Embrapa Meio Ambiente realiza dia de campo sobre troca de saberes em práticas agroecológicas

15.05.2012 | 20:59 (UTC -3)
Cristina Tordin

A equipe de pesquisadores, analistas e bolsistas da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), que desenvolvem projetos e ações em Agroecologia, promove em 17 de maio, a partir das 14h, no Sítio Agroecológico, dia de campo para o intercâmbio de conhecimentos referentes a diferentes práticas de base agroecológica.

Na visão desta equipe, a agroecologia se apresenta como uma importante alternativa ao agricultor familiar frente às dificuldades econômicas, tecnológicas, sociais e ambientais impostas a este setor pelo sistema convencional de produção.

A abordagem agroecológica associa o conhecimento técnico e as experiências práticas dos próprios agricultores para desenvolver sistemas agrícolas complexos que apresentem uma dependência mínima de insumos agroquímicos e/ou externos, visando garantir sua sustentabilidade econômica, social e ambiental.

O dia de campo começa com a apresentação da proposta e organização dos grupos de visitação. O público esperado, em torno de 120 pessoas, composto por agricultores, técnicos e estudantes, visitarão 5 Estações onde serão abordadas técnicas de recuperação de áreas de preservação permanente, sistemas agroflorestais (SAFs) e consórcios de frutíferas, conservação do solo e barraginha, coleção de espécies forrageiras, adubação verde e a criação racional de abelhas sem ferrão (meliponicultura).

A importância das ações de recuperação de matas ciliares situadas nas margens de córregos e rios, ou seja, das denominadas Áreas de Preservação Permanente (APPs), vão muito além da regularização ambiental das propriedades rurais. Estas ações promovem a contenção de processos erosivos, o aumento de volume e a melhoria da qualidade da água destes córregos e rios bem como o aumento da biodiversidade da flora e fauna locais.

Nas APPs do Sítio Agroecológico pode-se observar diferentes técnicas de recuperação de matas ciliares que, a partir do plantio de espécies arbóreas nativas da Mata Atlântica, combinam diferentes sistemas agroflorestais (SAFs) como o de produção de espécies frutíferas e medicinais, como também as diferentes práticas de manejos de espécies espontâneas que permitem uma avaliação da eficiência técnica e econômica destas diferentes práticas.

Os sistemas agroflorestais são combinações de árvores e cultivos agrícolas. Visam, ao mesmo tempo, a melhoria ambiental e a obtenção de renda a curto, médio e longo prazo. Podem ter desenhos mais abertos e alinhados, combinando cultivos agrícolas e árvores, nos quais ficam facilitadas as operações agrícolas. Outra possibilidade são os SAFs mais fechados, imitando a mata natural. Podem contemplar cultivos anuais, arbustos, fruteira, árvores nativas pioneiras e secundárias, em configurações as mais variadas e buscando objetivos ambientais e econômicos os mais diversos, sendo mesmo possível sua utilização em áreas de reserva legal e de preservação permanente.

Na criação racional de abelhas nativas sem ferrão utilizam-se recursos naturais de livre acesso (floradas). Na meliponicultura há a possibilidade de criação em pequenas propriedades rurais e ambiente urbano. Podem ser utilizados materiais recicláveis e de baixa manutenção. A meliponicultura oferece várias opções de exploração (produtos, serviços de polinização, venda de colônias e matrizes, serviços ambientais, educação ambiental). A atividade não demanda dedicação exclusiva e pode contemplar a participação de todo módulo familiar. Além disso pode-se ter uma inter-relação com outras atividades agrícolas (sistemas agroflorestais) e há a geração de serviços ambientais (polinização de espécies nativas e em sistemas agrícolas, melhoria da produtividade, manutenção da biodiversidade da fauna e flora.

Coleção de espécies forrageiras é o cultivo de gramíneas e leguminosas de diversas espécies, que podem ser utilizadas como alimento para o gado e outras criações, sem oferecer qualquer risco à saúde dos mesmos. Esse tipo de coleção serve ao agricultor para a experimentação da adaptação de diferentes espécies às condições locais (solo, clima, infraestrutura, entre outros) e para a troca de experiências. Além disso, também tem como finalidade o cultivo de espécies pouco conhecidas que precisam ser resgatadas e conservadas, devido à sua rusticidade e elevado valor nutricional.

As barraginhas (ou bacias de contenção de água) têm como função interromper o fluxo das enxurradas, forçando a infiltração da água no solo. Sua instalação provoca dois efeitos positivos, pois atua no controle de processos erosivos e aumenta a umidade do solo. Protegem, desta maneira, o solo e amenizam os efeitos da estiagem. De simples construção e baixo custo, têm sido amplamente empregadas em várias regiões, sobretudo no norte de Minas e no Semiárido.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

LS Tractor Fevereiro