Assentamentos em Sergipe querem ser pólo de alimentos biofortificados

01.12.2010 | 21:59 (UTC -3)

José Alves dos Santos Filho vive em Carira, a 160km de Aracaju (SE), e preside a Associação dos Pequenos Produtores do Assentamento Edmilson Oliveira. Emocionado e sob aplausos recebeu o Prêmio de Boas Práticas de Transferência de Tecnologia, concedido pelo Governo de Sergipe, em função da influência que a Associação exerce na região no que tange a busca e a adoção de tecnologias ligadas às culturas do milho, feijão, abóbora e algodão. Mesmo com todas as restrições de solo e água, nos últimos cinco anos, a Associação tem sido um modelo de desenvolvimento no agreste sergipano. Nesta terça-feira (30), produtores e pesquisadores da Embrapa estiveram reunidos na casa de José para discutir o próximo desafio: transformar a região num pólo de alimentos biofortificados.

 

O grupo de José já teve algum contato com as culturas desenvolvidas pela Embrapa como os feijões das cultivares Pontal e Agreste que apresentam maiores teores de ferro e zinco. Mas agora querem ampliar esta experiência testando a Xiquexique, um feijão-caupi rico em ferro e zinco, e novas cultivares de mandioca e abóbora com maiores teores de vitamina A. Minerais e vitaminas são essenciais para garantir uma dieta nutricional de melhor qualidade, especialmente, para crianças, gestantes e lactantes.

 

“Aqui a gente está sempre plantando uma semente. Se for boa, repassamos para outros assentados e acampados porque cada dia é dia para aprender e ensinar”, pontuou José. Para o novo desafio, produtores de quatro assentamentos (Rosely Nunes, São Cristóvão, Jacinto Ferreira e Edmilson Oliveira), que representam mais de 100 famílias, contarão com parceiros da assistência técnica local, pesquisadores e técnicos da Embrapa Tabuleiros Costeiros e uma equipe multidisciplinar do Centro Comunitário de Formação Agropecuária Dom José (CFAD), entidade ligada ao Movimento dos Sem Terra (MST).

 

Os cultivos serão instalados a partir de 2011 e serão avaliados sob dois aspectos: 1) agronômico: manejo, produtividade e potencial de mercado; 2) receptividade: aceitação por parte das crianças na escola rural e a percepção das mulheres no preparo destes alimentos para as refeições da família. Esses dados darão subsídios para o aprimoramento das pesquisas e os processos de transferências de tecnologia.

 

“Buscamos alimentos mais nutritivos, mas é imprescindível que eles sejam bem aceitos no dia-a-dia das famílias e na merenda escolar”, frisou a pesquisadora Marília Nutti, líder do projeto BioFORT e pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Um dos principais objetivos dos projetos de biofortificação é combater má nutrição pela oferta de alimentos de melhor qualidade que já fazem parte da cultura de cada população. A estratégia passa pela associação dos conhecimentos da agronomia e da nutrição.

 

Soraya Pereira

Embrapa Agroindústria de Alimentos

(21) 3622-9739

soraya@ctaa.embrapa.br

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