Clube da Cana realiza debates sobre o bom momento da cana no Brasil
O 2º Congresso Capixaba de Pecuária Bovina, que acontece até o dia 23 de outubro em Vitória (ES) começou quinta-feira (21) e contou com um público de mais de 300 pessoas em seu primeiro dia. As palestras que abriram o evento trataram sobre os desafios do Brasil como maior produtor de alimentos, a qualidade do leite brasileiro, os mitos e verdades sobre a carne bovina e produtos lácteos para a saúde humana, a produção desses alimentos e suas conseqüências no meio ambiente.
Alysson Paolinelli, Ex-Ministro da Agricultura e Pecuária e também produtor rural, explanou sobre os problemas enfrentados pelos produtores devido ao clima tropical do Brasil, que dificultaram o desenvolvimento da pecuária. Para alcançar a posição em que o país se encontra hoje, como maior exportador de carne bovina, foi preciso adquirir conhecimento para produzir mais, em menos tempo e em maior lotação de pastagens. “Somos detentores da melhor e mais desenvolvida tecnologia sustentável”, afirma Alysson. Apesar do Brasil estar nesta condição, os pecuaristas ainda sofrem com as perdas econômicas da atividade, que atinge cerca de 70%. “Um setor que gera US$ 70 bilhões, não pode sofrer a mesquinhez e incompetência de governos”, completa.
Em sua palestra o engenheiro agrônomo e gerente de compras de Leite Nestlé (GO), Carlos Roberto Soares abordou a importância da qualidade do leite brasileiro para a conquista do mercado internacional. O foco principal foi a necessidade do produtor de leite em adquirir conhecimentos e novas tecnologias para aumentar a produção. Devido à baixa produtividade (1.200 kg/vaca/ano), hoje o Brasil ocupa o 6º lugar entre os maiores produtores mundiais de leite fresco. Alta volatilidade de preços, problemas climáticos, demanda do comércio internacional são alguns dos problemas que acarretam a baixa produtividade. “Temos que usar a tecnologia disponível, buscar financiamento e investir na produção”, conclui. Carlos aponta que o país tem disponibilidade de terra e produção com custos competitivos, além de possuir potencial para aumentar a produção em 60 vezes mais por hectare.
Miguel Barbero Maciel, cirurgião cardíaco e consultor do Hospital das Clínicas FMUSP, mostrou que a carne é indispensável na alimentação humana como fonte de proteína, essencial para o crescimento e desenvolvimento. E que investir na qualidade da dieta, na quantidade de nutrientes e praticar exercícios físicos é fundamental para a promoção da saúde e prevenção de doenças. “Uma dieta balanceada e saudável é formada por alta ingestão de frutas e verduras, quantidades adequadas de carne, baixo teor de açúcares e gorduras”, indica Miguel. Segundo ele a carne bovina não é responsável por doenças cardiovasculares. Estas podem ser provocadas pela falta de hábitos saudáveis na alimentação e sedentarismo.
Na mesma linha de pensamento, a nutricionista da Universidade de São Paulo, Veruska Magalhães Scabin destacou que o leite é o alimento exclusivo na primeira fase da vida e contém nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento. O leite é parte importante de uma dieta balanceada e supre requerimentos de nutrientes dificilmente alcançados com outros alimentos. Veruska apresentou resultados de pesquisas sobre o consumo de leite nas diferentes fases da vida e sua relação com diversas doenças como osteoporose, obesidade, alguns tipos de câncer, alergias, doenças cardiovasculares, entre outras. “As contra-indicações não estão especificamente relacionadas ao leite, mas sim ao seu consumo em excesso”, conclui.
Bruno Lucchi, assessor técnico da Comissão Nacional do Leite da CNA, chamou a atenção para a tendência de aumento de consumo de alimentos para os próximos anos. Em 2050, a população mundial vai girar em torno de 9 bilhões de pessoas e o aumento da produção de alimentos deverá atingir cerca de 70%. Segundo Bruno, um dos desafios do setor é continuar sua expansão sobre base de melhor intensidade tecnológica gerando benefícios econômicos e ambientais. “Investir recursos públicos e privados em recuperação de pastagens e adoção de melhores tecnologias de manejo é a resposta mais eficaz para neutralizar os impactos ambientais da atividade”, finaliza. Outra questão levantada foi que o Brasil não pode aceitar que a sua pecuária seja responsabilizada pelo aquecimento global de forma negligente. É mais eficiente produzir carne aqui do que em outros países. “O Brasil precisa aproveitar o potencial de produção e a disponibilidade de terras para oferecer alimentos para o mundo, de forma mais limpa ambientalmente”, conclui.
O congresso é uma realização da Associação Capixaba dos Criadores de Nelore (ACCN) e conta com o apoio de Secretaria Estadual de Agricultura, Incaper- Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, Instituto de Defesa Agropecuária Florestal (IDAF), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Espírito Santo (FAES), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ANB), Conselho Regional de Medicina Veterinária e Zootecnia do Espírito Santo, Universidade Vila Velha (UVV), Centro Universitário do Espírito Santo (UNESC), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). O evento tem como patrocinador o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo S/A – Bandes, e as empresas Chocolates Garoto, Fertilizantes Heringer, Nelore Heringer, Matsuda Sementes e Nutrição Animal, Unicafé, Premix, Fazendas Ecológicas, Clac Importação e Exportação, Agropecuária Canal, Laticínios Selita, Grupo Águia Branca, Laticínios Fiore e Apoio Agrícola e Sementes Oeste Paulista - SOESP.
Sandra Lima
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