Industriais do café reúnem-se em Pernambuco para traçar metas para 2009
O CNC (Conselho Nacional do Café), entidade que representa os cafeicultores do Brasil, reconhecida pelo Governo e membro do CDPC (Conselho Deliberativo da Política do Café), cujo presidente é o Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, manifesta surpresa e insatisfação para com a estimativa da produção de café do Brasil divulgada pelo adido agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Dapartment of Agriculture — USDA), na última quarta-feira (19).
Essa contestação se deve ao fato de que o café é uma cultura que emprega enorme contingente de mão-de-obra no País, disponibilizando 8,4 milhões de postos de trabalho, em aproximadamente 390 mil propriedades, distribuídos nos mais de 1.900 municípios cafeeiros do Brasil. É sabido por todos que o setor vem, ao longo dos últimos anos, passando por sucessivas crises em sua economia, motivadas por preços de comercialização abaixo dos custos de produção. Na formação dos preços do produto, enumeramos quatro fatores primordiais: a expectativa a respeito das safras futuras; a relação entre oferta e demanda; as previsões climáticas e seus possíveis impactos; e a posição dos fundos de investimento nas bolsas de mercadorias internacionais.
Nesse contexto, fica evidente a importância de estatísticas confiáveis e os impactos destes números no mercado. O setor de produção do Brasil amargou pesados prejuízos no passado recente devido a informações tendenciosas de diversos agentes que divulgaram números de produção de café futura sem o mínimo embasamento técnico-científico. Por esta razão, o Conselho Deliberativo da Política do Café decidiu apoiar e alocar recursos do Funcafé (Fundo de Defesa da Economia Cafeeira) para que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) aprimorasse sua tecnologia e, consequentemente, ampliasse a credibilidade de suas previsões, reduzindo as especulações e os prejuízos aos produtores.
Com efeito, as projeções realizadas atualmente pela estatal são feitas com tecnologia de ponta, utilizando-se do processo de georeferenciamento, que apura a safra por meio de fotos dinâmicas feitas por satélites, e ainda com a utilização de um contingente de aproximadamente 250 técnicos, que visitam periodicamente inúmeras propriedades e as principais cooperativas de café em todos os Estados produtores do Brasil.
A estimativa divulgada pelo USDA nesta semana, de 51,1 milhões de sacas para produção de café em 2008, apresentou um aumento de 11,45% em relação ao último levantamento apurado pela Conab, divulgado em setembro de 2008, que previu a produção de café do Brasil para a safra atual em 45,850 milhões de sacas. A diferença apresentada pela projeção do USDA em relação à da CONAB, que é de 5,250 milhões de sacas, corresponde à colheita do quinto maior produtor de café do mundo.
Como a ação dos fundos de investimento nas bolsas internacionais — principalmente em Nova Iorque no que se refere ao café arábica — tem peso significante e decisivo no desempenho dos contratos futuros, a previsão do USDA certamente interferirá de modo negativo, uma vez que sugere um excedente de café no balanço entre oferta e demanda mundiais, prejudicando, uma vez mais, as cotações a serem pagas aos cafeicultores, já que a bolsa nova-iorquina serve como referencial aos preços praticados no mercado interno.
Isto posto, vimos a público solicitar que o órgão governamental norte-americano apresente a metodologia da sua apuração de safra, pois não é provável, muito menos possível, que os números expostos pela Conab estejam defasados de tal forma como sugerem os dados mostrados pelo USDA. Isso se faz necessário para que sejam evitados novos prejuízos especulativos ao setor produtivo da cafeicultura brasileira, o qual vivencia sucessivas crises em sua economia.
P1 Agência de Notícias – Ass. de Imprensa
Paulo André Colucci Kawasaki
Contato: (61) 2109-1637
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