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Canivete e burdizzo, adotados na castração cirúrgica de bovinos, fazem parte do passado em algumas fazendas de Mato Grosso, entre elas a Teles Pires, em Nova Canaã do Norte (MT). As complicações decorrentes desse procedimento como miíases, bicheiras, infecções e até morte dos animais também deixaram de ser a principal preocupação dos pecuaristas desta e de outras propriedades que adotaram a vacina Bopriva. Lançada no Brasil em maio de 2011 pela Pfizer Saúde Animal, Bopriva permite a castração imunológica temporária de bovinos e tem sido adotada por pecuaristas e frigoríficos brasileiros para melhorar a qualidade da carcaça e controlar o comportamento do rebanho, reduzindo a sodomia.
“A castração cirúrgica era parte da nossa rotina. Agora, com os excelentes resultados obtidos pelo uso de Bopriva, só realizamos a castração imunológica”, ressalta Olmiro Claudiano Teixeira Cavalheiro, veterinário da fazenda Teles Pires. Com 12 mil machos no rebanho, a propriedade trabalha com cria, recria e engorda de Nelores e animais com cruzamento industrial.
A primeira experiência da fazenda Teles Pires com Bopriva foi com 201 machos, no sistema de terminação de semiconfinamento comendo 5 kg de ração ao dia e com pastejo em Brizantha. Divididos em lotes de 35 bois em piquetes de 18 alqueires, os animais receberam as duas doses da vacina, sendo a primeira em 2 de fevereiro de 2012. A primeira dose de Bopriva atua sensibilizando o sistema imunológico do bovino para que comece a produzir o efeito desejado – ou seja, a imunocastração – após a segunda dose.
Na comparação com animais castrados cirurgicamente na mesma propriedade, os bovinos imunocastrados foram abatidos em torno de 60 dias antes – o que representa ganho econômico em manejo e nutrição. “Os resultados superaram as nossas expectativas, pois acabaram os prejuízos da castração convencional. Nos lotes de animais castrados com Bopriva, temos um abate mais precoce e um acabamento de gordura uniforme”, acrescenta Cavalheiro.
O estudo Impacto da castração cirúrgica no ganho de peso e estado clínico de bovinos de corte, recentemente publicado, revela os impactos negativos que a castração tradicional pode trazer aos pecuaristas que adotam este procedimento. Foram avaliados 500 bovinos castrados de quatro fazendas – três em Minas Gerais e uma em Goiás – no período entre março e maio de 2010. O trabalho mostrou que a miíase ou bicheira (causada pela infestação de larvas e moscas em feridas) foi a complicação mais observada, com aproximadamente 15% dos registros, enquanto a morte foi o maior prejuízo, com taxa de mortalidade média de 0,4%.
Os frigoríficos também têm se mostrado otimistas com a castração imunológica. A JBS, maior empresa em processamento de proteína animal do mundo, já tem entre seus fornecedores pecuaristas que utilizam a vacina. “Apoiamos a difusão de tecnologias inovadoras como a imunocastração, que podem beneficiar tanto ao pecuarista quanto à qualidade da carne brasileira. Pelos resultados que acompanhamos até agora com Bopriva, vemos que o uso correto dessa tecnologia pode aumentar a produtividade no campo e auxiliar na produção de uma carcaça de qualidade, que certamente agradará também nossos consumidores”, afirma Eduardo Pedroso, diretor de Relacionamento com Pecuarista da JBS.
“É importante ressaltar que Bopriva não tem nenhuma atividade hormonal ou química. É uma vacina que estimula o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotropinas (GnRF)”, esclarece Fernanda Hoe, gerente de produto da unidade de negócios Bovinos da Pfizer Saúde Animal. Desta forma, Bopriva bloqueia a liberação de dois hormônios e, como consequência, suprime temporariamente a função testicular e a produção de testosterona em bovinos machos. Nas fêmeas, a função ovariana também é inibida temporariamente com o uso da vacina, reduzindo o comportamento de cio.
Outro diferencial do produto é a preservação do bem-estar animal, acompanhando a tendência de mercados que se preocupam cada vez mais com essa questão. “O Reino Unido, por exemplo, já baniu de suas propriedades rurais a castração sem anestésico”, aponta Fernanda.
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