Agrale investe US$12,5 milhões para produzir tratores na Argentina
Diversos são os questionamentos a cerca do agronegócio brasileiro, principalmente no que diz respeito a seu crescimento sustentável, aos desafios de aumento de produtividade, mas principalmente noto que a maior preocupação por parte dos órgãos públicos, empresas comercializadoras da produção de grãos e especialistas, se dá em relação à infraestrutura logística brasileira, aos seus altos custos, e poucas alternativas de escoamento da produção central.
São tantas as discussões a cerca deste tema, mas penso que não é apenas um problema governamental, a melhoria da infraestrutura ou das alternativas de viabilidade logística devem ser discutidos e trabalhados de forma conjunta entre os principais elos da cadeia, governo, empresas comercializadoras, fornecedores de insumos e produtores também.
E para que isto tenha efeito, as discussões devem começar na ponta das atividades, as alternativas logísticas, os mecanismos de redução de custos, precisam ter início nas transações entre as misturadoras e as produtoras de matéria prima para os fertilizantes e defensivos agrícolas.
Sem dúvida, um dos pontos passíveis de discussão mais difíceis para os avanços na queda dos custos de produção do agronegócio brasileiro, uma vez que as produtoras de matéria prima, também podem ser misturadoras ou ainda, se tratar de grandes comercializadoras do agronegócio que vão comercializar o produto fruto das atividades agropecuárias, comprando do produtor e exportando ou vendendo no mercado interno para os beneficiadores finais.
Mas para que possamos alcançar a eficiência estratégica ao final da cadeia, precisamos da colaboração de todos os participantes da cadeia, partindo então das misturadoras destes produtos químicos que vão gerar os fertilizantes.
Tomemos como exemplo, uma empresa X, que compra estes produtos, mas que também faz a aquisição dos serviços de logística que são aquisições pontuais, apenas para suprir as necessidades da empresa, do ponto de vista operacional, tanto para atender sua demanda de matérias primas, quanto para escoar sua produção até os demais elos da cadeia, Revendas, Receptoras de Produto ou diretamente para o Produtor Rural.
Esta empresa, certamente possui um custo total de produção alto, pois não busca alternativas estratégicas para o escoamento da sua produção ou para a aquisição das matérias primas, e como consequência disto repassará ao mercado este alto custo, elevando o preço dos produtos finais, por consequência, isso encarecerá o custo de produção do agricultor e como em um efeito cascata refletirá até chegar ao destino que é o consumidor final.
Entretanto, analisamos a mesma empresa por uma ótica diferente, a empresa possui um departamento de compras focado na gestão estratégica e efetiva na redução dos custos de produção, de modo que busque alternativas, crie oportunidades e foque na diminuição dos custos de produção, e por conta disto, trabalha com diversas alternativas logísticas, quando possível se utiliza de estratégias logísticas de roterização das cargas, onde a empresa busca minimizar os custos logísticos coletando o máximo possível de produtos durante o trajeto do caminhão, passando por mais de um fornecedor na mesma rota , quando possível agrega cargas, usa a tecnologia da informação como ferramenta de trabalho, desenvolvendo mecanismos de rastreabilidade dos veículos, faz contratos de longa duração com os parceiros logísticos, estuda a viabilidade de implementar mais de um modal logístico, combinando modais rodoviários e ferroviários, hídricos e até aéreos, quando necessário, além de atuar também no desenvolvimento estratégico e profissional dos seus compradores, lhes permitindo aumentar o leque de conhecimento sobre o setor, sobre as ferramentas possíveis de negociação, contribuindo para uma provável redução nos custos de produção, que poderá ocasionar na redução do preço de venda do seu produto, permitindo que os custos de produção da agricultura fiquem menores, impulsionando o mercado a reduzir os preços até o consumidor final, que muitas vezes, elevará os volumes consumidos dos produtos, permitindo um efeito cascata em demanda, onde provavelmente haverá um aumento nas vendas destes produtos finais, os produtores por sua vez, enxergando potencialidade de aumento de produção, certamente o farão, elevando sua demanda pelos fertilizantes, logo toda a cadeia tem a ganhar, apenas com a pequena alteração no modo como gere suas compras feita pela empresa produtora de fertilizantes.
Obviamente, ao longo do tempo, encontrar-se-á diversas barreiras para que isto seja colocado em prática, por isso, que menciono no inicio deste material, a necessidade de uma atividade em conjunto de todos os grandes participantes do setor, pois muitas vezes, a empresa detentora da produção de matéria prima para os fertilizantes pode se ver na necessidade de diminuir suas margens para que possa aumentar as vendas ao final da cadeia, como temos um potencial de crescimento elevado, é algo extremamente plausível do ponto de vista econômico, aonde a elevação na demanda se faz capaz de garantir o aumento nos lucros.
Entretanto, novamente volto a citar a importância de uma atividade estratégica no departamento de compras que contribuirá diretamente para o sucesso da corporação como um todo, além do mais, o departamento de compras, área subordinada à diretoria de Supply Chain, está ligado à gestão logística da empresa, um atrelado ao outro de modo estratégico, faz com que os custos caiam, contribuem para o resultado da empresa e para o sucesso do produto no mercado, é apenas o elo inicial da cadeia.
Posteriormente falarei sobre como os produtores podem ser beneficiados por um departamento de compras estratégico, por olharem com uma maior percepção de modo que consigam desenvolver alternativas as matérias primas atuais, e como isso pode reduzir o custo de produção final, elevando suas margens, atualmente tão apertadas.
Divulgação
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