Crise climática intensifica doenças em lavouras, alerta Embrapa

Estudo prevê que 46% das doenças agrícolas terão severidade intensificada até o ano de 2100

15.04.2025 | 14:56 (UTC -3)
Revista Cultivar, a partir de informações de Cristina Tordin
Trigo com brusone - foto: Flávio Martins Santana
Trigo com brusone - foto: Flávio Martins Santana

Estudo realizado pela Embrapa aponta que, até 2100, 46% das doenças agrícolas no país serão mais severas. Culturas como soja, milho, café e arroz estão entre as mais afetadas. Aumento da temperatura e alteração nos padrões de precipitação favorecerão a disseminação de patógenos.

O estudo abrange 304 patossistemas (conjunto de patógeno e planta hospedeira) e 32 culturas de grande importância econômica para o Brasil. A pesquisa revelou que, atualmente, os fungos são responsáveis por 79% das doenças agrícolas estudadas.

A previsão é que o aumento da temperatura média proporcione condições ideais para a proliferação de doenças fúngicas, como antracnose e oídio. Em algumas regiões, esse aumento pode ultrapassar 4,5°C.

Doenças transmitidas por vetores também devem se intensificar. A população de insetos como pulgões, cochonilhas, moscas-brancas e ácaros tende a crescer com o calor, tornando-se mais ativa e vivendo por mais tempo durante o ano. Esse aumento representa risco elevado para culturas como batata, banana, tomate, citros e milho, que já enfrentam problemas com essas pragas.

Mosca-branca em citros - foto: Claudio Leone
Mosca-branca em citros - foto: Claudio Leone

O aumento da temperatura também pode reduzir a eficácia dos pesticidas, exigindo mais aplicações e aumentando os custos de controle fitossanitário.

O Brasil é líder mundial no uso de biocontrole, com a maior área agrícola sob controle biológico. No entanto, especialistas alertam que é necessário avançar na adaptação desses agentes biológicos às novas condições climáticas.

O estudo também ressalta que a adaptação às mudanças climáticas não pode ser responsabilidade exclusiva dos agricultores. É necessário esforço conjunto entre o setor público, privado e científico para garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor agrícola.

A adaptação às mudanças climáticas deve incluir o fortalecimento dos sistemas fitossanitários, a diversificação de cultivos, o uso de biocontrole e o investimento em tecnologias de monitoramento e previsão de epidemias.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.3390/plants13172447

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025