Embrapa mostra opções a plantadores de batata

27.05.2011 | 20:59 (UTC -3)
Bruno Zamora Teoro

Agricultores de uma região conhecida por ser, até a década de 1990, uma das maiores produtoras de batata do país, receberam da Embrapa informações sobre cultivares destinadas a melhorar a produção e garantir a volta da geração de renda com o tubérculo em “Dia de Campo” realizado em uma propriedade rural de Cristal/RS – a 160km de Porto Alegre –, no último dia 26. Tomada em boa parte pelo fumo, a área busca alternativas de renda por viver a ameaça de baixa demanda e preços em queda da planta base do cigarro.

O foco da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS) foi mostrar aos agricultores que há cultivares de batata adaptadas à região, que atendem as exigências do mercado, apresentam boa produtividade e podem ser uma opção viável de renda. A produção de Cristal, São Lourenço e as demais cidades vizinhas passou a ser descartada pelo comércio nas décadas passadas por um fator bem peculiar: a beleza – a falta dela, na verdade.

Plantando dez hectares de batata por ano em sua propriedade, em Cristal, o agricultor Erlando Podewils exemplificou os problemas vividos pela região com o tubérculo. De acordo com o produtor, a batata local vive dificuldades para entrar no mercado com as suas atuais variedades plantadas. “Temos um bom produto e usamos menos agrotóxicos. Mas, falta qualidade para a gente na questão da aparência”, afirma.

Um dos caminhos apontados pela Embrapa foi o plantio da BRS Clara, batata lançada no final do ano passado conhecida pela resistência a doenças e pela boa qualidade de mercado. “Trabalhamos com um material com grande resistência a problemas como a requeima, para diminuir os riscos de perdas para os agricultores, e que atenda ao que o mercado pede mantendo um bom nível de produtividade”, explica o pesquisador Arione Pereira.

A BRS Clara é resistente à requeima, doença devastadora para a bataticultura mundial, e apresenta boa aparência de tubérculo, podendo ser comparada com as principais cultivares em uso no mercado brasileiro. Qualidade de prateleira e desempenho na cozinha estão presentes na cultivar.

“A [BRS] Clara é uma das melhores cultivares que já vi na questão vegetativa. Dá pra se ver a olho nu as diferenças. Até agora, não tivemos nada de doenças na nossa plantação”, comenta o agricultor Walnei Thurow, dono da propriedade e da plantação que serviram de base para o “Dia de Campo”.

A cultivar seguiria o que, segundo Nélio Diniz Hubner, proprietário de uma empresa de comercialização de São Lourenço/RS, seriam as exigências da ponta final do processo, o consumidor. “Ele quer uma batata com uma boa cor e formato. A coloração não pode ser opaca, escura. O formato tem que ser uniforme, alongado, sem manchas ou divisões”, comenta. “O consumidor compra com os olhos”, argumenta, afirmação que também saiu da boca de boa parte dos participantes do “Dia de Campo”.

“Planto batata desde antes de nascer”, brinca Thurow, ao comentar que o cultivo é uma tradição de sua família e que aprendeu a atividade com o pai, ainda na infância. O agricultor lamenta o atual cenário vivido pela cultura na região e espera novos tempos com as últimas cultivares trazidas pela Embrapa. “A falta de inovação, de plantar cultivares que atendessem o que as pessoas querem, os baixos preços e a entrada forte do fumo diminuíram a área plantada de batata aqui na região”, analisa.

Atualmente, o produtor tem 7,8 hectares com o tubérculo. A BRS Ana – de sabor considerado altamente superior à média e também lançada pela Embrapa no ano passado – já é uma das principais apostas e fonte de elogios do agricultor, junto a BRS Clara, plantada pela primeira vez no início deste ano.

Ao todo, a Embrapa apresentou quatro cultivares no “Dia de Campo”, saindo da BRS Baronesa, tradicional e há mais de 50 anos presente nas propriedades, e chegando até as BRS´s Clara e Ana, lançadas recentemente e grandes apostas do segmento.

“É difícil conseguir a tecnologia para oferecer uma nova cultivar, uma nova opção para os agricultores. Sementes ainda são um dos maiores custos de produção”, comentou o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Clima Temperado, João Carlos Costa Gomes.

“É importante termos [o Brasil] domínio disso. E nesta questão, acredito, a Embrapa tem ajudado consideravelmente o agricultor”, expôs Gomes, que também alertou para a possibilidade da produção familiar de batata entrar em mercados alternativos, como o da merenda escolar – também uma forma de diversificação ao fumo. “A Embrapa está à disposição para incentivar essa produção”, complementou.

: Assessoria de Imprensa/Embrapa Clima Temperado

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