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Como o trigo tem uma produção mais diversificada -- geograficamente falando -- o El Niño pode ter impactos significativos e diversos nas lavouras de trigo dos principais países produtores e exportadores do mundo, prevê a hEDGEpoint Global Markets em novo relatório “El Niño e seus efeitos no mercado de commodities”.
"Antes de falarmos sobre o impacto específico em cada região, é importante mencionar que o ONI - indicador das fases do fenômeno - apresentou aumento rápido em março. A partir disso, as principais previsões apontam para um aquecimento lento da região, com condições neutras ou positivas de El Niño prováveis para junho e agosto", observa Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da companhia especializada em commodities.
O El Niño provavelmente trará suas anomalias climáticas a partir de junho, o que significa que ele deve ter uma influência menor nas safras de inverno do hemisfério norte. Consequentemente, entre os grandes produtores e exportadores, aqueles em que o trigo de primavera tem papel relevante na oferta, como Canadá, Rússia e Estados Unidos seriam mais afetados pelo fenômeno climático. Durante o El Niño, esses países podem experimentar padrões irregulares de chuva que levam a secas, impactando negativamente o plantio e colheita do cereal.
O Canadá, um dos principais produtores de trigo, pode experimentar clima quente e seco nas pradarias do sul durante os anos de El Niño, levando à redução da produtividade e da qualidade do trigo, segundo a hEDGEpoint. Para este ano, o Canadá pode ser o produtor mais impactado no hemisfério norte, já que o trigo de primavera responde por aproximadamente 92% da produção do país. A cultura é semeada entre maio e junho e colhido em agosto, estando, portanto, exposta ao El Niño.
Na Rússia, maior exportador de trigo do mundo, o El Niño traz um clima frio e seco que costuma prejudicar as produtividades. No entanto, a safra primavera responde por cerca de 26% da produção do país e o de inverno é colhido em julho -- o que significa que a safra russa é menos impactada pelo El Niño. Além disso, as perspectivas para a safra de inverno são positivas e os estoques de passagem são historicamente altos, já que a Rússia vem de uma safra recorde em 2022/23.
Já nos Estados Unidos, os impactos do El Niño provavelmente serão neutros a positivos. O trigo de inverno estará próximo do período de colheita, enquanto os principais estados produtores de trigo de primavera -- como Montana, Dakota do Norte e Minnesota, que respondem por cerca de 82% da produção de trigo de primavera -- geralmente recebem precipitação acima da média e temperaturas mais frias do que o normal.
"Embora o trigo de primavera represente apenas 32% da produção de trigo dos EUA, a produtividade mais alta causada pelo El Niño pode compensar parcialmente as más condições observadas nos principais estados produtores de trigo de inverno, como o Kansas", destaca Dias. "Com a área plantada recorde esperada para a safra 23/24, os EUA devem ter uma grande produção de trigo na temporada", acrescenta.
No hemisfério sul, Argentina e Austrália são os principais produtores e exportadores de trigo. Depois de enfrentar a pior quebra de safra desde 15/16, com a menor produtividade desde 09/08, o El Niño deve impulsionar a recuperação esperada para 23/24 na Argentina. Por outro lado, a Austrália pode experimentar chuvas reduzidas, temperaturas mais altas e períodos de seca mais longos durante os eventos do El Niño, levando a menores rendimentos e qualidade das safras, de acordo com a hEDGEpoint.
As primeiras estimativas apontam que, no pior cenário, a safra australiana pode ser 20M ton menor do que a safra recorde de 39M ton vista em 22/23. Essa safra menor na Austrália, além de trazer uma pressão bastante altista para os mercados de trigo, também pode provocar mudanças relevantes no fluxo comercial global. Em resumo, o El Niño terá um impacto altista nos mercados de trigo em 2023/24, uma vez que ele pode reduzir drasticamente as safras canadense e australiana, sem contar o impacto negativo na safra de primavera da Rússia -- enquanto a melhor perspectiva para as safras de primavera dos EUA e da Argentina não será capaz de compensar essas perdas.
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