Café: seminário apresenta evolução do setor nos últimos 38 anos
"O Brasil deu um grande salto na produtividade da agropecuária, nos últimos 20 anos, mas precisa, agora, qualificar sua produção", afirmou, nesta quarta-feira (19/05), o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Márcio Portocarrero.
Ele participa do Seminário Internacional sobre Marcas de Qualidade – Instrumento de Política de Valorização dos Produtos Agropecuários, que até sexta-feira (21), em São Paulo/SP.
Conforme Portocarrero, as marcas de qualidade pressupõem uma organização da produção e resultam na capacidade de alcançar mercados com marketing direcionado, garantindo mais renda e credibilidade. Os benefícios da certificação chegam, principalmente, a pequenos agricultores que, isoladamente, não conseguiriam acessar novos mercados, explica o secretário, que apresentou a uma plateia de gestores, empresários e produtores rurais de 12 países a experiência brasileira com marcas de qualidade, como indicação geográfica e denominação de origem.
"Somos um dos maiores produtores e exportadores de alimentos do mundo e precisamos mostrar que temos condições de apresentar produtos sustentáveis do ponto de vista ambiental, social e tecnológico e com diferencial de origem, como já acontece com os vinhos do Vale dos Vinhedos e da cachaça de Paraty", reforça. Portocarrero disse, ainda, que o Brasil tem muito a aprender com a larga experiência da União Europeia nesse trabalho, bem como países vizinhos, dentre eles, Argentina, Chile e México.
Ações - Hoje, o Ministério da Agricultura tem ações para incentivar a cadeia produtiva que trabalha com certificação e marcas de qualidade. Uma dessas ações é o apoio técnico e financeiro a associações e cooperativas que atuam com produtos com potencial de indicação geográfica. O governo está aplicando R$ 1,3 milhão em convênios para essa finalidade, que inclui queijos, açaí, cachaça, açafrão, café e guaraná.
Outra iniciativa é o fomento a projetos de Produção Integrada (PI) em 22 estados. O selo emitido pelo Ministério da Agricultura significa que o alimento foi produzido com menos insumos (agrotóxicos, fertilizantes etc.), com respeito ao meio ambiente, entre outros critérios que reduzem os custos de produção e melhoram a rentabilidade do agricultor. Além de frutas, que foi o trabalho pioneiro da PI, o ministério começa a apoiar projetos de flores, café, gengibre, tomate, soja, mel, uva, carne, entre outros.
Indicação geográfica é ferramenta de política agrícola, atesta gestor francês
Marcas de qualidade, como a indicação geográfica, são ferramentas importantes de política agrícola, atesta o representante do Ministério da Alimentação e Agricultura da França, Alain Berger. O técnico conta que o sistema é uma forma de preservar a atividade econômica em determinados territórios, já que a França é um país pequeno e sem condições de expandir a produção agrícola para novas áreas. Berger é um dos integrantes da delegação europeia presente no Seminário Internacional sobre Marcas de Qualidade – Instrumento de Política de Valorização de Produtos Agropecuários, realizado na capital paulista de hoje (19) a sexta-feira (21).
Conforme o representante do governo francês, há mais de 500 produtos no país com indicação geográfica ou denominação de origem. Dentre eles, o Cognac, o Champagne, os vinhos Bordeaux e Landeguedoc, o queijo roquefort e o azeite Baux Valley, marcas internacionalmente reconhecidas. Ele informa que esses produtos rendem 20 bilhões de euros ao ano e envolvem 120 mil propriedades rurais na França, 25% do total.
A indicação geográfica, explica, significa um passaporte para exportação, mas também representa a conservação de um patrimônio cultural, de tradições passadas de geração em geração. “O produto é único, carrega características naturais da região onde é produzido, como solo, clima, meio ambiente e a forma de trabalho do homem. E o consumidor está disposto a pagar por essa originalidade”, afirma Alain Berger. Segundo ele, a marca de qualidade chega a agregar 30% mais no valor de um queijo e 230%, de um vinho.
“Na França produzimos 300 milhões de garrafas de champagne em um mercado de dois bilhões de garrafas de espumantes. É um número significante”, completa.
Espanha - Para o adido agrícola da Espanha no Brasil, José Maria Gomez Nieves, as marcas de qualidade são possibilidade de ampliação da comercialização e não apenas de preço. É uma forma de proteger a utilização comercial, diversificar a produção, promover o desenvolvimento rural, aumentar o uso de recursos de uma região (biodiversidade) e conservar o patrimônio gastronômico e cultural, retrata.
“Além disso, atende a satisfação das demandas dos consumidores e é uma forma de desenvolvimento do turismo da região onde o alimento é produzido”, diz o adido. Na Espanha, o famoso jamón (presunto curado) possui seis denominações de origem, quatro delas proveniente das espécies de suínos de pata negra, o mais conhecido no mundo. Ao todo, são 162 marcas de qualidade no país mediterrâneo. Espanha e França, juntamente com Portugal e Itália e Grécia são os países com mais tradição na Europa em marcas de qualidade de produtos agropecuários.
O Seminário Internacional sobre Marcas de Qualidade é promovido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (Mapa) e pelo Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Pesca da Espanha.
Laila Muniz
Mapa
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