Prêmio ANDEF destaca iniciativa de colaborador da BASF junto à comunidade
As ações da Equipe de Agroecologia da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP) na construção do conhecimento agroecológico em assentamentos rurais do Estado de São Paulo, indicando fases, métodos e impactos ecológicos e socioeconômicos foram apresentadas na VI Jornada de Estudos de Assentamentos Rurais, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri/Unicamp), em 21 de junho de 2013. O trabalho apresentado tem como autores os pesquisadores João Carlos Canuto, Joel Leandro de Queiroga, Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, Kátia Sampaio Malagoli Braga e Mário Artemio Urchei, da Embrapa Meio Ambiente.
Conforme os autores do trabalho, “o foco destas ações foi a implantação de sistemas biodiversos, na forma de agroflorestas e o desenvolvimento de ações em vários assentamentos rurais do Estado de São Paulo desde 2006 - Sepé Tiaraju, em Serra Azul, Pirituba, em Itapeva, Mário Lago, em Ribeirão Preto, XVII de Abril, em Restinga e Antonio Conselheiro e Palu, no Pontal do Paranapanema.
Dentro de uma concepção de “transição agroecológica”, as ações foram desenvolvidas de forma diferenciada em cada assentamento e em cada família. Foram promovidas visitas de intercâmbio com experiências consolidadas e áreas de observação foram estabelecidas, que se tornaram referências para iniciativas dos agricultores em seus lotes. Em uma segunda fase, formou-se uma rede diversificada, com ênfase em sistemas agroflorestais – SAFs (sistemas agroflorestais).
Essas experiências - denominadas de Unidades de Referências (URs), são áreas que conjugam diversas ações, como experimentação, validação, adaptação, apropriação e irradiação do conhecimento agroecológico. Atualmente muitas dessas URs desempenham o papel de gerar melhorias técnicas e ecológicas nos lotes dos agricultores do entorno (como por exemplo, qualidade dos solos, das águas e da agrobiodiversidade), com repercussões sociais e econômicas como a permanência no campo, aumento da autoestima, da segurança alimentar e da renda financeira das famílias assentadas.
Conforme os autores “o eixo condutor dos trabalhos foi pautado a partir dos sistemas agroecológicos biodiversos, com ênfase nos SAFs, opção resultante do primeiro diagnóstico realizado pela equipe da Embrapa Meio Ambiente, com a participação das famílias assentadas”.
Os SAFs são formas de uso e ocupação do solo em que cultivos agrícolas anuais, árvores, tubérculos, trepadeiras e animais são consorciados, de forma simultânea ou em sequência temporal. Têm como uma de suas características a oferta diversificada e escalonada de produtos. Vale ressaltar que podem ser desenhadas de diversas formas e isso depende do objetivo do agricultor quanto à escolha de produtos a curto, médio e longo prazo.
Destaca-se a construção de indicadores de sustentabilidade com a participação efetiva dos agricultores. “Antes da formulação de um indicador, foi importante a compreensão dos agricultores sobre o sentido do monitoramento: um instrumento para entender os sistemas, verificando pontos positivos e deficiências”, dizem os autores.
A utilização de SAFs também mostrou uma clara redução dos impactos negativos de longos períodos de estiagem. Os SAFs, à semelhança da floresta natural, criam um microclima no qual é incrementada a infiltração da água das chuvas e reduzida a evapotranspiração, sendo que o solo tende a reter mais a umidade do orvalho noturno, proporcionado ao sistema uma importante vantagem microclimática em comparação aos sistemas de monocultivo.
A equipe vem enfatizando que “com relação à dimensão econômica, observa-se, especialmente nos sistemas mais avançados, que tanto a produção para consumo familiar como os excedentes para o mercado, mostram um desempenho muito interessante. As famílias passaram a dispor de maior quantidade, diversidade e qualidade de alimentos. Nota-se também que a sazonalidade na oferta de produtos se reduz muito em relação aos monocultivos”.
Devido à diversidade de produtos agrícolas, as colheitas se distribuem mais equitativamente no tempo e, consequentemente, a entrada de recursos financeiros ao longo do ano oferece uma situação mais estável à economia doméstica.
Apesar das melhorias evidentes nos sistema produtivos dos assentados, o trabalho vinha carecendo de mecanismos de comprovação dos seus resultados, na forma de dados e análises em que pudesse ficar evidenciado o desempenho dos sistemas biodiversos. Este esforço está hoje em andamento e indica o preenchimento das lacunas existentes em termos de concepção de indicadores
Os trabalhos de monitoramentos de indicadores de sustentabilidade em assentamentos rurais do Estado de São Paulo já trouxeram inúmeras informações, especialmente sobre os seguintes parâmetros relacionados aos sistemas biodiversos: estratificação do sistema, grau de biodiversidade, de agrobiodiversidade, estádio da sucessão ecológica, fertilidade do solo, presença de plantas espontâneas, cobertura do solo, presença da fauna, grau de erosão, umidade do solo, mão de obra e renda.
Estes e novos conhecimentos poderão auxiliar na constituição de bases para reforçar a estabilidade, a aplicação socialmente ampliada e a consolidação técnica, econômica, sócio-cultural e política dos sistemas biodiversos. Por exemplo, pode-se avançar em questões muito relevantes para os sistemas biodiversos, como a geração de índices de produtividade, retorno econômico, custos de produção, renda, segurança alimentar, serviços ecossistêmicos, permanência, entre outros, os quais servirão como subsídios para novas políticas públicas.
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