Clima na Argentina preocupa triticultor brasileiro
A possível menor produtividade na Argentina, devido ao clima, tem preocupado agentes brasileiros, segundo informações do Cepea
Nas principais áreas tritícolas do Rio Grande do Sul, o momento é de expectativa com as lavouras de trigo e atenção ao clima. Nas regiões de Ijuí e Santa Rosa, que representam juntas mais da metade da área de trigo no estado - 420 mil hectares de trigo, as primeiras lavouras que avançam para a maturação fisiológica apresentam ótimo potencial produtivo e produtores esperam iniciar a colheita nas próximas duas semanas. O bom desempenho até o momento é resultado das condições climáticas que foram favoráveis unidas a um manejo adequado, combinadas ao uso de tecnologias que safra após safra chegam com novidades em termos de genética. De olho nos resultados dessa safra e buscando novas tecnologias para as próximas, cerca de 200 pessoas, entre multiplicadores de sementes, recomendantes, indústria moageira e agricultores participaram nesta terça-feira (8) do dia de campo de trigo, na cidade de Ijuí (RS). O evento promovido pela Biotrigo Genética, foi organizado em um circuito composto por seis temáticas que envolveram novas tecnologias e boas práticas de manejo
Na abertura do dia de campo, o gerente comercial para a América Latina (Latam) da Biotrigo Genética, Fernando Michel Wagner, fez um resgate da safra atual no país dando enfoque especial a do Rio Grande do Sul, destacando a importância deste momento onde já se definem algumas das estratégias para a próxima safra e da importância da troca de informações direto no campo. “Visualizar no campo a performance das cultivares já disponíveis para o mercado e os potenciais lançamentos é fundamental para melhoria da eficiência produtiva, tendo em vista as várias realidades que encontramos no campo. Cada cultivar pode atender a demanda que é distinta entre os agricultores”, disse.
Iniciando as estações tecnológicas, o supervisor comercial da Biotrigo para a região, Everton Garcia, apresentou uma das novidades para a safra 2020. Segundo Everton, a cultivar TBIO Ponteiro, atende a uma demanda importante entre os agricultores: um trigo médio-tardio para abrir a semeadura e ideal para combinar com trigos mais precoces. “O TBIO Ponteiro tem potencial de rendimento similar ao TBIO Sinuelo e ainda com destaque ao superior perfil sanitário, sendo altamente resistente ao Oídio e pela tolerância ao Alumínio tóxico que em anos de estiagem oferece maior resistência à seca. São características que promovem uma maior estabilidade produtiva”, explicou o agrônomo.
Na sequência as palestras abordaram outros lançamentos para a safra 2020: TBIO Astro (superprecoce) e TBIO Capricho CL (médio-tardio). André Cunha Rosa, melhorista e diretor da Biotrigo destacou os diferenciais da cultivar TBIO Astro. “O maior destaque desse trigo é a Força de Glúten (W), com valores médios de W 550 10ˉ⁴J, tendo grande destaque na qualidade mesmo nas regiões frias. Possui ainda alta resistência às doenças de espiga, ótima reação especialmente à Giberela, ao acamamento e à germinação na espiga. Entrega excelente manutenção de PH e ainda traz na sua genética a capacidade de entregar uma proteína mais alta. É o nosso recordista no ranking da Biotrigo”, comentou.
A nova tecnologia para controle de plantas daninhas, TBIO Capricho CL, foi apresentada pelo melhorista da Biotrigo, Francisco Gnocato. A cultivar é a primeira do Brasil com a tecnologia Clearfield CL - já utilizada em países produtores de trigo, como Canadá e Austrália e, no Brasil, na cultura do arroz. Segundo Francisco, o diferencial dessa cultivar, derivada de TBIO Sinuelo, foi a introdução da tolerância aos herbicidas do grupo das imidazolinonas, mais precisamente ao ingrediente ativo imazamoxi (Raptor 70DG®). “É uma tecnologia criada em conjunto com a Basf, promissora para o manejo de plantas daninhas resistentes como o azevém, aveia e nabo, o que ajuda, por exemplo, no controle de biótipos de azevém resistentes ao glifosato, aos inibidores da ACCase (graminicidas) e aos inibidores da ALS”, explicou.
O doutor em fitotecnia e professor na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Giliardi Dalazen, explicou que a tecnologia é eficiente quando introduzida num cronograma de rotação de cultivares na propriedade. “Recomendamos que o produtor utilize o trigo Clearfield em no máximo 1/3 da área cultivada com trigo a cada ano, sem repeti-la na mesma área no ano seguinte. Assim, se dificultará a seleção de biótipos de plantas daninhas resistentes ao herbicida utilizado, prolongando a vida útil da tecnologia”, complementou Giliardi. A cultivar TBIO Capricho CL, que será comercializada já na próxima safra para a multiplicação de sementes, é resultado do programa de melhoramento genético da Biotrigo em parceria com a empresa alemã.
Giovani Facco, gerente de experimentação da Biotrigo, palestrou sobre a interação solo, planta e ambiente e a importância dos formatos adequados para absorção e utilização dos nutrientes durante todo o ciclo da cultura. “Para que possamos extrair ao máximo do potencial de cada cultura, trazido pela genética, devemos conhecer o que cada planta consome e fazer o aporte destes nutrientes, assim como a ciclagem e incorporação dos mesmos via palha e culturas de cobertura”, disse.
Como em toda safra, na fase de florescimento da planta, é importante que técnicos e agricultores estejam atentos às boas práticas de manejo para reduzir os impactos da Giberela. Na estação fitopatologia, Paulo Kuhnem, fitopatologista da Biotrigo, explicou que a doença é muito dependente das condições climáticas, especialmente nos anos úmidos (El niño). “Nessa fase é extremamente importante monitorar as condições do clima, pois a chuva aumenta as chances de os esporos infectarem com sucesso as anteras. Como o fungo pode sobreviver em restos culturais e possui uma ampla gama de hospedeiros, seu manejo com práticas culturais é pouco eficiente. O uso de cultivares moderamente resistentes associado à aplicação de fungicida específico no florescimento tem tido os melhores resultados para o manejo de redução da micotoxina DON, proveniente desta doença”, explicou.
Tomas Cargnelutti, consultor técnico em tecnologia de aplicação da Astec Agro, comentou que o momento da aplicação é um importante fator no controle. “É preciso ficar atento as condições climáticas no período de florescimento do trigo, especificamente com o período de molhamento das anteras, local onde ocorre a infecção. A tecnologia de aplicação - volume de calda, pontas adequadas, tamanho de gota - devem ser utilizadas de maneira adequada especialmente quando há previsão de chuva durante o florescimento”, complementou.
Tiago de Pauli, supervisor comercial da Biotrigo, apresentou a linha de trigos especiais voltadas para nutrição de gado de leite e corte - Linha Energix (Energix 201 e Energix 202) e Lenox (trigo para pastejo). Para o mercado de panificação, foram apresentadas as cultivares TBIO Noble e TBIO Aton e, para biscoito, TBIO Alpaca.
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