Bioeconomia registra US$ 162,6 bilhões em exportações em 2022

Valor corresponde 45,8% das exportações do Brasil; setor primário é o com maior contribuição

14.06.2023 | 13:49 (UTC -3)
Luana Magalhaes

O conjunto de atividades que representam a Bioeconomia brasileira registrou US$ 162,6 bilhões em exportações no ano passado. Esse valor é muito superior ao total das importações US$ 37,9 bilhões, gerando um saldo comercial positivo de US$ 124,7 bilhões, um crescimento de 49,4% frente ao saldo de comércio registrado ao final de 2021 (US$ 83,4 bilhões). Esse crescimento foi a maior variação observada em toda série histórica, com início em 1997. Os dados são do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Diante desse cenário, o estudo também revela que as exportações da Bioeconomia representaram, em 2022, 45,8% das exportações do Brasil, com US$ 162,6 bilhões em um total exportado de US$ 335 bilhões e 13,8% das importações (US$ 37,9 bilhões em um total importado de US$ 272,7 bilhões), resultando em um saldo comercial de US$ 124,7 bilhões, valor muito superior ao saldo de comércio da economia como um todo, que foi de US$ 62,3bilhões.

De acordo com um dos coordenadores do estudo o professor André Diz, os resultados representam todo o crescimento e força da Bioeconomia no país. Parte relativa do crescimento da balança comercial da Bioeconomia decorre de fatores estruturais, como a forte competitividade brasileira nas atividades componentes do setor primário (agricultura e pecuária) e insumos da bioindústria (indústria de alimentos e outros setores com insumos de origem vegetal), bem como de fatores relacionados à conjuntura internacional, como a elevação dos preços das commodities em resposta ao conflito Rússia – Ucrânia, entre outros.

Setores

Entre os componentes da Bioeconomia, o setor Primário (composto por 34 atividades (705 produtos) relacionadas à produção agropecuária, que são, por definição, setores com 100% de viés biológico, registrou um saldo positivo no comércio internacional da ordem de US$ 69,4 bilhões; seguido pela Bioindústria (59 atividades, 1.802 produtos, da indústria de base 100% biológica como abate de carnes, refino de açúcar, produção de papel e celulose e biocombustíveis) US$ 63,9 bilhões; e pela Indústria com viés Biológico (51 atividades, 1.683 produtos de origem industrial, onde apenas uma parte da produção conta com origem em insumos de biomassa e biológicos como calçados e artefatos de couro) que teve retração de US$ -8,7 bilhões.

Gráfico 1
Gráfico 1
Gráfico 2
Gráfico 2

Esse crescimento de 49,4% no saldo comercial entre 2021 e 2022 refletiu as significativas taxas de crescimento dos setores de Primários (38,6%) e Bioindústria (37,8%), ao passo que a Indústria com viés biológico apresentou uma queda de 33,2% no déficit comercial, que passou de - US$ 13,1 bilhões em 2021 para - US$ 8,7 bilhões em 2022. Portanto, para esse último grupamento, o resultado foi 33,2% melhor do que o observado em 2021, mesmo permanecendo, em valor absoluto, no campo negativo.

Crescimento anual do saldo da balança comercial para Bioeconomia e seus componentes: 2012 a 2022 (%)
Crescimento anual do saldo da balança comercial para Bioeconomia e seus componentes: 2012 a 2022 (%)

O estudo constatou ainda que o desempenho do setor Primário em 2021 ante 2022 foi o melhor resultado desde 2012, representando 55,6% (US$ 69,4 bilhões) do superávit obtido (US$ 124,8 bilhões), ou seja, foi o setor com maior contribuição em termos de crescimento absoluto do valor, uma vez que esse grupamento de atividades econômicas foi responsável por 46,9% (alta de US$ 19,3 bilhões) do crescimento do saldo (aumento de US$ 41,3 bilhões) em bases anuais. Em outas palavras, para cada US$ 1 milhão do saldo da balança comercial, US$ 469 mil tiveram origem no setor Primário.

Tabela
Tabela

Já a Bioindústria, cujo saldo em 2021 para 2022 foi equivalente 51,3%% do saldo total da Bioeconomia (US$ 64 bilhões do saldo total de US$ 124,8), foi responsável por 42,6% do crescimento desse superávit (gerando US$ 17,6 bilhões dos US$ 41,3 bilhões de crescimento em valores absolutos na passagem de 2021 para 2022 da balança comercial da Bioeconomia), sendo responsável por US$ 426 mil de cada US$ 1 milhão obtido no saldo da balança comercial.

Por último, a Indústria com viés biológico foi responsável por 10,6% do crescimento do superávit (via redução do déficit), uma vez que esse setor registrou contração do déficit de -US$ 13,1 bilhões em 2021 para –US$ 8,7 bilhões em 2022, uma participação de -7,0%.

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