Integrantes do grupo gestor da Agricultura ABC se reúnem na Capital
A mela, causada pelo fungo Thanatephorus cucumeris (anamorfo Rhizoctonia solani), é uma das principais doenças do feijão caupi na região norte. Pensando nisso, pesquisadores da Embrapa Roraima (Boa Vista, RR) iniciaram um projeto para definir o tipo e a concentração de inóculo de R. solani, os estádios do feijão caupi suscetíveis e o período de molhamento foliar mínimo para o desenvolvimento de máxima severidade da mela em casa-de-vegetação, além de indicar cultivares resistentes em ensaios realizados em condições de campo.
Conforme Kátia Nechet, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), e também da equipe, o projeto tem duração de 5 anos e já obteve alguns resultados, como o protocolo de inoculação de R. solani em condições controladas que permite obter severidade alta da mela em feijão caupi. “O uso desse protocolo é um requisito importante para padronização e confiabilidade da seleção de materiais resistentes à doença”, explica a pesquisadora.
Outro fator importante foi a recomendação das cultivares de porte prostrado, BRS-Amapá, BR03-Tracuateua, BR17-Gurguéia, BR14-Mulato e Canapuzinho, e as de porte ereto, BRS-Mazagão, Pitiúba e BR03-Bragança, para áreas com histórico de incidência da doença. Como resultado complementar desse estudo estabeleceu-se a relação de tipo de arquitetura da planta com a resistência à doença. O mecanismo de defesa das plantas de porte prostrado deve ser investigado, buscando-se a identificação de genes de resistência à mela que possam ser transferidos para plantas de porte ereto.
Kátia esclarece que o patógeno apresenta grande diversidade de sobrevivência por longo período por meio de estruturas de resistência (escleródios), alta capacidade de saprofitismo e ampla gama de hospedeiros, cultiváveis ou não, fazendo com que a mela seja uma doença de difícil controle.
Além disso, explica a pesquisadora, não há fungicidas registrados para a cultura do feijão caupi, o que torna o uso de cultivares resistentes e a rotação de cultura os métodos de controle mais viáveis.
Para a seleção de genótipos de feijão caupi resistentes à mela, os experimentos devem ser conduzidos em condições favoráveis ao desenvolvimento da doença. A seleção de genótipos de feijão caupi não é eficaz quando experimentos são conduzidos em campo, pois depende do potencial de inóculo do patógeno na área e da frequência de chuvas.
Assim, é necessário definir um protocolo de inoculação, em condições controladas, para desenvolvimento e obtenção de alta severidade da doença, padronizando as condições para a pré-seleção de genótipos de feijão-caupi.
Em áreas de plantio de feijão caupi favoráveis ao desenvolvimento da mela, será possível optar pelo uso de cultivares resistentes, diminuindo assim os riscos de perda e o custo de produção. Esta estratégia de controle é mais econômica e segura, pois está associada a eliminação do uso de fungicidas não registrados para a cultura.
Kátia Nechet/Embrapa Meio Ambiente
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