Chuvas na Colômbia afetam a temporada 25/26 de café

Hedgepoint avalia que incertezas no andamento da colheita e demanda manterão preços sob pressão no curto prazo

28.05.2025 | 14:41 (UTC -3)
Milena Camargo

As chuvas continuam caindo sobre as regiões cafeeiras da Colômbia, já impactando a colheita 25/26 da safra Mitaca – temporada secundária do país. Não só o clima mais úmido vem afetando o trabalho de campo, mas seus impactos negativos já são esperados no ciclo principal do país, atualmente em desenvolvimento. Diante deste contexto, a Hedgepoint Global Markets revisou as suas estimativas de produção do arábica lavado na temporada 25/26 (12,9 milhões de sacas), para 12,4 milhões de sacas, uma pequena queda de 0,7% em relação a 24/25.

“Uma safra menor também deve limitar as exportações em 25/26. Com isso, os embarques totais podem atingir 13,1 milhões de sacas, 4,6% abaixo de 24/25, e o país também deve continuar contando com as importações para atingir os números esperados de exportação”, explica Laleska Moda, Analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.

O relatório da Hedgepoint Global Markets também destaca que na semana passada, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) também publicou seus primeiros números para a temporada 25/26. As projeções destacaram um decréscimo de 5,6% na próxima safra, para 12,5 milhões de sacas, refletindo os efeitos das fortes chuvas na fase de floração da cultura, com uma redução de 4,1% nas exportações, para 11,8 milhões de sacas.

De acordo com Laleska Moda, em relação aos números da Hedgepoint, com a queda na Colômbia, também foram revisados os dados do balanço global da companhia, que agora aponta para um déficit de 800.000 sacas em 25/26. “Apesar dessa perspectiva mais altista no médio e longo prazo, os preços futuros caíram nos últimos dias, refletindo a expectativa de melhora da oferta nos próximos meses, à medida que as colheitas no Brasil e na Indonésia ganham ritmo”, diz.

Ainda segundo a especialista, na Indonésia, a colheita da safra 25/26 está ganhando velocidade e mais café está disponível no mercado. Isso também refletiu na recente queda nos diferenciais asiáticos. “Curiosamente, a queda nos diferenciais indonésios e vietnamitas levou esses países a enviarem mais café para estoques de Robusta certificados pela ICE, que atualmente estão se recuperando. Os estoques certificados de Arábica também melhoraram em maio, com aumento do volume de origens centro-americana”, explica.

Brasil

O relatório da Hedgepoint também ressalta que o atual clima seco no Brasil é favorável para o trabalho de campo, e o ritmo de colheita deve aumentar até o final deste mês. Mais café chegará ao mercado em junho. Além disso, apesar da recente previsão de temperaturas mais baixas em algumas regiões produtoras de café, ainda não há risco de geadas no curto prazo, o que pode contribuir para uma perspectiva mais baixista.

Os dados sobre a demanda do Brasil também contribuíram para a queda do mercado na última semana. Na quinta passada (22), um novo relatório publicado pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC) apontou queda de 5,13% nas vendas do varejo de café no país entre janeiro e abril de 2025. Enquanto em 2024 foi observado uma aumento das vendas, março e abril deste ano registraram queda frente ao ano passado, provavelmente refletindo o aumento dos preços. De acordo com a ABIC, todas as categorias de café apresentaram aumento de preços, com o blend tradicional subindo 49,8% e o solúvel com alta de 85,1%. Por outro lado, 2024 foi marcado por um aumento da demanda doméstica no Brasil.

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025