Depois da uva, agora é a vez da maçã no semi-árido

19.02.2009 | 20:59 (UTC -3)

Depois da uva, dos vinhos tropicais, o semi-árido começa a dar os primeiros passos para a produção comercial em seus campos irrigados fruteiras típicas de clima frio e de alto valor agregado: pêra e maçã.

Estudos experimentais em execução no centro de pesquisa da Embrapa em Petrolina-PE começam a superar limitações ambientais como a exigência dessas culturas por altitudes elevadas (1000 m) e cerca de 300-350 horas de frio com temperaturas em torno de 70 C na fase de brotação.

No único ambiente de clima tropical semiárido em todo o planeta, o sertão nordestino, as safras de uva chegam a ser de 2,5 vezes no ano. No submédio do Vale do São Francisco onde estão implantados cerca de 12 mil hectares, onde, em 2007, foram colhidas mais de 95% das uvas exportadas pelo Brasil.

A região se destaca também por alterar o roteiro da vitivinicultura mundial e quebrar resistências dos segmentos mais tradicionais do setor em âmbito mundial, principalmente pela localização geográfica entre os paralelos 80 e 90 de Latitude Sul. As zonas vinícolas tradicionais no mundo estão situadas entre os paralelos 30 e 450 de Latitude Norte (Estados Unidos, França, Espanha, Itália, Alemanha e Portugal) - e os paralelos 29 e 450 de Latitude Sul (Brasil-RS, Chile, Argentina, África do Sul e Austrália).

O engenheiro agrônomo Paulo Roberto Coelho Lopes, pesquisador da Embrapa SemiÁrido, acredita que pereiras e macieiras podem ser tornar frutas importantes para o negócio agrícola do país. Segundo ele, os bons resultados dos testes conduzidos em área experimental devem direcionar os estudos para avaliar o desempenho das variedades nas condições das empresas exportadoras e das propriedades de agricultores.

Tanto a pêra quanto a maçã são frutas com grande potencial de mercado, afirma Paulo Roberto. Dentre as frutas de clima temperado, a pêra é a terceira mais consumida e mais importada pelo Brasil. A produção nacional responde por menos de 10% do total consumido no país. As áreas cultivadas estão concentradas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo e as colheitas acontecem entre os meses de fevereiro a maio. De acordo com o pesquisador a demanda atual por pêras no país pode vir a crescer e alcançar 300 mil toneladas ao ano.

O cultivo da macieira é recente no Brasil. Estabeleceu-se por meio de grandes empresas nos estados da região sul e sudeste (São Paulo) atraídas por incentivos de políticas públicas à implantação de pomares e instalação de infra-estrutura de câmaras e transportes frigoríficos, e de comercialização. No semi-árido, com as análises das avaliações de cinco variedades de maçã, o pesquisador considera como muito promissora a possibilidade de recomendar plantios comerciais da fruta dentro de mais um ano.

Os estudos com a pêra e a maçã integram o projeto “Introdução e avaliação de cultivos alternativos para as áreas irrigadas do semiárido brasileiro” que a Embrapa SemiÁrido executa junto com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODEVASF. O objetivo é viabilizar o cultivo de novas variedades de frutas nas novas áreas irrigadas que estão em fase de implantação no semi-árido.

Apenas nos estados da Bahia (Salitre e Baixio de Irecê) e Pernambuco (Pontal) deverão entrar em operação a partir de 2009 mais 30 mil ha irrigados. Em uma dimensão menor, o mesmo irá ocorrer nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Sergipe. Paulo Roberto explica que diversificar as opções de cultivo no Submédio é uma estratégia inteligente para chegar ao mercado com oferta de várias frutas em épocas diferentes do ano.

Marcelino Ribeiro

Embrapa SemiÁrido

(87) 38621711

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