Com alta do gás natural, Europa suspende parte da produção de fertilizantes

Para Fernando Tallarico, CEO da Aguia, com disparada do preço do insumo, valor dos alimentos deve subir no mundo todo, representando risco alimentar global

08.09.2022 | 10:13 (UTC -3)
Isabela Lobo

Segundo dados divulgados pela Fertilizers Europe, entidade que representa a maior parte dos produtores de fertilizantes do continente europeu, cerca de 70% da capacidade de produção do insumo foi suspensa em função do aumento do gás natural. Os reajustes impactam especialmente as indústrias de fertilizantes nitrogenados, já que o gás natural é utilizado pelo setor como matéria-prima e fonte de energia. A disparada nos preços é reflexo das sanções impostas à Rússia em função dos conflitos com a Ucrânia – cerca de 40% da demanda da Europa era suprida pelos russos.

Para Fernando Tallarico, CEO da Aguia Fertilizantes, a crise ultrapassa o continente europeu e pode representar um risco alimentar global. Com menos oferta de fertilizantes, os preços tendem a subir, o que impacta diretamente no valor e na disponibilidade de alimentos.

“Caso não haja investimentos na produção de fertilizantes, só nos restam duas alternativas. Ou o produtor aceita o preço do mercado e reajusta o valor dos alimentos ou diminui o uso do insumo, o que reflete diretamente na produtividade. Atualmente, a Europa tem mais condições de encarar esse reajuste, mas, e quanto aos países menos desenvolvidos? O impacto pode ser brutal”, pondera Tallarico.

Produção nacional é a melhor alternativa

De janeiro a maio deste ano, o Brasil importou mais de 14 milhões de toneladas de fertilizantes intermediários, enquanto a produção nacional foi de apenas 3,2 milhões de toneladas – o que representa menos de 20% da demanda do país, segundo dados divulgados pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) em agosto deste ano.

“É urgente e necessário olhar com ainda mais cuidado para o setor nacional de produção de fertilizantes. É preciso políticas e investimentos para desenvolver e expandir esse mercado. Temos um solo fértil e condições mais do que propícias para isso. Não podemos ser um dos maiores produtores agrícolas do mundo e o maior importador de fertilizantes. São questões que estão interligadas e o desenvolvimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de investimentos em fertilizantes nacionais”, defende o executivo da Aguia.

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