Embarques de açúcar batem recorde em outubro e balança comercial do agro alcança US$ 8 bilhões
A quantidade exportada de açúcar em outubro foi recorde para toda série histórica, com 4,2 milhões de toneladas
Os sistemas de condução da videira têm como objetivo principal desenvolver e manter a estrutura de caule e de ramos lenhosos com forma e arquitetura determinadas, a fim de facilitar a poda, o manejo do dossel, a colheita e a mecanização do vinhedo.
Considerando-se que a videira é uma espécie perene, os vinhedos têm longa vida útil e o sistema de condução é implantado uma única vez e não permite ser substituído ao longo de tempo, então a escolha do sistema de condução é um fator crítico na implantação do vinhedo.
Sistemas de condução livres, baixos e sem estruturas de apoio são os mais antigos e utilizados principalmente em regiões de clima temperado, onde há necessidade de se elevar as temperaturas especialmente na fase de maturação das uvas. Nestes sistemas, as podas são realizadas na forma de vaso e em esporões, resultando na menor área foliar e produtividade. Por outro lado, os sistemas de condução altos permitem o desenvolvimento de caules e braços primários mais longos, o que favorece maior área foliar e produtividade.
A escolha do sistema de condução deve levar em consideração diferentes aspectos como: a) vigor, capacidade e produtividade esperados; b) finalidade da produção (passas, processamento de sucos ou vinhos e consumo in natura); c) formas de orientação da folhagem (vertical, horizontal e oblíqua); d) necessidade de mecanização; d) condições edafoclimáticas e e) fatores econômicos.
Não existe uma classificação universalmente aceita dos sistemas de condução, muitas variações existem entre as regiões de produção e sistemas adaptados mais modernos estão sendo desenvolvidos continuamente. Os sistemas de condução verticais ou espaldeira (Figura 1) são muito utilizados para o cultivo de videiras destinadas à elaboração de vinhos, podendo ter orientação de condução dos ramos ascendente ou descendente.
Entretanto, a evolução dos sistemas de condução ao longo do tempo teve como objetivos a melhoria do microclima, por meio do aumento da interceptação e distribuição da energia solar, e o aumento da superfície foliar exposta. A superfície foliar exposta varia em função dos componentes do sistema de condução, como densidade de plantio, altura do caule e orientação do dossel, e quando está associada à máxima interceptação da energia solar, permite captar maior quantidade de energia, aumentando a atividade fotossintética e consequentemente a produção.
A utilização de dossel dividido foi proposta para atender estes objetivos, sendo que os principais exemplos bem-sucedidos desses sistemas foram Lira (Figura 2), Geneva Double Courtain (GDC), Duplex, Combi, etc. (Poni et al., 2016). Nas últimas duas décadas, sistemas constituídos por uma estrutura móvel para aumentar a interceptação e penetração de luz dentro do dossel foram desenvolvidos, como a treliça Lys, a Lira e espaldeira modulável (Castro et al., 1995, Carbonneau, 2009).
Por outro lado, a Lira e a espaldeira caracterizam-se pela elevada densidade de ramos, o que aumenta o sombreamento, e pode afetar a fertilidade de gemas e a exposição adequada dos cachos à luz solar, o que pode comprometer a maturação e a qualidade das uvas. Para evitar estes aspectos indesejáveis, os manejos nutricional e de irrigação devem buscar o controle do crescimento vegetativo e do vigor, associado ao manejo da parte aérea, desbrota, desfolha e desponte de ramos que são necessários, especialmente em videiras mais vigorosas.
As principais diferenças entre os sistemas de condução em Lira e espaldeira é que o primeiro apresenta dois planos de vegetação, promovendo o aumento da densidade de gemas e consequentemente de ramos e de cachos, o que tende a resultar em aumentos de produtividade. Além disso, o microclima na região dos cachos é diferente, uma vez que a Lira promove maior separação de cachos e folhas, mantendo os cachos fora da sombra das folhas, melhorando o microclima, o que pode favorecer a maturação da uva.
Os sistemas horizontais, denominados de latada ou pérgola (Figura 3), e as suas variações como o sistema em T, têm as vantagens de promover a expansão máxima da superfície foliar e maior carga de gemas, a uma altura de pelo menos 2m acima do solo, o que permite o deslocamento de máquinas abaixo do sistema de condução. As camadas de frutos e de folhas são separadas, o que reduz os danos mecânicos causados nos frutos pelo atrito entre folhas e cachos. As manchas e a desidratação das bagas causadas pela exposição solar direta também são reduzidas neste sistema de condução, que pode alcançar produtividades muito elevadas, e por esses motivos são os mais recomendados para a produção de uvas de mesa.
Uma pesquisa de longa duração foi realizada no Campo Experimental de Bebedouro, da Embrapa Semiárido, em Petrolina, Pernambuco (9°08’03” S, 40°18’28” W e 370 m) durante o período de 2013 até 2017, totalizando oito safras, nas cultivares de uvas para elaboração de vinhos tintos Syrah (Figura 3A) e de vinhos brancos Chenin Blanc (Figura 3B).
O vinhedo experimental foi implantado em dois sistemas de condução, Lira e espaldeira, utilizando-se seis porta-enxertos, em espaçamento entre plantas de 3m x 1m na espaldeira (3.333 plantas por hectare) e 4,2m x 1m na Lira (2.380 plantas por hectare), com sistema de irrigação localizado por gotejamento. O solo onde foi implantado o vinhedo caracteriza-se como argissolo vermelho eutrófico abrúptico plintossólico com A moderado, com textura média e relevo plano.
