Cenário sucroalcooleiro: melhor rentabilidade para açúcar

23.07.2013 | 20:59 (UTC -3)
Leticia Odilon

Os números publicados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) dão conta que a moagem acumulou quase 181 milhões de toneladas de cana processada no Centro-sul. “Isso representaria um percentual de 30,94% do total estimado, se assumirmos que a safra será de 585 milhões de tonelada”, avalia Arnaldo Corrêa, gestor de riscos em commodities e diretor da Archer Consulting – empresa de assessoria em mercado de futuros, opções e derivativos agrícolas.

De acordo com ele, nas últimas cinco safras, o percentual de moagem nesse mesmo período comparativamente ao total efetivo desses anos, variou de 24,10% o mínimo (no ano passado) e 38,73% o máximo (na safra 2010/2011). “Por isso, o mercado interpretou que o Brasil tem muita cana e continuou sinalizando queda dos preços. Se projetássemos a moagem de cana total baseada na média desses cinco anos, chegaríamos a uma moagem no Centro-sul de 583 milhões de toneladas. Pelo mesmo critério, a produção de açúcar ficaria em 32 milhões de toneladas e a de etanol 25,5 bilhões de litros”, calcula Arnaldo.

A curva de preços na Bolsa de NY, combinada com o dólar mais forte e a possibilidade de travá-lo via instrumentos financeiros para os vencimentos até o final da safra, mostram uma rentabilidade maior para o açúcar e de certa forma estabelecem um teto na produção de etanol que precisaria melhorar o preço para evitar a migração de mais cana para o açúcar. “Em outras palavras, o mix de produção pode ter alcançado seu limite pró-etanol em função da perspectiva de melhor rentabilidade do açúcar ao longo da curva. Açúcares em reais para o próximo ano apresentam rentabilidade crescente sobre o custo de produção médio; algo em torno de 15 a 19%”, completa o gestor de riscos.

Segundo Arnaldo, apesar de o mercado não se importar com o superávit mundial que encolheu de nove para três milhões de toneladas e as cotações continuaram caindo, fica difícil aceitar que teremos preços a partir de 2014 no nível de 15 centavos de dólar por libra-peso. “Clima, falta de investimento, dívida crescente no setor, petróleo acima de 100 dólares o barril, devem alterar o panorama dos fundamentos do açúcar para os próximos dois anos”, comenta.

Para o produtor, esse não é o pior momento do ponto de vista da remuneração do açúcar. "Muito pelo contrário. Convencido dos fechamentos do açúcar em NY em reais pela cotação do Banco Central, os valores obtidos pelas usinas (desde que não tenha passivo em dólares) momstra boa rentabilidade em relação ao custo médio de produção", completa Arnaldo.

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