Embrapa e Abiquim assinam acordo de cooperação

17.10.2012 | 20:59 (UTC -3)
Vivian Chies

A Embrapa firmou neste mês de outubro um acordo de cooperação com a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), que reúne cerca de 150 empresas do setor em todo o País. O documento serve de suporte principalmente para os trabalhos em conjunto entre a associação empresarial e a Embrapa Agroenergia (Brasília/DF), que tem inserido em sua carteira de projetos pesquisas para aproveitamento da biomassa na geração de produtos químicos de fontes renováveis.

Para o chefe-geral da Embrapa Agroenergia, Manoel Souza, a parceria será importante para subsidiar o centro de pesquisa principalmente em seus trabalhos que têm objetivo de agregar valor a coprodutos e resíduos, especialmente da produção de biocombustíveis. “Nós temos direcionado nossas pesquisas para o aproveitamento total da biomassa no conceito de biorrefinarias e o apoio da Abiquim certamente contribuirá para que alcancemos bons resultados”, salienta. “A assinatura desse acordo vai ao encontro da lógica em que temos trabalhado durante todo este ano de nos aproximar das entidades representativas do setor empresarial. Juntos, temos maior eficácia na identificação dos gargalos do setor e na geração de tecnologias”, acrescenta.

O presidente da Abiquim, Fernando Figueiredo, afirma que o acordo vai facilitar a aproximação entre as empresas associadas e a instituição de pesquisa. “A Embrapa é referência internacional em pesquisa relacionada ao setor agropecuário e, com certeza, um dos pontos de desenvolvimento da nossa indústria vai ser a química de fontes renováveis”, diz.

Para Figueiredo, um dos grandes desafios atualmente é transformar ciência em inovação. Em debate com a equipe da Embrapa Agroenergia, em 9 de outubro, eles ressaltou que os investimentos em tecnologia são fundamentais para o desenvolvimento da química de produtos renováveis.

“As oportunidade estão aí e precisamos saber aproveitá-las”, enfatiza. Ele deu como exemplo a glicerina. Cada dez toneladas produzidas de biodiesel gera uma de glicerina, que é subaproveitada, enquanto a indústria farmacêutica importa o produto. Manoel Souza informou que a Embrapa Agroenergia está estudando o aproveitamento da glicerina para geração de produtos químicos por meio de microrganismos.

Espécies vegetais já estudadas pela Embrapa, como a cana-de-açúcar, a soja, o dendê e a mamona podem ser utilizadas para a produção de diversos produtos químicos, substituindo o petróleo como matéria-prima. Pesquisadores estão trabalhando para, por exemplo, obter nanofibras de celulose a partir dos cachos vazios de dendê, que poderiam, então, ser utilizadas como reforço da borracha natural. Outra linha de pesquisa que a Embrapa Agroenergia está começando é a de aproveitamento dos açúcares de cinco carbonos do bagaço da cana-de-açúcar (pentoses) para a geração de compostos químicos de alto valor agregado.

O Pacto Nacional da Indústria Química (PNIQ, disponível em

), firmado em junho de 2010, estabelece como uma das metas posicionar o Brasil como líder em Química Verde no mercado internacional. Custo, integração das cadeias produtivas, aceitação do consumidor e sustentabilidade estão entre os fatores determinantes para o crescimento da participação da biomassa como matéria-prima para o setor. Atualmente, apenas 7% dos produtos químicos da indústria mundial vêm de fontes renováveis, informa a Abiquim. Outra meta do PNIQ é tornar o Brasil superavitário em produtos químicos até 2020. Apesar de a indústria química brasileira ocupar a sétima posição no mercado mundial, a balança comercial do setor é deficitária. Em 2010, as importações superaram as exportações em cerca de 20 bilhões dólares.

Como primeiro resultado do acordo recém assinado, a Abiquim já é apoiadora do Simpósio Nacional de Biorrefinarias, promovido pela Embrapa Agroenergia. A segunda edição do simpósio será realizada de 24 a 26 de setembro de 2013, em Brasília/DF. Na opinião de Fernando Figueiredo, o evento será uma excelente oportunidade para reunir empresas a fim de discutir o tema. O primeiro Simpósio deu origem a um livro e a uma revista sobre o tema, que estão disponíveis no site da Embrapa Agroenergia (

).

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