CMN regulamenta programa de estocagem de etanol
Os economistas Paulo Rabello de Castro e Guilherme Dias emitiram entendimento com consenso sobre o cenário para a próxima safra: É preciso cautela na gestão dos custos nas propriedades rurais e capitalização do setor agropecuário para que o produtor não feche as contas no vermelho.
Os dois ministraram palestra quinta-feira (16/04) durante o lançamento do Circuito Aprosoja, evento que tem como objetivo oferecer aos sojicultores informações sobre o mercado, rentabilidade, custo de produção e gestão com o objetivo de auxiliar o produtor a planejar a próxima safra. O Circuito será realizado de 22 de abril a 07 de maio em 17 municípios que tem a soja como cultura principal.
Na palestra sobre "O Mercado e a Crise Financeira Mundial" Rabello traçou um panorama sobre a crise financeira que se originou de uma crise bancária que atingiu não só os Estados Unidos, mas a Europa e também já impactou a Ásia e todos os países com excesso de alavancagem dos ativos no mercado financeiro mundial. O doutor em economia pela Universidade de Chicago alertou que o ápice da crise deverá ocorrer em 2010. "No Brasil, para a engrenagem econômica continuar girando é necessário algumas medidas como o alinhamento das taxas de juros, a adequação dessas taxas aos riscos internacionais do país, a reforma financeira de grande impacto, outra no custo Brasil e também pequenas revoluções estruturais, como as revoluções digital e fundiária".
Paulo Rabello também vê com bons olhos o fato dos produtores rurais migrarem do sistema de pessoa física para pessoa jurídica, principalmente para que o governo brasileiro enxergue que o setor vem passando por dificuldades de saúde financeira.
O assunto, aliás, foi tema da palestra do economista e consultor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Guilherme Dias, que apresentou propostas para uma nova política agrícola do Brasil e entre elas está o Simples Rural. "A primeira condição para essa 'pejotação' (transformação dos produtores de pessoa física para jurídica) é o governo reduzir os impostos. Só depois disso será possível alcançar a transparência fiscal agrícola. Esta será uma forma de se ter acesso mais rápido e mais amplo ao mercado de capital e ao crédito bancário".
Porém, Dias reforça que a proposta está em fase de discussão e que primeiro será necessário um período de transição nas safras 2009/2010 e 2010/2011. "Em Mato Grosso, por exemplo, existe um histórico de dívidas, por isso é crucial que se faça com urgência a renegociação das dívidas rurais para quem aderir ao novo sistema de crédito rural". Em curto prazo, o consultor da CNA propõe que o frete da produção agrícola seja subsidiado. "Isso deve valer já para a safra 2009/2010".
O presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, reforçou que para o setor ser capitalizado é preciso que o governo ofereça mecanismos que gerem receita. "A mensagem é de frear os investimentos, como aquisição de máquinas ou ampliação das áreas de cultivo, principalmente neste cenário em que o que reinará é a escassez de crédito. Para agravar, o governo não fez investimentos em prol da agropecuária na mesma velocidade em que os produtores investiram em suas propriedades. Investir em infraestrutura é a grande emergência e não deve só estar na pauta do governo, mas sair de fato do papel".
Além de conferir as palestras dos economistas Paulo Rabello de Castro e Guilherme Dias, os sojicultores participaram por meio de perguntas do painel “Cenários para a próxima safra”.
Participaram do debate o governador Blairo Maggi, o diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário (Deagro/SPA), José Maria dos Anjos, o economista, Guilherme Dias, o senador Gilberto Goellner, o deputado federal Homero Pereira, o secretário de estado de Fazenda, Éder Moraes, o presidente da Famato Rui Prado e o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira.
O mediador do painel, o jornalista Olmir Cividini, abriu o painel ao perguntar por que é estratégico não aumentar a produção da soja. “O preço da oleaginosa é formado no mercado internacional e não é o momento de acenar que existe muita soja no mercado. Por exemplo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) demonstrou com os últimos dados que não é hora de fazer uma grande safra.”, defendeu o consultor da CNA, Guilherme Dias.
Já o produtor rural de Lucas de Rio Verde, Ronaldo Cesário, que também é delegado da Aprosoja/MT, quis saber sobre a possibilidade de reduzir a alíquota do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias (ICMS) sobre o óleo diesel em Mato Grosso. O governador Blairo Maggi disse que a redução da alíquota não deve sair tão cedo. “A eminência é continuar caindo o preço do petróleo, e este é um dos motivos pelo qual o estado ainda não tem condições de reduzir a alíquota do ICMS sobre o óleo diesel”.
Na oportunidade o senador Gilberto Goellner sugeriu que o óleo vegetal passe a ser usado nas frotas do estado. “Sugiro que o governo do estado incentive o consumo do óleo vegetal que está custando em média R$1,60, enquanto o óleo diesel está sendo vendido a R$ 2,10 no atacado. Usar essa nova matriz energética é vantajoso também do ponto de vista ambiental”.
Produtores ainda quiseram saber do diretor do Departamento de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário (Deagro/SPA), José Maria dos Anjos, se o subsídio ao frete é uma possibilidade real já para a próxima safra. O representante do governo federal informou que atualmente a legislação contempla apenas os programas de equalização de preços. “Hoje a Lei é clara e ela se refere apenas ao incentivo à equalização de preços. Então temos que pensar numa maneira de mexer na legislação”.
O governador Blairo Maggi e o doutor em fitopatologia José Tadashi foram homenageados no final do lançamento do 4º Circuito Aprosoja/MT, que aconteceu na quinta-feira (16.04) no auditório Antônio Ernesto de Salvo, no Edifício Senar, em Cuiabá. O evento marcou a abertura do Circuito, que será realizado de 22 de abril a 07 de maio em 17 municípios do interior do estado.
"Ganhei o Oscar da agricultura", brincou o governador ao ressaltar a importância do evento realizado pela Aprosoja/MT para subsidiar os produtores com informações que possam nortear o gerenciamento da próxima safra. "A associação tem orientado o agricultor a não aumentar a produção em função dos custos e porque a oferta maior força o preço a cair e eu tenho o mesmo entendimento sobre isso".
Maggi participou do painel "Cenários para a Próxima Safra" e assistiu às palestras proferidas pelos economistas Paulo Rabello de Castro e Guilherme Dias. "Vim para ouvir esses renomados especialistas sobre o mercado e sobre o novo modelo de crédito, pois o atual está esgotado. A oferta encolheu (de crédito) e os bancos estão mais seletivos".
Ao entregar os troféus, o presidente da Aprosoja/MT, Glauber Silveira, ressaltou que os homenageados são pessoas que fizeram e fazem ações em prol da agricultura de Mato Grosso. "O governador foi um dos percussores do associativismo no estado, ao presidir a Aprosmat, Fundação MT e a Ampa, e teve um papel fundamental quando interveio junto ao governo federal para as prorrogações das dívidas dos produtores. José Tadashi idealizou o "Vazio Sanitário", que teve Mato Grosso como o primeiro estado a adotar a prática e proibir o cultivo de plantas vivas de soja no período de 15 de junho a 15 de setembro. Além disso, Tadashi também é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Projeto Antiferrugem da Aprosoja que já está na segunda edição".
Fonte: Ascom Aprosoja -
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