Artigo: Na aviação agrícola, há uma dicotomia entre o custo possível e o desejado pelo mercado

02.10.2009 | 20:59 (UTC -3)

Tenho há vários anos me dedicado a fomentar um maior uso da Tecnologia Aeroagrícola no Paraná especialmente, e procurado entender o "porquê" da dificuldade de fazermos com que esse mercado cresça.

Algumas dúvidas relativas a este complexo processo mercadológico já me foram dissipadas, como, por exemplo, a questão que envolve a QUALIDADE DAS OPERAÇÕES, muito reclamada pelos agricultores e por agrônomos.

Neste caso em particular, a solução está diretamente ligada à contratação de Operadores sérios, comprometidos com a oferta de bons serviços. E isso existe no mercado de maneira relativamente abundante, ou seja: a maioria das Empresas de Aviação nos dias de hoje estão preocupadas com esta questão.

Por outro lado, o agricultor e os seus técnicos, querem contratar um bom serviço com o menor custo possível... e aí a coisa começa a complicar.

Digo isso porque é neste momento que se confundem os bons Operadores com os medíocres... com aqueles que vendem uma coisa e praticam outra. E isso, naturalmente, é fruto do preço que muitas vezes está aviltado, exigido pelo contratante.

O fato é que de maneira geral os custos pagos pela contratação de uma aplicação aérea, que no Paraná giram em torno de R$ 25,00 a R$ 28,00/hectare, são razoáveis e mais barato do que o amassamento, e outros danos não aparente, causados pelo equipamento terrestre. Mas, ainda assim, encontramos resistência no campo na contratação dos serviços Aeroagrícolas, algo pouco compreensível, visto pelo lado econômico.

Em conversas com agrônomos e agricultores da região de Guarapuava e de Ponta Grossa, observamos o quanto ainda é desconhecida a Tecnologia Aérea... as dúvidas existentes a respeito desta ferramenta são muitas, e por isso, provavelmente, o pouco interesse em fazer uso da mesma.

E esta falta aparente de interesse vai além desta região. De maneira geral, em todos os pontos do Estado (que diga-se de passagem: é o celeiro do País), a conversa é mais ou menos a mesma.

O contraponto disso tudo dentro da atividade aérea são as muitas exigências da Autoridade Aeronáutica, a ANAC, e do Ministério da Agricultura, dentre outros Órgãos fiscalizadores, que continuamente exigem da aviação agrícola o cumprimento de uma enormidade de Leis e Regulamentos, em detrimento do que é praticado em relação ao operador terrestre. E é claro que isso compromete a capacidade competitiva do setor; pois, eleva os custos da hora voada.

De qualquer maneira, com o advento das aplicações fúngicas na cultura do Milho, observa-se um horizonte promissor para a atividade Aeroagrícola, que pode ser muito bem aproveitado pelo agricultor na medida em que ambos, compreendam de maneira adequada o seu papel dentro da cadeia produtiva. É uma parceria importante e necessária para todos os envolvidos!

Jeferson Luís Rezende

Foi Piloto Agrícola e Instrutor de Vôo. É especialista em agronegócios e membro pesquisador do NATA-PR

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