Consultor de logística sustenta que custo de transporte de grãos no Brasil é hoje 4 vezes maior do que nos EUA e na Argentina

26.08.2014 | 20:59 (UTC -3)

O custo de logística e de transporte de grãos do Brasil, que em 2003 era 2 vezes mais caro do que o dos produtores dos Estados Unidos e da Argentina, cresceu para 4 vezes em 2013. “Entre os vários efeitos colaterais dessa deficiência logística está um abortamento de plantio: na safra passada, isso representou uma perda de 4 milhões de toneladas”. A informação e a análise foi feita pelo economista e consultor Luiz Antonio Fayet durante palestra no 4º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela Anda – Associação Nacional para Difusão de Adubos, em São Paulo.

E as perspectivas de melhoria na área de infraestrutura no médio e longo prazo, segundo Fayet, não são animadoras. “Com exceção das rodovias, cujas concessões começam a avançar, na área de ferrovias e também de portos o atraso ainda é muito grande. Em função de alterações introduzidas na Lei 12.815, a chamada ‘Lei dos Portos’, nós perdemos dois anos, pois a lei não é autoaplicável e em alguns aspectos ficou pior do que a legislação anterior”, comentou o palestrante.

Para Fayet, que é consultor de logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), em função das deficiências de logística de transporte no Norte e Nordeste, continuaremos com a necessidade de embarcar 60 milhões de toneladas de soja produzidas no Centro-Oeste pelos portos dos Sudeste e do Sul do país.

Por outro lado, de acordo com o palestrante, os desafios que colocam o país como maior fornecedor de alimentos do mundo, continuam. “Nada no cenário internacional tira das mãos do produtor brasileiro as chaves da despensa de alimentos do mundo, pois considerando apenas o potencial de consumo futuro da China e da Índia seria necessária uma produção anual equivalente a dez vezes o que produz atualmente o Brasil”, observou Fayet.

Apesar do cenário crítico desenhado, o palestrante do Congresso da Anda fez, ao final de sua palestra, um apelo para que a sociedade passe a ver no agronegócio por uma ótica estratégica e que pode servir para alavancar o crescimento da economia. “Penso que o país tem de aproveitar o agro como instrumento de crescimento. O agronegócio é o ar que o Brasil respira, portanto tem de merecer uma atenção e um planejamento estratégico, que deve ser uma demanda de toda a sociedade”, finalizou Fayet.

Antes dele, falou o economista do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Marcelo Miterhof, que falou sobre o tema Desafios e Oportunidades para o Brasil: Indústria de Transformação, Investimento Público e Educação. Tanto na educação quanto em outras áreas, Miterhof destacou a necessidade do país de retomar um crescimento para que ocorra uma melhoria geral das condições de vida para toda a população. “O grande desafio brasileiro é criar condições para se conseguir, na indústria de transformação e em outros segmentos econômicos, um modelo alternativo de crescimento, como já está fazendo a cadeia da proteína animal”, ressaltou o palestrante.

Ao final das palestras do período da manhã, a Anda promoveu uma solenidade de homenagem especial ao engenheiro agrônomo e Fernando Penteado Cardoso, um dos mais admirados empresários do setor de fertilizantes. Com a solenidade, a direção da Anda pretendeu reconhecer o trabalho de um personagem que se confunde com o próprio desenvolvimento do setor no Brasil. Cardoso, que completa 100 anos de idade no mês de setembro, foi o fundador da Manah, em 1947. Entre as muitas atividades exercidas por ele, destacam-se: presidente da Anda, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo (1964), diretor e presidente do Sindicato da Indústria de Adubos do Estado de São Paulo (1954-1977), presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT (1980), membro do Conselho Diretor do Instituto Internacional para Desenvolvimento de Fertilizantes (IFDC), Muscle Shoals, EUA (1975-1990), etc. Outro ponto de destaque em sua trajetória foi a criação da Fundação Agrisus – Agricultura Sustentável, iniciativa para incentivar pesquisas e estudos sobre fertilidade dos solos.

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