Chuvas no fim de setembro e início de outubro não devem alterar resultado da safra 2010/11 no Centro-Sul

04.10.2010 | 20:59 (UTC -3)

O volume de cana-de-açúcar processado pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil na primeira quinzena de setembro atingiu 37,05 milhões de toneladas, queda de 11,93% em relação aos 42,07 milhões de toneladas registradas na quinzena anterior. Este recuo sinaliza uma retração no volume diário processado pelas usinas: 2,47 milhões de toneladas nos primeiros 15 dias de setembro, ante 2,63 milhões de toneladas na última quinzena de agosto.

 

A retração se justifica principalmente pelas chuvas que, ainda que de maneira tímida e heterogênea, retornaram ao Centro-Sul na primeira quinzena de setembro. No acumulado desde o início da safra atual, a moagem de cana-de-açúcar totalizou 417,20 milhões de toneladas, crescimento de 19,53% em relação ao mesmo período da safra anterior.

 

Apesar da volta das chuvas em setembro, a tendência de queda na produtividade da colheita na região Centro-Sul ainda permanece. Dados apurados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) indicam uma quebra agrícola de 11,1% na primeira quinzena de setembro comparando-se com o mesmo período de 2009. No acumulado desde o início da safra, a quebra atinge 3,6%.

 

De acordo com o Diretor Técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), Antonio de Padua Rodrigues, “a chuva observada em algumas regiões produtoras no mês de setembro não deverá interromper a queda na produtividade da cana no curto prazo, pois se trata de um fenômeno em que o efeito não é instantâneo”. Em contrapartida, as chuvas observadas no último mês devem aumentar o número de dias de moagem perdidos pelas unidades produtoras e reduzir a quantidade de açúcares na cana, acrescentou o executivo.

 

As previsões apontam para a permanência de chuvas na região Centro-Sul do País até o início de outubro, quando o clima seco retorna com precipitações abaixo da normalidade climatológica para a maior parte da região produtora. Caso essas previsões venham a ser confirmadas, o cenário de produção e moagem permanecerá inalterado, concluiu Rodrigues.

 

Qualidade da matéria-prima

A concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de matéria-prima atingiu 140,31 kg de ATR no acumulado desde o início desta safra, cifra 6,41% superior à observada no mesmo período da safra 2009/2010 (131,86 kg de ATR). Na primeira quinzena de setembro, a quantidade de ATR somou 161,40 kg por tonelada de cana-de-açúcar, 15,49% superior aos 139,75 kg obtidos no mesmo período da safra anterior.

 

Mix e produção de açúcar e etanol

Da quantidade total de matéria-prima processada na primeira quinzena de setembro, 46,51% destinou-se à produção de açúcar e 53,49% ao etanol. No acumulado desde abril, a proporção de cana direcionada à fabricação de açúcar alcançou 45,05%, mantendo o mix mais alcooleiro, porém ligeiramente mais açucareiro se comparado com a safra anterior.

 

Diante desse cenário, nos primeiros 15 dias de setembro a produção de açúcar somou 2,65 milhões de toneladas, crescimento de 48,35% em relação a 2009. A produção de etanol, por sua vez, cresceu 39,48% no período, alcançando 1,87 bilhão de litros.

 

No acumulado desde o início da atual safra, a produção de açúcar totalizou 25,13 milhões de toneladas. Já a produção acumulada de etanol atingiu 18,80 bilhões de litros, dos quais 13,82 bilhões de litros correspondem ao etanol hidratado e 4,98 bilhões de litros ao etanol anidro.

 

Vendas de etanol

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil somaram 1,13 bilhões de litros na primeira quinzena de setembro, queda de 10,62% comparativamente à quinzena passada. Do volume total comercializado, 296,47 milhões de litros referem-se ao etanol anidro e 836,28 milhões de litros ao etanol hidratado.

 

As vendas ao mercado externo totalizaram 81,85 milhões de litros na primeira quinzena de setembro, 48,63% inferior ao mesmo período de 2009. No acumulado da safra, esta queda atinge 44,90%. Em sentido contrário, o volume de etanol comercializado no mercado doméstico desde abril de 2010 até 15 de setembro supera aquele observado na safra anterior em 0,64%.

 

As vendas de etanol anidro para o mercado doméstico alcançaram 281,24 milhões de litros na primeira quinzena de setembro, montante 18,05% maior aquele verificado no mesmo período do ano passado. Já o volume de etanol hidratado comercializado no mercado interno nesse mesmo período totalizou 769,66 milhões de litros.

 

No acumulado desde o início da safra 2010/2011, as vendas internas de etanol anidro atingiram 3,00 bilhões de litros e as de hidratado 8,02 bilhões.

 

Exportações de açúcar

Segundo estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações de açúcar pelo Brasil atingiram um novo recorde histórico em setembro: 3,35 milhões de toneladas embarcadas, alta de 3,84% em relação ao recorde anterior registrado em agosto. No acumulado da safra 2010/2011, as exportações somam 15,46 milhões de toneladas, ante 12,67 milhões comercializadas no mesmo período de 2009.

 

Em valores, o desempenho do açúcar brasileiro também foi muito expressivo, com US$ 1,46 bilhão em divisas geradas para o País em setembro. Diante deste resultado, no comparativo setorial, os açúcares tipo refinado e bruto lideraram, respectivamente, os rankings dos principais produtos nacionais exportados pelos segmentos de bens manufaturados e semimanufaturados. De abril até setembro, a geração de divisas já atinge US$ 6,80 bilhões, superior em 63,64% ao resultado do mesmo período em 2009.

 

Os principais destinos das exportações de açúcar bruto, que responderam por 71,05% do volume embarcado em setembro, foram Irã, Argélia e China. Por sua vez, Emirados Árabes, Paquistão e Iêmen figuram como os principais importadores do açúcar tipo refinado.

 

Rosa Webster

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