Foram estudadas variáveis relacionadas ao vigor e componentes de produção. Foram obtidas as médias para três safras colhidas no primeiro semestre e cinco safras no segundo semestre de cada ano. Foram realizadas análise de variância e comparação de médias pelo teste Tukey (p < 0,05).
Os resultados obtidos demonstram que as videiras das cultivares Syrah e Chenin Blanc produziram maior número de cachos no sistema de condução em Lira (Figura 4), tanto na média das safras do primeiro semestre quanto do segundo semestre. Isto ocorre porque a Lira possui dois planos de vegetação e, portanto, uma carga de gemas mantidas após a poda que foi aproximadamente 30% maior que na espaldeira.
Como consequência do maior número de cachos, houve um aumento da produção por planta no sistema de condução em Lira em ambas as cultivares e nas médias das duas épocas de poda anuais (Figura 5). A Lira aumentou a produtividade de videiras Chenin Blanc no Vale do São Francisco com incrementos de 25% e 41% para as safras colhidas no primeiro e segundo semestres do ano, respectivamente. Na cultivar Syrah, não houve aumento de produtividade no sistema de condução em Lira, apesar do maior número de cachos e produção por planta, uma vez que na Lira, a densidade de plantas por hectare foi menor do que na espaldeira. Esta produtividade foi de aproximadamente dez toneladas por hectare na safra do primeiro semestre e de oito toneladas por hectare no segundo semestre com valores similares nos dois sistemas de condução.
O sistema de condução teve pouca influência na massa do cacho, obtendo-se cachos com 175g (média das safras do primeiro semestre) e 198g (média das safras do segundo semestre) nas videiras Chenin Blanc conduzidas em espaldeira e de 206g (média das safras do primeiro semestre) e 250g (média das safras do segundo semestre), no sistema de condução em Lira. Por sua vez, a cultivar Syrah apresentou cachos levemente mais pesados na espaldeira (144g e 164g) que em Lira (130g e 139g).
O vigor da videira foi mensurado neste trabalho pela massa dos ramos eliminados após a poda. O sistema de condução em Lira aumentou a massa dos ramos de videiras Chenin Blanc nas médias das duas safras anuais, mas na cultivar Syrah, este aumento foi observado apenas na média das safras do segundo semestre (Figura 6).
A massa de ramos é utilizada para se obter o índice de Ravaz, que é um parâmetro para se avaliar o equilíbrio entre produção e vigor. Videiras Chenin Blanc e Syrah cultivadas em Lira apresentaram-se mais equilibradas, com base no Índice de Ravaz. Smart e Robinson (1991) sugeriram uma relação de 5:1 a 10:1 como ótima para videiras de vigor moderado. No sistema de condução em Lira, a cultivar Chenin Blanc apresentou valores de 9,9 e 6,8, respectivamente, nas médias das safras do primeiro e segundo semestres do ano, encontrando-se dentro da faixa recomendada e portanto com equilíbrio adequado. Por sua vez, a cultivar Syrah também apresentou índices de Ravaz superiores na Lira em relação à espaldeira, com valores de 8 e 5,2 para as safras do primeiro e segundo semestres do ano, respectivamente. Apesar dos valores mais baixos na cultivar Syrah, ainda encontram-se na faixa recomendada acima de 5:1 de acordo com Smart e Robinson (1991). O equilíbrio entre crescimento vegetativo e reprodutivo é uma ferramenta essencial para se alcançar produções de qualidade e estáveis ao longo de várias safras, com rentabilidade econômica para os produtores.
O sistema de condução em Lira deve ser utilizado no cultivo de videiras Syrah e Chenin Blanc no Vale do São Francisco para aumentar a produtividade e promover o desenvolvimento de plantas mais equilibradas, ou com melhor relação entre produção e vigor. Entretanto, outros aspectos também devem ser observados na escolha do sistema de condução, como a sua influência na qualidade da uva e dos vinhos elaborados.
1) Maximizar a interceptação de radiação solar pelas folhas e cachos, com o objetivo de aumentar o rendimento, melhorar a qualidade dos frutos e o controle de doenças.
2) Posicionar adequadamente troncos, cordão e varas para evitar sombreamento entre as plantas.
3) Promover a exposição à radiação solar na zona de renovação, isto é, gemas basais que formarão esporões na poda seguinte para manter a fertilidade das gemas e a produtividade da videira.
1) Separação entre as regiões de frutificação e vegetativa (extremidades dos brotos).
2) Favorece a aeração e a redução da umidade no interior do vinhedo.
3) Menor custo de implantação.
4) Fileiras independentes, permitindo a ampliação gradativa do vinhedo.
5) Permite a mecanização de podas e colheitas.
Patrícia Coelho de Souza Leão, Embrapa Semiárido
A cada nova edição, a Cultivar Hortaliças e Frutas divulga uma série de conteúdos técnicos produzidos por pesquisadores renomados de todo o Brasil, que abordam as principais dificuldades e desafios encontrados no campo pelos produtores rurais. Através de pesquisas focadas no controle das principais pragas e doenças do cultivo de hortaliças e frutas, a Revista auxilia o agricultor na busca por soluções de manejo que incrementem sua rentabilidade.
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