Associativismo é destaque no encontro de comercialização de café

28.04.2010 | 20:59 (UTC -3)

Encontro promovido pelo Sebrae/PR e ACENPP abordou as novas formas de comercialização do café e reuniu produtores da bebida do norte pioneiro.

No último dia 23, o Sebrae/PR e a Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP) promoveram, em Santo Antônio da Platina, o primeiro Encontro de Comercialização de Café do Norte Pioneiro do Paraná. O evento reuniu lideranças do setor, representantes de entidades de apoio à cafeicultura e produtores rurais.

Os palestrantes convidados repassaram informações aos produtores de café da região sobre como melhorar as condições de comercialização e agregar valor ao produto. Um ponto bastante enfatizado por eles foi a importância do associativismo para os produtores elevarem sua competitividade e como as certificações ajudam a acessar mercados.

O consultor do Sebrae/PR em Jacarezinho e gestor do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná, Odemir Capello, comentou, durante a abertura do Encontro de Comercialização que a realização do evento atendeu uma necessidade dos cafeicultores da região. “Notamos que os produtores carecem de informações sobre as novas formas de comercialização. O objetivo desse Encontro foi dar condições para que os cafeicultores tomem decisões acertadas e consigam melhores ganhos nas transações de venda”, destacou o consultor.

A pró-atividade dos cafeicultores em promover a melhoria de suas lavouras e produção foi um tema bastante debatido pelo presidente da ACENPP, Luiz Fernando de Andrade Leite que conduziu a palestra “ACENPP – comercializando seu café”.

Após apresentar um breve histórico das atividades da Associação e mostrar alguns resultados alcançados, Andrade Leite deu dicas sobre como se manter na atividade da cafeicultura. Na opinião dele, a produção de café de qualidade, se possível do tipo cereja descascado, a busca por assistência técnica, participação em concursos de qualidade do café, associativismo, bom manejo da lavoura, efetuar boa colheita e secagem, padronização dos grãos e conhecimento sobre a qualidade da bebida produzida são essenciais para que um produtor de café se mantenha no mercado.

Mercado futuro

Gustavo Moretti, diretor da Empresa Interagrícola S.A. (Eisa), explicou, durante o Encontro de Comercialização, que a utilização dos mercados futuros e de opções é um importante mecanismo de administração de risco para os participantes do mercado cafeeiro que precisam planejar, com segurança, a comercialização e o financiamento do produto.

O diretor da Eisa aconselhou os produtores rurais a investirem na compra de despolpadores para produção de café lavado, que está sendo muito demandado pelo mercado. “É um investimento que vai se pagar e vai sobrar dinheiro no bolso. O mercado oferece hoje um prêmio de R$ 50,00 para cada saca de café lavado”, afirmou Moretti.

Algumas previsões de mercado, ensinou Gustavo Moretti, fazem com que seja possível fixar um preço futuro para o produto, garantindo bons ganhos.

As modalidades de contratos futuro disponíveis são: a fixar, a termo, físico, via CPR - Cédula de Produto Rural, operacionalizada pelo Banco do Brasil, e barter, que é a troca de grão de café por defensivos agrícolas, adubos e outros produtos.

“Para se fazer um contrato futuro é importante que o produtor saiba o preço de seu produto, avaliando seus custos de produção. O contrato futuro permite que o cafeicultor tome uma decisão antecipada, beneficiando-se da volatilidade do mercado e minimizando os riscos. Então, a decisão de venda passa a ser estratégica e não por necessidade”, destacou Gustavo Moretti.

Trocas

Daniel Andrade Vieira, da BASF, iniciou sua apresentação comentando sobre os principais problemas da lavoura do café e mostrou as soluções que a empresa detém para combater as doenças e pragas da lavoura que reduzem a produtividade e a vida útil das plantas.

Segundo ele, a vantagem de uma operação de troca física é a possibilidade de adquirir agroquímicos e efetuar o pagamento por meio de produto que pode ser café ou outro com maior preço. Nessa modalidade, esclareceu, a quantidade de sacas previamente negociada é fixa e não há influência direta do dólar ou do valor do café na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F). A elevação do preço do café durante o período de pagamento pode ser um desvantagem na operação de troca física.

Na troca financeira de café, o valor da saca de café é fixo e é determinado pela BM&F. Nessa modalidade, explanou Daniel Vieira, não é preciso fazer a entrega física de café. O benefício é a possibilidade de efetuar o pagamento a qualquer momento, porém a opção exige bom conhecimento do mercado financeiro e acompanhamento constante. “A grande vantagem de se utilizar a ferramenta das trocas é proteger-se de prejuízos quando o preço do café cai”, apontou.

Certificações

O engenheiro agrônomo, produtor de café e consultor da UTZ Certified no Brasil, Eduardo Sampaio, entende que o jeito de comercializar o café é tão importante quanto à produção do grão. Eduardo Sampaio conduziu, durante o primeiro Encontro de Comercialização de Café do Norte Pioneiro do Paraná, palestra intitulada “Certificações – agregando valor e alavancando a produção”.

Para o consultor, a obtenção de certificações permite elevar a remuneração do cafeicultor, melhorar a organização da propriedade e evitar desperdícios. Depois de comentar sobre algumas mudanças estruturais do agronegócio e desenvolvimento sustentável, Eduardo Sampaio, abordou rapidamente cada uma das fases da cafeicultura que são: produção, processamento e comercialização e mostrou algumas planilhas de rastreabilidade utilizadas pelos cafeicultores certificados pela UTZ.

