Embrapa alerta sobre a mosca-das-frutas, praga que ataca a cafeicultura

24.05.2012 | 20:59 (UTC -3)
Higor Sousa Silva e Cristiane Vasconcelo

A cafeicultura é uma importante fonte de renda para a economia brasileira, participando na receita cambial, na transferência de renda aos outros setores da economia e gerando a formação de capital no setor agrícola do País. Durante todo o processo de produção, desde o plantio até a colheita, problemas fitossanitários ocorrem nos cultivos de café, entre os quais a praga mosca-das-frutas. O Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, uma unidade da Embrapa, empresa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), desenvolve pesquisas que contribuem para o controle de uma das pragas que atacam as lavouras cafeeiras. A mosca-das-frutas também ataca outras culturas como: manga, mamão, pitanga, goiaba, acerola, entre outros.

De acordo com o gerente-geral da Embrapa Café, Gabriel Bartholo, a mosca-das-frutas apresenta um ciclo de vida em que seu período larval se desenvolve especialmente no interior dos frutos, alimentando-se, em geral, de sua polpa. Esse inseto faz parte de um grupo de pragas da fruticultura mundial e ataca de forma secundária a cafeicultura. “O seu ataque provoca fermentação indesejável no fruto e como conseqüência traz prejuízos à qualidade do café”, explica.

As três principais espécies da mosca-das-frutas que atacam o café são Anastrepha fraterculus; Anastrepha amita e Ceratitis capitata, que predomina na cafeicultura. A espécie C. capitata é a menor entre a mosca-das-frutas que ocorre na agricultura brasileira. É uma praga de clima tropical e subtropical. “Algumas espécies são mais invasoras e altamente colonizadoras, como a Ceratitis capitata, e outras têm distribuição restrita e baixa capacidade de se adaptar a novos ambientes, como a maioria das espécies das regiões temperadas, do gênero Ragholetis. As larvas do inseto são a porta de entrada para outros microorganismos e patógenos que provocam doenças no cafeeiro”, ressalta Bartholo.

Danos – Em regiões de clima quente como o Oeste da Bahia, o Sul e Cerrado de Minas Gerais, e principalmente em lavouras irrigadas, a presença das larvas consumindo a polpa do café aceleram a fase de grão cereja do fruto, passando este rapidamente para a fase de passa e seco. O ataque da mosca-das-frutas na polpa, além de prejudicar a qualidade da bebida, constitui foco de infecção. Pode, também, causar apodrecimento e queda dos frutos. Os períodos dos ataques coincidem com o período de maturação do café cereja.

Controle da mosca-das-frutas – Não é recomendável o uso de controle químico da mosca-das-frutas na cafeicultura. O método mais eficaz consiste no controle biológico, fazendo a avaliação das espécies de mosca-das-frutas e suas classificações, em cada região. A principal finalidade desse sistema de monitoramento é capturar as fêmeas que, no período que antecede o início da oviposição, precisam de grandes substâncias protéicas e carboidratos. Os machos também são coletados nas armadilhas. Com esse método, insetos são capturados através do uso de armadilhas e também são coletados frutos contendo ovos e larvas que, posteriormente, seguem para análise.

As principais armadilhas usadas no Brasil são as seguintes: MacPhail – confeccionada em plástico ou vidro; biológica - confeccionada em plástico ou vidro e Pet – confeccionada a partir de recipientes de refrigerante de 2 litros. Todos os exemplos citados utilizam como atraente alimentar o melaço de cana-de-açúcar a 5-7% ou proteína hidrolisada de milho a 5%. O tempo de troca das armadilhas é de 7 a 10 dias, dependendo da época do ano. Deve-se evitar inseticida na calda colocada nas armadilhas.

Os modelos mencionados capturam tanto Ceratitis capitata como as espécies de Anastrepha. Com um manejo adequado da lavoura e o monitoramento das principais pragas, também conhecidas como pragas-chave, de cada região cafeeira, certamente a sustentabilidade da produção e do meio ambiente estão garantidos.

O Consórcio Pesquisa Café atua por meio de pesquisas desenvolvidas pelas entidades consorciadas que, no caso específico são: a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Embrapa Café.

Mais resultados das pesquisas sobre o controle da mosca-das-frutas no site da Epamig, ou acesse diretamente o link da circular técnica

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