelo homem há mais de três mil anos. Por suas propriedades nutricionais, são consumidos tanto na alimentação humana quanto como suplemento alimentar. Eles também são usados na medicina tradicional chinesa para maior resistência contra distúrbios orgânicos, além de serem muito consumidos por suas propriedades terapêuticas.
Porém, no Brasil os cogumelos são pouco consumidos, devido à baixa produção no país e ao seu elevado custo. Para aumentar o acesso e conhecimento dos agricultores e consumidores quanto ao cultivo desse fungo, a Embrapa publicou o livro “Produção de cogumelos por meio da tecnologia chinesa modificada – Biotecnologia e aplicações na saúde”. E essa publicação, agora em sua 3ª edição, está disponível gratuitamente para ser baixada no Portal Embrapa.
A publicação, grande sucesso de vendas da Livraria Embrapa, é composta por 13 capítulos que abordam as características dos cogumelos, os meios para a produção de sementes, como fazer uso da técnica JunCao na produção de algumas espécies e também informações sobre o manejo de pragas, controle biológico na cultura e técnicas de processamento e estocagem. Os últimos capítulos examinam detalhadamente as características fisiológicas dos cogumelos e a sua importância para a saúde humana.
Editora Técnica da publicação, Arailde Fontes Urben, pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, afirmou que a técnica JunCao de produção, ensinada no livro, foi lançada em 1983 e adaptada por ela para as condições brasileiras por meio de 110 a 120 combinações de substratos. Estes estudos chegaram a 23 combinações possíveis, que podem ser utilizadas pelos produtores para o cultivo de cogumelos comestíveis ou medicinais.
A pesquisadora da Embrapa lembra que já esteve em onze ocasiões na China, para conhecimento e estudos dos cogumelos, tendo sido, inclusive, professora em universidades chinesas.
A obra descreve, com detalhes, o uso da técnica JunCao no cultivo de algumas espécies de cogumelos e traz, também, informações sobre o uso de cogumelos na alimentação e na saúde e o manejo da cultura. A técnica JunCao, adaptada pela Embrapa para possibilitar seu uso no Brasil, utiliza espécies de gramíneas existentes na região do Distrito Federal, com condições controladas de temperatura e umidade. Pelo fato de aproveitar recursos agrícolas abundantes e inexplorados, a técnica traz benefícios sociais, ecológicos e econômicos.
Segundo Arailde Urben, por meio dessa técnica é possível produzir cogumelos até em pequenos espaços, como em apartamentos, por exemplo. Ela explica, também, que o cogumelo possui mais proteína que a carne bovina. E exemplifica afirmando que 100 gramas de cogumelos resulta em 34 a 36 gramas de proteínas, enquanto que as mesmas 100 gramas de carne bovina resulta em 14 gramas de proteína para o nosso organismo. Além disso, o cogumelo possui vitaminas do complexo B, vitaminas essenciais para o perfeito funcionamento do nosso corpo, e que ajuda no fortalecimento do nosso sistema imunológico.
A produção de cogumelos pode ser uma boa alternativa de renda para pequenos produtores. Além de seu consumo in natura na culinária, ele pode ser utilizado como base na formulação de diversos produtos, nas formas de shampoo, creme, pomada, extrato fluido, capsula, além de outros.
Avaliação de impacto
Técnicos da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia fizeram, em 2020, a avaliação do impacto que a técnica JunCao gerou na produção de cogumelos no país desde a sua disponibilização pela empresa, em 1977, e o resultado foi muito otimista.
Quanto ao impacto econômico resultado, esta tecnologia propiciou uma reestruturação da cadeia produtiva da fungicultura no Brasil. A produção de cogumelos no país teve seu início na década de 1950, com a chegada de imigrantes chineses e japoneses na região de Mogi das Cruzes, no Estado de São Paulo. No início, o cultivo era basicamente de cogumelos da espécie Agaricus biporus (conhecido comumente por Cogumelo de Paris ou Champignon). Entretanto, essa variedade é sensível a temperaturas mais altas (a temperatura ideal para o cultivo do Champignon é de 15 a 24 graus), fazendo com que os cogumelos importados da China ocupassem quase todo o mercado brasileiro.
Com a divulgação da técnica, e os mais de 50 cursos já realizados pela pesquisadora Arailde Urben para produtores de cogumelos do país, a realidade hoje no Brasil é bem diferente. A maior facilidade de acesso aos substratos (que podem ser encontrados com facilidade no país) resultou em aumento médio de consumo anual de cogumelos pelos consumidores brasileiros. Isso, devido à expansão da comercialização dos cogumelos in natura que hoje se encontram no mercado e que são utilizados para a alimentação: Shimeji (em variações branco e preto), Hiratake (uma variedade de Shimeji cor de rosa) e Shiitake.
Além disso, o maior conhecimento dos usos do cogumelo na medicina oriental promoveu no país o desenvolvimento da produção de cogumelos para fins medicinais, tais como o Agaricus blazei (Cogumelo do Sol) e o Ganoderma lucidum.
Com o aumento da produção, a avaliação do impacto da técnica no Brasil mostrou que o consumo de cogumelos, que em 1996 era, em média, de 30 gramas por pessoa ao ano, aumentou para 160 gramas por pessoa/ano em 2018.
Acesse a publicação aqui.
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