Elevação dos custos de produção e menor rentabilidade preocupam produtores rurais

28.05.2015 | 20:59 (UTC -3)

O cenário para a safra 2015/2016 preocupa os produtores rurais, e um dos motivos dessa apreensão é a atual situação da economia brasileira e mundial. Com o dólar em alta, deve-se gastar mais com os insumos para a próxima safra, com defensivos e fertilizantes, pois grande parte destes produtos é importada. A previsão também é de queda da rentabilidade para as principais commodities negociadas em bolsa, o que deve gerar margens mais apertadas de lucro e crescimento em menor ritmo do setor agropecuário.

Este foi um dos temas discutidos, na última quarta-feira (27/5), em reunião do Grupo de Trabalho (GT) Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Formado pelo Núcleo Econômico da CNA e por representantes de federações de agricultura e pecuária para discutir os principais temas de impacto para o setor agropecuário, o GT busca propostas para sanar os gargalos da produção e apresentá-las ao governo federal.

O segundo encontro do GT foi realizado com presenças de técnicos na sede da CNA e também por videoconferência, com a participação de 12 federações: Acre (FAEAC), Bahia (FAEB), Distrito Federal (FAPE-DF), Espírito Santo (FAES), Goiás (FAEG), Maranhão (FAEMA), Minas Gerais (FAEMG), Mato Grosso (FAMATO), Mato Grosso do Sul (FAMASUL), Paraná (FAEP), Rio Grande do Sul (FARSUL) e São Paulo (FAESP). As entidades aproveitaram as discussões para encaminhar suas demandas e relatar os principais problemas vividos nos estados pelos produtores.

A preocupação do setor com a situação econômica do país foi confirmada em palestra do economista Luiz Suzigan, da LCA Consultores, convidado para a reunião. Na qual foi traçado um cenário da economia brasileira e mundial e seus impactos no agronegócio. “No ano passado, os insumos foram adquiridos com o dólar em um patamar inferior aos preços de comercialização. Isso deu um fôlego ao produtor. Neste ano, o que observamos é uma tendência de inversão de cenário”, alertou o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, Renato Conchon, que coordenou a reunião.

Uma das alternativas propostas para evitar a estagnação da economia é o aumento das exportações, segundo a superintendente de Relações Internacionais da CNA, Alinne Oliveira. No encontro, ela tratou dos principais pontos do setor, que se reflete sobre o Plano Nacional de Exportações (PNE), que será lançado pelo governo federal para fortalecer e alavancar as exportações e promover o crescimento econômico. O plano tem contribuições da CNA para alavancar o agronegócio brasileiro, como a busca por acordos bilaterais e maior acesso a mercados.

Outro ponto que preocupa os produtores rurais é o aumento do custo da energia elétrica no campo, de acordo com o coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias. Dados apresentados na reunião mostram que os custos com a energia elétrica subirão de 55% a 60%, por conta da crise hídrica, que fez com que o governo federal elevasse as tarifas de energia e implantasse a cobrança das bandeiras tarifárias, e não contemplasse atividades como aquicultura e irrigação da lista de beneficiárias das tarifas especiais em horários diferenciados, que permitiam descontos de até 90% na conta, incluindo esse desconto sobre as bandeiras. “É certo que vai ter aumento do custo e isso pode inviabilizar algumas atividades”, ressaltou Ananias.

O encontro também abordou outros temas. Um deles foi a política agrícola. Os participantes relataram problemas de venda casada (liberação de crédito pelos bancos, condicionada à contratação de outros serviços fornecidos pela instituição) e de contratação do seguro rural, além da desatualização do zoneamento agrícola de risco climático (ZARC). O coordenador econômico da CNA falou, ainda, sobre as propostas da CNA para o Plano Nacional de Desburocratização e o Plano Plurianual 2016-2019.

Também no encontro, o superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA), Otávio Celidônio, fez uma apresentação do banco de dados do instituto, que é ligado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO). A ferramenta acompanha todas as etapas de produção no estado. Com este instrumento, o IMEA faz a conjuntura econômica de várias culturas e fornece informações estratégicas que servem de subsídios ao setor agropecuário.

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