“Numa economia estável, se produzirmos a R$ 180 e R$ 220 e vendermos a R$ 290 ou R$ 300. Isso é um bom negócio”, motivou o produtor.

No Brasil há cerca de 200 propriedades certificadas pela UTZ. O volume de sacas de café certificadas pelo órgão no mundo chega a 1,8 milhão. O programa UTZ Certified assegura a produção e o fornecimento de café responsável para mercados competitivos. Responde a duas questões importantes para a cadeia global de café: Qual é a origem do café? Como foi produzido?

“A UTZ , um código de gestão com 11 capítulos, possibilita que o produtor vire um profissional de venda capaz de cobrir seus custos e equilibrar a produção em aspectos sociais, ambientais e econômicos. O novo código da UTZ força muito a análise dos pontos críticos de controle, para a melhoria contínua e redução de custos”, frisou Eduardo Sampaio.

Investimento

William Gomm, engenheiro-agrônomo e representante da Syngenta, propôs aos participantes do Encontro, efetuar os cálculos do retorno dos investimentos em defensivos agrícolas. Analisando o cenário 2010 para o mercado do café, o palestrante explicou como o comportamento do mercado influencia na aquisição de defensivos e como isso pode comprometer a rentabilidade do cafeicultor. “O peso do defensivo agrícola pode chegar ao máximo de 10% do custo total de produção da lavoura de café. Em 2009, os defensivos representaram 7% do custo de produção. Para 2010, a previsão é que esse percentual represente 5%”, assinalou o representante da Syngenta.

Um gráfico, exibido por William Gomm, mostrou a redução de investimento em defensivos entre 2003 e 2009. Na opinião do agrônomo, o uso de agroquímicos deve ser orientado por uma assistência técnica. “Assim, os produtores otimizam recursos e evitam que pragas como ferrugem e bicho mineiro atinjam suas lavouras. O aumento da produtividade e da qualidade do café demanda um investimento mínimo em defensivos”, afirmou.

Muito Mais Café

Idealizado para atender as necessidades específicas das principais zonas cafeeiras do Brasil, o Programa Muito Mais Café, da Bayer Crop Science, visa proteger as lavouras contra a ferrugem e o bicho mineiro. Durante o evento de comercialização, André Angonese, representante comercial da Bayer Crop Science, detalhou o Programa.

“O Muito Mais Café é um conceito de prevenção que estimula a aplicação de três produtos da Bayer: Baysiston,; Sphere e Temik. Recomendamos uma aplicação complementar de Sphere para aumentar a proteção da planta contra a ferrugem e de Temik nas regiões de presença do bicho mineiro”, orientou Angonese.

4C Coffee Association

O Código Comum para Comunidade Cafeeira, conhecido pela sigla 4C, é uma associação internacional que visa excluir práticas inaceitáveis na cafeicultura e incentivar as boas práticas agrícolas. O 4C é um sistema de verificação que atende a critérios mínimos voltados à sustentabilidade das propriedades nas dimensões social, ambiental e econômica. Um de seus objetivos é garantir a oferta e o atendimento da demanda por produtos produzidos de forma responsável.

Representante do 4C no Brasil, o engenheiro agrônomo Luis Flávio Nascimento de Andrade, compareceu ao primeiro Encontro de Comercialização de Café do Norte Pioneiro do Paraná e abordou, entre outros assuntos, os resultados alcançados nos dois primeiros anos de atuação do 4C no Brasil.

Luis Andrade comentou sobre o aumento considerável nas vendas de cafés que cumprem os parâmetros da 4C e sinalizou que a demanda deve aumentar ainda mais neste e no próximo ano. “As vendas do café 4C subiram de 194 mil sacas, em 2008, para cerca de 492 mil sacas em 2009. O número de associados compradores finais da Associação 4C passou de 10 para 23. Neste ano, a associação prevê aumento de pelo menos 50% nas vendas”, relatou.

O representante do 4C no Brasil, também falou da nova estratégia da Associação, que contempla ações até 2015, e da nova identidade visual adotada. Além da atualização da identidade, a 4C revisou sua visão, declaração de missão, estatuto e regimento interno. Outra novidade, contou Luis Andrade, é que a 4C tornou-se membro pleno do ISEAL Alliance.

Atualmente, a associação conta com 133 membros entre produtores, comércio & indústria e sociedade civil. Os principais pilares do Código são o programa de conduta, o regulamento de participação aos membros da indústria e comércio, os serviços de apoio aos cafeicultores, os mecanismos de apoio, o sistema de verificação e a participação democrática.

O Primeiro Encontro de Comercialização de Café do Norte Pioneiro do Paraná teve o patrocínio da Bayer CropScience, Syngenta e Basf, e o apoio da Interagrícola, Empório Café da Casa, Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), 4C Association e UTZ Certified. O evento é mais uma ação do Programa Cafés Especiais do Norte do Paraná, uma articulação do Sebrae/PR e outros parceiros que visa, entre outros objetivos, proporcionar melhores condições de produção e negociação dos grãos.

Cleide de Paula

Assessora de Imprensa Sebrae/PR - Regional Norte

(43) 3344-5567

Compartilhar

Newsletter Cultivar

Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura

acessar grupo whatsapp
Agritechnica 2025