Preços: queda de 0,96% na terceira quadrissemana de outubro
Há várias semanas, vivemos sobressaltados, diante da verdadeira gangorra em que se transformaram os mercados mundiais. Neste momento, não há setor ou país que possa se considerar imune à crise financeira internacional. No tocante à agricultura, pouco depois de anunciada a maior colheita de grãos da história – 143,8 milhões de toneladas – as atenções se voltam para o plantio da safra 2008/2009.
Em termos práticos, a maior dificuldade no momento está na compra de insumos, especialmente fertilizantes, cujos preços são atrelados ao dólar, o que causa impactos relevantes sobre os custos dos produtores. Para completar o cenário de incertezas, as restrições à liberação de crédito suscitam dúvidas quanto ao desempenho da próxima colheita. No caso específico dos exportadores, há ainda a natural retração dos mercados consumidores internacionais.
Atento a este quadro, o Governo federal já anunciou várias medidas para garantir a próxima safra. No total, representarão injeção de quase R$ 15 bilhões em recursos na agricultura. É importante ainda que seja garantido o aporte de R$ 13 bilhões em crédito, previstos no último Plano Safra para a agricultura familiar, anunciado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. Deste total, 10% devem vir para Minas Gerais, aproximadamente R$ 1,3 bilhão.
Resta aos produtores e a todos que se ocupam da atividade agropecuária seguir produzindo, na expectativa de que as medidas tomadas para amenizar os efeitos da maior crise mundial em décadas tenham bom resultado.
Se o momento é de indefinições, de uma coisa tenho certeza: os agricultores mineiros estão cada vez mais bem preparados, com maior acesso a informações e tecnologia para conduzir de forma sustentável seus negócios.
Afinal, não foi à toa que o crédito oficial para a agricultura familiar cresceu mais de 500% desde 2002. Os recursos para a assistência técnica e extensão rural foram ampliados em mais de 1.200% no mesmo período. O investimento deve sempre vir acompanhado de conhecimento, para o desenvolvimento da agricultura, que contemple não apenas o aumento da produção, em termos numéricos, mas principalmente a sustentação das populações rurais em condições dignas.
Destaco alguns números para situar melhor o leitor dos grandes centros urbanos a respeito da importância da agricultura familiar: é este segmento que garante 70% dos alimentos da cesta básica consumidos no Brasil, sendo 67% do feijão, 56% do leite, 89% da mandioca e 70% da carne de frango.
Com certeza, vai haver redução no consumo mundial, porém, principalmente de produtos supérfluos e menos de alimentos. Por isso, esta é uma oportunidade para o Brasil, que tem muitas vantagens competitivas na agricultura, em relação a outros países.
É tempo agora de agregar valor aos produtos agrícolas, por meio de investimento na qualidade. Também é preciso que os produtores avancem na profissionalização da atividade, na gestão do negócio, com otimização do uso de insumos para o controle de pragas e doenças e redução de perdas na colheita.
José Silva
Engenheiro agrônomo, presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer).
Contatos: (31) 3349 8093 / www.asbraer.org.br
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